Benfica x Porto - a crónica da menina dos póneis
Ultimamente, tenho andado calado. Normalmente, isto acontece quando não tenho nada para dizer ou então quando não tenho vontade de escrever ou ainda quando me interrompem o fornecimento de electricidade por falta de pagamento. Parecendo que não, a electricidade desempenha um papel importante aqui na internet. Sem luz, a internet não era ninguém.
Por falar em luz, vou começar pelo jogo do fim-de-semana, que tanto agitado as multidões dos dois lados da contenda. E um dos lados anda armado em tixa. Isto, só para começar. Mas, antes de mais, vamos ao que verdadeiramente importa no futebol: droga e violência. À falta de droga, foquemo-nos na violência. Sabem os meus iletrados leitores que sou pessoa de diplomacias e essas tretas de me dar bem com os outros e blá blá blá e não sei quê. É verdade. Quem não acredita, pergunte à costureira que para aqui escreve e ao seu lacaio que por vezes lhe redige as missivas. Eles são do folcuporto mas também são gente, caramba. Eu respeito-os. Eu respeito, de um modo geral e politicamente correcto, todos aqueles que gostam de bola porque a bola é um desporto giro. Ou porque os estádios são sítios únicos de união e harmonia entre desconhecidos que partilham sensações, tal como era o Trumps aqui há uns anos, por exemplo. Só que em maior e com mais claridade. Os estádios, claro. As pessoas que vibram com a sua equipa e que com ela sofrem por causa das derrotas - sim, os tixas também são gente - merecem o meu apreço. Porque eu sou como vocês, embora um pouco mais talentoso e menos modesto. Gosto de ir ao estádio, de chamar boi ao árbitro, de gritar golo, de dizer asneiras a pontos de deixar aquela secção do 3.º anel incomodada, de ficar nervoso, irritado, eufórico, feliz, graças ao meu clube - essa doença que me acompanha desde que me lembro, desde que ver o Maradona fazer aquelas coisas aos adversários me despertou uma imensa paixão por este desporto. O Maradona nunca jogou no Benfica, é um facto, e não sei em que ponto estas duas coisas se relacionam. O que acontece, muito sucintamente, é mais ou menos isto: o Maradona fez-me gostar de bola ------> fiquei do Benfica. O processo de apaixonamento tem, por vezes, um desempenho estranho. Mas o que importa aqui é destacar que os apaixonados pelo futebol existem em todos os clubes - embora não se compreenda, em certos casos, como é possível, enfim... Da mesma forma, e era aqui que eu queria chegar, também existem para todos os gostos e de todos os clubes gente que não faz ideia do que é o futebol, enquanto desporto e enquanto fenómeno social que faz vibrar multidões. Gente para quem "vibrar com o futebol" significa estar na zona onde rebenta um petardo, por exemplo. Gente para quem "ficar emocionado" com o belo jogo significa sair do estádio em lágrimas de raiva porque não conseguiu chegar ao nariz do polícia como desejava. O episódio de domingo, com gentalha dos super dragões, foi "mais um" exemplo da tal gente que se espalha por tudo quanto é lado. Infelizmente, a atribuição de responsabilidades tem parecido uma discussão de crianças com toda a gente a falar e ninguém a dizer nada que preste. Pois, agora falo eu:
1. este tipo de conduta tem de ser sempre, invariavelmente e sem recurso a justificação ou desculpa, severamente condenado por todas as entidades, independentemente de se tratar do clube a que a claque é afecta ou não;
2. no caso em questão, a não condenação dos actos por parte do Porto é ainda mais grave, sendo a relação entre a claque e a direcção clube de extrema proximidade (sim, quem são os capangas que põem treinadores e jogadores na ordem?);
3. a organização do jogo, a cargo do Benfica, teve uma ideia infeliz e não calculou todos os riscos ao colocar as bestas no 3.º anel;
4. Benfica e PSP não conjugaram esforços de forma a que as regras de segurança fossem devidamente cumpridas;
5. a PSP não fica isenta de culpas, mais que não seja, pelo exposto no ponto anterior;
6. as entidades não podem ser responsabilizadas pelo comportamento animalesco dos cidadãos desordeiros; porém, devem zelar pelo bem-estar e segurança dos cidadãos que sabem comportar-se;
7. impõem-se castigos e medidas preventivas para um futuro próximo: abra-se inquérito para apurar a responsabilidade da PSP (e empresas de segurança) e, no mínimo, que se punam os dois clubes envolvidos, para que se dê o exemplo (a multa é anedótica - 2000 euros para uns e 1500 euros para outros? Há cartões vermelhos com multas mais pesadas);
8. digam o que disserem os defensores das claques, não vejo um único ponto positivo na existência destes colectivos que apenas promovem a violência nos estádios e os ódios entre clubes; ainda neste ponto, os clubes deveriam ser DEFINITIVAMENTE PROIBIDOS de apoiar ou, de qualquer forma, dar benesses às claques organizadas.
Do que tenho lido pela Imprensa e pela blogosfera, as opiniões dividem-se entre dois lados, de uma maneira um bocado básica: ou a culpa é dos energúmenos assassinos dos super dragões ou então a culpa é do Benfica que os pôs lá em cima. Em última análise, a culpa é de quem prevarica. Agora, na realidade, o clube tem responsabilidades por ter sido incauto. Parece-me simples. Não sejamos fundamentalistas nem tão pouco gananciosos, há culpa que chegue para toda a gente.
Agora, o que me tem chocado têm sido as críticas acéfalas ou a caminho disso acerca do jogo, no seu todo. Para além do atirar das culpas ao Benfica neste caso dos morteiros e dos mísseis e não sei quê lá do 3.º anel, há ainda quem defenda a teoria da roubalheira no jogo. Sim, estão a ler bem: há quem tenha o descaramento de vir defender que o Proença fez o resultado. "Que intimidou", diz o Jesualdo. Uma coisa é certa, se o fez, fê-lo bem feito: o Jesualdo encolheu-se todo para o segundo tempo - mas isso não viram os azulados. Mas há quem afirme estas coisas com tal desplante que fica a parecer que a vitória do folcuporto não só seria justa como seria mais que óbvia. Pois, meus amigos, lamento desapontá-los mas isso está errado. Não sou eu que o digo - é o special one, himself. Confirme quem quiser: "o empate é justo; a vitória do Porto seria mais injusta; a vitória do Benfica seria mais natural". Os dois melhores em campo foram o central e o guarda-redes tripeiros - tripeiros mesmo, nascidos e criados na Invicta. Parecendo que não, isso é capaz de querer dizer alguma coisa.
Quanto aos demais - leia-se "aos do sportém", que também merecem umas palavrinhas - gostei de ver a felicidade com que festejaram a vitória frente ao poderoso conjunto aveirense. Felizmente o Beira-Mar não fez alinhar o Buba.
Ia dizer que as contas se fazem no fim e essas tretas todas, mas não quero saber disso para nada. Segundo o meu tarot, o sportém vai acabar com menos pontos de vantagem sobre o quarto do que de desvantagem para o segundo. Agora, este segundo, com muita infelicidade minha... será o Benfica.
12 Comments:
E já está isto bloqueado outra vez. Irra!
Sobre o post: ias tão bem até chegar ao Sporting. A culpa é destes, é daqueles. Interdite-se o estádio de um e do outro. Vão todos jogar para o Algarve, que é, como se sabe, a casa do Estoril Praia. E até concordo que é lastimável que, do Dragão, não tenha saído uma palavrinha de crítica sobre o comportamento dos SD, uma que fosse. Nem que a seguir dissessem que a culpa é toda do Benfica. Mesmo que não seja, é uma acusação que cai sempre bem.
Mas a tua previsão sobre o final do campeonato vai sair furada.
Parece que me enganei. Afinal, não há moderação.
Eu vejo letras a negro e começo logo a gritar: Fascismo, nunca mais, e essas coisas.
A culpa é da minha mãe que, em vez de me levar para estádios de futebol, me arrastou para plenários de sindicatos.
Porto - Académica, golo de Postiga.
Para quem tem memória curta, muito curtinha... assim, tipo do tamanho do unico neurónio que vive nessa cabeça.
Vai comprar 250gr de pudor ao supermercado.
Esses baralhos com meninas desnudas a mostrar seios grandes e voluptuosos não é tarot, homem. Mas pronto, continua lá a brincar com as cartas...
:)
Ao menos podias ter ficado calado, mas não...
Férenc, seu huno, este baralho foi-me dado pela Maya. Para quem não se lembra, aqui há uns anos atrás, a Maya lançou as cartas e, em directo para a TSF, a rir-se perdidamente, disse "ah ah ah... isto deu que o Sportém é que vais ser campeão...". E assim aconteceu, 18 anos depois de o ter conseguido pela última vez.
:D
Veremos. Uma coisa é certa: depois de amanhã não vou poder gozar com nenhum de vós. Portanto, usem e abusem, as minhas costas são largas. Mas acautelem-se, não vá o diabo tecê-las...
Pessoalmente, tenho por hábito nunca levar a sério pessoas que acabam a fazer programas na televisão com o Cláudio Ramos. Enfim, coisas dos meus pais...
Digam o que quiserem, o certo é que a Maya previu o que nem o mais sportinguista conseguiria prever. Para mim, este baralho é sagrado! Emprestei-o à Helena um par de vezes, e viu-se no que deu: o primeiro troféu Dianabolcaos tem inscrito em letras de ouro o seu nome.
:O
Que mentira!
Toc, toc, toc. Está cá alguém?
Menina Helena, quando quiser, pode levar as faixas que encomendou. Estão prontas.
Aquela defesa do Benfica parece os irmãos Marx, mais o pai e a mãe Marx. Mas estúpidos...
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