Compensações II – a descida ao Inferno Vitalis
Mandam as regras absurdas do futebol que de 10 em 10 anos aconteça a ressurreição de um “histórico” do futebol português e a sua consequente ascensão ao convívio dos grandes. Também é dos livros que qualquer clube que desça da divisão principal tenha, nas 5/7 épocas imediatas, de andar do meio da tabela para cima. Caso isto não aconteça, é certo que os encontraremos fatalmente a cair para divisões inferiores até se transformarem em lenda (Famalicão, Barreirense, União de Coimbra, etc.).
O sentido dessa decida aos infernos é uma oportunidade única para os clubes reflectirem sobre o que andam a fazer no futebol.
É um exercício de virtudes. É aqui que o papel de um dirigente é decisivo e que a gestão de longo prazo faz sentido, porque se pode preparar o clube, os sócios e as estruturas do clube em função de um objectivo a atingir em 5/6 anos, o que é simples para os clubes que já estão há algumas épocas neste escalão.
Pior é a situação de quem desce e tem de viver esta nova realidade com os “pecados” adquiridos no escalão superior. Depois de terem convivido com os “grandes” (leia-se três clubes) e andarem na “alta roda” do futebol nacional, terem gasto recursos que não têm e que são inadequados, na maior parte dos casos, à dimensão da sua cidade, vila, aldeia, servindo-se de apoios de origem duvidosa e sacos coloridos, muitas vezes dinamitando o que estes clubes tinham de melhor - as escolas de futebol e os escalões jovens - que acabam prejudicados pelo sonho de falsa grandeza, feita a promoção de duas ou três pessoas da terra a capa de jornal durante seis meses, o que sobra é uma ressaca imensa e um rol de dívidas. E uma ambição desmedida de no ano seguinte estar no escalão maior outra vez, que é o pior que lhes pode acontecer, pois tornam-se uma espécie de mortos-vivos que nunca mais pára de descer (vejam-se o Farense e o Chaves).
Esta oportunidade de pensar que papel um clube de menor dimensão deve ter é essencial para a sua sobrevivência.
Melhor seria que as entidades que tutelam a actividade assumissem que, em Portugal, não há espaço para mais de 40/50 clubes profissionais e ficar estabelecido que a Liga principal teria 8 clubes a 4 voltas e a Secundária 12 clubes em tres grupos (norte,centro e sul). E para profissionais, chega!
Assim, e seguindo a lógica do futebol actual - dinheiro - a subida, este ano, ao escalão principal tem duas escolhas claras: Leixões e Guimarães. Porque? Têm estádios cheios, pertencem a um eixo urbano considerável, têm história e tradição no futebol português e já sabem que se não tiverem juízo, para o ano estão na Vitalis outra vez.
Há mais duas hipóteses que são o Santa Clara e o Rio Ave. O primeiro serviria para preencher quotas políticas e o segundo seria uma chatice porque é um clube com personalidade própria e carisma, coisa que os grandes do futebol às vezes não gostam.
Olivais e Moscavide não creio que suba já este ano e o Estoril, melhor não porque ainda é muito recente a memória da sua pantomina com o Benfica.
Sobra o Feirense que é um clube com um trabalho muito sólido e progressivo e que tem possibilidades de subir este ano. Espero que não para que não o deitem a perder.
Vinhas
O sentido dessa decida aos infernos é uma oportunidade única para os clubes reflectirem sobre o que andam a fazer no futebol.
É um exercício de virtudes. É aqui que o papel de um dirigente é decisivo e que a gestão de longo prazo faz sentido, porque se pode preparar o clube, os sócios e as estruturas do clube em função de um objectivo a atingir em 5/6 anos, o que é simples para os clubes que já estão há algumas épocas neste escalão.
Pior é a situação de quem desce e tem de viver esta nova realidade com os “pecados” adquiridos no escalão superior. Depois de terem convivido com os “grandes” (leia-se três clubes) e andarem na “alta roda” do futebol nacional, terem gasto recursos que não têm e que são inadequados, na maior parte dos casos, à dimensão da sua cidade, vila, aldeia, servindo-se de apoios de origem duvidosa e sacos coloridos, muitas vezes dinamitando o que estes clubes tinham de melhor - as escolas de futebol e os escalões jovens - que acabam prejudicados pelo sonho de falsa grandeza, feita a promoção de duas ou três pessoas da terra a capa de jornal durante seis meses, o que sobra é uma ressaca imensa e um rol de dívidas. E uma ambição desmedida de no ano seguinte estar no escalão maior outra vez, que é o pior que lhes pode acontecer, pois tornam-se uma espécie de mortos-vivos que nunca mais pára de descer (vejam-se o Farense e o Chaves).
Esta oportunidade de pensar que papel um clube de menor dimensão deve ter é essencial para a sua sobrevivência.
Melhor seria que as entidades que tutelam a actividade assumissem que, em Portugal, não há espaço para mais de 40/50 clubes profissionais e ficar estabelecido que a Liga principal teria 8 clubes a 4 voltas e a Secundária 12 clubes em tres grupos (norte,centro e sul). E para profissionais, chega!
Assim, e seguindo a lógica do futebol actual - dinheiro - a subida, este ano, ao escalão principal tem duas escolhas claras: Leixões e Guimarães. Porque? Têm estádios cheios, pertencem a um eixo urbano considerável, têm história e tradição no futebol português e já sabem que se não tiverem juízo, para o ano estão na Vitalis outra vez.
Há mais duas hipóteses que são o Santa Clara e o Rio Ave. O primeiro serviria para preencher quotas políticas e o segundo seria uma chatice porque é um clube com personalidade própria e carisma, coisa que os grandes do futebol às vezes não gostam.
Olivais e Moscavide não creio que suba já este ano e o Estoril, melhor não porque ainda é muito recente a memória da sua pantomina com o Benfica.
Sobra o Feirense que é um clube com um trabalho muito sólido e progressivo e que tem possibilidades de subir este ano. Espero que não para que não o deitem a perder.
Vinhas
7 Comments:
O quê?...
Sabemos que o teu forte não é o futebol...
É mais bolos...
Embora com uma ou duas hesitações (parece-me que 20 clubes nos dois principais escalões é muito pouco), estou plenamente de acordo com o Vinhas. De facto, muito do bom trabalho que poderia ser aproveitado nos clubes pequenos é deitado a perder com erros que visam apenas uma "diminuição de mediocridade". Compram-se brasileiros de 4.ª categoria para conseguir uma subida de escalão, em detrimento de miúdos trabalhdos e construídos de base, nos quais se investiu dinheiro e tempo. Os clubes pequenos deveriam ter como grande ambição criar boas escolas que formassem bons jogadores, até porque as novas leis de transferências muito beneficiam os clubes formadores, ao contrário do que acontecia há uns anos atrás. Mas ainda pior do que esta realidade dos clubes que lá vão acima para depois caírem a pique e sem remédio é a realidade virtual das equipas que têm "reinados" pontuais e absolutamente efémeros naas 3.ª e 2.ª divisão B e que durante esses períodos chegam a destruir anos e anos de trabalho por causa de uma mísera época num escalão mais acima: segue-se a inevitável queda, a debanda dos melhores atletas, o desalento dos novos formandos e as bancados e os peões despidos de público. Acreditem, já vi disto na minha terra: é desolador assistir a um clube que, depois de uma época na 2.ª B, regressa à 3.ª. Só faltam os rolos de feno a vaguear com o vento e um piano fantasma num saloon abandonado: tudo o resto é típico de uma cidade deserta no velho oeste dos cowboys dos filmes americanos.
Falou bem o Vinhas e falou bem o Guitarras.
O Olivais e Moscavide não vai subir, infelizmente. Queria que subisse o Leixões e o Olivais, e que subisse qualquer um menos o Guimarães, Rio Ave e Gil Vicente.
O que é isso do Olivais e Moscavide? Não é aquele clube que serve para rodar jogadores?
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