Monday, May 11, 2009

O meu Benfica

Como benfiquista que se preze, o Diego é óptimo – diria mesmo excelente – a dizer mal do próprio clube, a apontar o dedo às feridas, aos defeitos, aos podres, às desilusões, às figurinhas, às repetições dos erros, às incapacidades, à mediocridade e à impotência que, desde cerca de 1994 ou 95, vêm caracterizando este clube, em tempos Glorioso.
Ao longo desta época, o Diego tem-se mantido calado, observando, tirando notas, fazendo um intenso e discreto levantamento dos acontecimentos e, com muito esforço, tentando chegar a uma conclusão lógica, racional e sobretudo útil a quem nela quiser apoiar-se de modo a fazer o bem, a recuperar as forças e a reorganizar convenientemente – e à medida da actualidade – este clube, outrora Grande.
Findo o campeonato, e tendo como grande objectivo até ao final da temporada segurar um precioso, honrado, digno e mui honesto 3.º lugar, o Diego decide que é tempo de largar a sua laracha, inspirando-se em 29 anos a olhar os 11 marretas... enfim: 15 anos a olhar os 11 senhores; 14 anos a olhar os 11 marretas, pronto... desde lá de cima do terceiro anel.

O Neo-Benfica

É do domínio do público, em geral, e dos benfiquistas, em particular, que antes de Artur Jorge o grupo de jogadores que existiam ao serviço do Benfica era, por norma, digno de representar o clube; e que, depois de Artur Jorge, raramente de entre as centenas que compunham, todos os anos, o plantel encarnado se encontrava um nome que conseguisse preencher os requisitos mínimos para alinhar na primeira divisão nacional – não fora, durante uns tempos, o respeito institucional que o nome “Benfica” e os equipamentos vermelhos impunham e, estou seguro, as ruas da amargura teriam sido ainda mais profundas. Sim, fossem aquelas camisolas tricolores, como as do Estrela, e teríamos tido a oportunidade de ser campeões ao mesmo tempo que o Porto – eles na primeira, nós na segunda divisão.
Mas não é em Artur Jorge que a desgraça começa. Digamos que a tragédia tem origem no dia em que, habituados os benfiquistas ao destacado palanque de “maior clube português de todos os tempos e para toda a eternidade” surgiu, lá no Norte, um presidente, algures entre o visionário Alberto João Jardim e o homem honrado e de princípios que sempre foi Jesus Gil y Gil. Não estávamos prontos para tanto. Até então, a única coisa semelhante a “rivalidade”, cá na nação, era uma equipa às riscas que, de quatro em quatro anos, teimava em impedir-nos de chegar ao tetra-campeonato – coisa que os portistas repetiram, com insuportável facilidade, ontem, pela segunda vez na sua história. Fernando Martins, que “never saw it coming”, dirigia o clube e erigia a versão final (ainda que apenas provisoriamente definitiva) da Velha Catedral – aqui, “velha” lê-se com aquele significado pesado e notável que as grandes coisas velhas às vezes têm. Aquela tinha. Martins fechou o terceiro anel, mas não construiu muralhas em redor da sala de troféus. Com um país ainda à procura de um rumo, a redefinir as suas conexões políticas, as suas malhas de influências e, pelo meio, a pôr de pé uma nova e potente forma de poder – o autárquico -, o Benfica, opulentamente campeão incontestável e por decreto, deixou-se dormir e ultrapassar. Era o início de uma nova era e os benfiquistas continuavam a acreditar que, com a união do povo e a bênção de um deus benfiquistas, seríamos campeões 3 vezes em cada 4 anos, daqui até 2500, pelo menos. Teria de haver um presidente que, com visão de futuro, construísse um novo estádio só para albergar taças e medalhas.
E, lá por cima, começava a ser fabricada uma nova (velha, diga-se... no sentido que “velha” pode ter quando já é sobejamente conhecida) forma de ganhar. Chegou João Santos à Luz. E ainda ninguém dera pelo sucedido. Isso lá do Porto era só uma fase, como aquela da década de 30 em que ganharam alguns 4 campeonatos. Isso de serem campeões europeus foi puramente acidental. Isso de terem dois ou três craques de nível mundial não passou de sorte na ida ao mercado. Isso de nos levarem a melhor, consecutiva e, por vezes, pesadamente, nas Antas acontece aqpenas porque contra o Benfica todos os pequenos se agigantam...
Foram tempos de ilusões. Mas João Santos passou pelo pequeno purgatório com palmarés digno, fruto de uma herança recheada de bons jogadores, de uma tradição de vitórias ainda fresca, da facilidade que existia em chamar ao Benfica tanto os melhores treinadores da Europa como os maiores craques do Brasil, de Portugal e da Suécia. Foram anos de ilusões e também facilidades. Mas passaram depressa.
Chegou Jorge de Brito e, de entre os 6 ou 14 ou 120 ou lá quantos milhões nós somos, que eu nunca contei essa gente toda, alguns, porventura menos dotados de benfiquismo ou, talvez, com maior consciência das realidades, começaram a ter maus feelings – havia qualquer coisa que lhes dizia que... enfim, admitamo-lo... estávamos “mais fracos”. Houve quem questionasse: mais fracos?! E os outros reformulavam “menos fortes, pronto”. Admitamo-lo: por esta altura, estávamos frágeis. Débeis. À beira do precipício no Neo-Benfica. Mas continuávamos alegres – olhávamos para o nosso rival, para o verdadeiro, o das riquinhas esquisitas, o que não nos deixava ser tetra, e esse, o tal rival, não ganhava havia uma porrada de anos. Acabariam por ser 18, no total, e isso muito alegrou o espírito “verdadeiramente benfiquista”. Distraídos com o infame destino do rival, nem se deu por ela: o Porto ganhou mais campeonatos nesses anos do que em toda a sua história; apanhou o Sporting no número de títulos conquistados; não falhou uma única presença na Champions. Em suma, superou-nos. E nós nunca conseguimos admiti-lo. Dói admitir. Mas às vezes mais vale uma dor momentânea que se debela do que uma maleita para a vida toda. A verdade é esta: a nós, benfiquistas, resta-nos o Neo-Benfica e a memória do Benfica velho – “velho” como o velho avô, o velho pai, o velho amigo... aquela memória antiga, querida, sempre presente. Aquilo de que a gente mais gosta.

O Benfica que falha

Não é novidade e nem tem contestação possível: todos os anos o Benfica falha. Não é isso que está em causa em mais este notável parágrafo da futeblogosfera nacional. O que eu quero é tentar perceber o que é que falha no Benfica.
Olhando para os ditos rivais, nenhum deles falha. O Porto simplesmente porque cumpre os objectivos a que se propõe todas as épocas: ser campeão, passar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e, se der tempo, ganhar a Taça de Portugal; o Sporting, porque se propõe a muito pouco – ganhar a Taça de Portugal, se ao Porto não lhe apetecer, e ficar à frente do Benfica.
Temos, portanto, que o primeiro e, digo eu, maior erro do Benfica é propor-se aos objectivos errados. Que me perdoem os benfiquistas mais puritanos, mas vejam a coisa nesta perspectiva: não é ridículo que se exija todo o santo ano a um treinador que seja – sem margem de erro – campeão num clube que, nos últimos 15 anos, ganhou o campeonato uma única vez? Que ganhou duas Taças de Portugal? Que ganhou (e inquinadamente) uma Taça da Liga? O problema deste clube, que ainda é grande mas que já não é um grande clube, é ainda não ter dado por isso que o tempo passou, os títulos foram ganhando pó e os outros, os que eram para ser ganhos, foram-no sim – mas por outro emblema. Não o do Glorioso – este epíteto mantém-se apenas por respeito àqueles que fizeram os grandes e gloriosos momentos da história do clube; hoje em dia, olhando o presente e o passado recente, só por manifesta boa-vontade e cegueira clubista se poder crer que o Benfica ainda tem alguma coisa de glorioso. Acordemos: não tem. É um clube esvaziado, desorientado, megalómano, crente e cheio de soberba. É aqui que o Benfica falha. E, se é a Vieira que se deve a “nova Catedral” e a recuperação do crédito (até ver...) do clube, também é a ele que se pode cobrar o Benfica campeão europeu, o título de maior clube no mundo, os 300 mil sócios apregoados e, sobretudo, um campeonato medíocre, uma taça (muitíssimo bem ganha, essa) e um Taça da Liga que faz mais pela nossa vergonha do que pelo nosso palmarés.

A solução para o Benfica

Olhando para o passado deste clube, que já foi enorme em tempos, e observando o crescimento e a nova grandeza do Porto, que nos tirou o lugar – que não era herança divina, desenganem-se -, há uma conclusão que me parece simples: as grandes conquistas começam no espírito de sacrifício, na abnegação para cumprir uma estratégia, abdicando do bem individual e das teimosias pessoais para atingir um bem comum e maior – no fundo, é uma espécie de sentido de Estado que nos leva a permanecer unidos e a lutar, com garra, com objectivos, com ambição e com confiança; mas também com noção das limitações – só conhecendo as nossas fraquezas poderemos tentar superá-las -, com apurado sentido da realidade, sem ilusões parolas, que apenas contribuem para nos toldar o entendimento, fazendo escapar o essencial: assim não vamos lá. Tão depressa, não ganhamos nem um campeonato nacional, quanto mais essa utopia da Liga dos Campeões.
A solução para o Benfica – que é solução universal – não passa por manter ou despedir treinadores, por contratar ou trocar de jogadores, por ter lá o Quim ou o Moreira, por vender o Di María ou contratar o Cristiano Ronaldo. A solução para o Benfica está na mudança da mentalidade. E isto demora muitos anos até se conseguir. Para consegui-lo, o primeiro passo é ter noção da nossa realidade presente. Só depois se pode começar a construir o futuro. Sendo o processo longo, sugiro que se comece já. Agora. Neste instante. Sem ilusões ou demagogias. Aceite-se que perdemos que nem uns brutos e que não sabemos reconhecer as derrotas. Emendemos este primeiro aspecto.
Eu quero que o presidente do Benfica faça história: que se chegue aos microfones e diga, com toda a seriedade, que “para o ano, prometemos muito trabalho, jogadores lutadores, um plantel com pés e cabeça, uma equipa unida e, se possível, ficar pelo menos no terceiro lugar sem nos borrarmos todos pelas pernas abaixo, com o Nacional nos calcanhares”. É só isto que eu quero. Que, pela primeira vez em 29 anos, eu não veja um presidente do Benfica fanfarrão e convencido, mas sim um homem sério, capaz e clarividente. Não me prometam que vão ser campeões já para o ano. Prometam-me que começam a trabalhar a sério ainda no que resta desta época. Sejam sérios.

24 Comments:

At 7:46 PM, Blogger ZeduViana said...

eu concordo... apenas acho que não é com este presidente que vais ter essa repentina constatação da realidade, infelizmente... este presidente é o espelho desse neo-benfiquismo que falas. Devia-mos era juntar uns trocos e concorrer à presidência do clube! isso é que era :P nem que fosse uma candidatura à manuel joão vieira.

 
At 10:14 PM, Blogger JNF said...

Concordo. Mas quem prometer SÓ trabalho não chega a presidente. Esse é o problema.

E já agora, o Togo?

 
At 9:46 AM, Blogger Ricardo said...

Fantástico, Diego! Está tudo dito.

Estou com o Zedu: se ninguém "sério" aparecer, façamos nós uma lista em tons humorísticos. Seremos sempre, de qualquer forma, mais sérios do que Vieira e a corja que por lá anda.

 
At 10:29 AM, Blogger mago said...

Porra oh Diego, agora também escreves posts "a sério"? E bons, ainda por cima...

E concordo com a concordância do Ricardo com a ideia do Zedu (passe a expressão). Até porque se tudo o resto falhar, sempre podemos dizer que tentámos - e como será possível não nos levarem a sério depois deste Presidente?

 
At 11:50 AM, Blogger Diego Armés said...

Atenção: há que notar que não condeno este presidente "em si". Ele é o que se sabe, mas toda a mentalidade "terceiro-anelista" impede, infelizmente, que venha alguém mais sério e melhor. Ou seja, às tantas, os benfiquistas têm o presidente que merecem... Quando digo "sejam sérios" refiro-me a nós, os benfiquistas, em geral. E já convenci 3, pelo menos.

 
At 1:57 PM, Blogger Férenc Meszaros said...

Não sei se fico mais surpreendido pela dose de pragmatismo, se por teres começado um post na 3a pessoa do singular, à Miguel.

De qualquer modo, muito bom. Só gostava de aproveitar a oportunidade para escarnecer e espezinhar mas infelizmente não posso...

 
At 4:36 PM, Blogger RuiM said...

Nunca aqui comentei qualquer post, mas fiquei deveras impressionado por não ser o único benfiquista a pensar desta forma - embora fosse por vezes depreendido de alguns posts na blogosfera benfiquista. O nosso adorado clube precisa de uma mudança de paradigma tal como tão bem está descrito neste post, mudança de espírito, de racionalidade. Os meus sinceros parabéns. Subscrevo inteiramente! Pluribus Unum

 
At 7:38 PM, Blogger André Leal said...

Está tudo certo no que diz respeito ao Benfica... Urge mudar a mentalidade do Benfica. Mas mesmo com a mentalidade mudada só mudando certas atitudes de bastidores é que poderemos almejar ganhar outra vez com a mesma frequência.

 
At 10:44 PM, Blogger Soylent Green said...

Parabéns de um sportinguista

 
At 12:12 AM, Blogger Lista de Casamento Sara e João said...

This comment has been removed by the author.

 
At 12:14 AM, Blogger Lista de Casamento Sara e João said...

Se assim fosse, eu até voltava a inscrever-me como sócio.

 
At 12:16 AM, Blogger RA said...

ain't that the god damned truth...

 
At 12:41 AM, Blogger PA said...

muito bom. subscrevo tudo.
e não há maneira de divulgar isto aos 4 ventos, aos jornais, TV's e Rui Santos da vida... ?

 
At 12:54 PM, Blogger Erk said...

Parabéns deste Sportinguista. Parabéns pela clarividência. Esse texto está claro como a água.

Porque admitir um erro/defeito é o que dói mais, mas é o primeiro passo para o corrigir e melhorar.

Afinal o segundo lugar consecutivamente conquistado pelo Sporting já faz algum sentido, não é? A equipa de jovens da academia. Tentar estabilizar as finanças. As coisas têm que ser feitas com cabeça, objectivos definidos. Não é comprar Brasileiros/Argentinos/Espanhóis/craques de qualquer outra nacionalidade e esperar que os resultados apareçam por eles próprios, baseados no custo dos jogadores. O Porto ia caindo nesse erro, com a compra dos Argentinos ao peso, mas emendou a mão a tempo. Nem o Real Madrid ganhou assim, com galácticos.

Uma equipa ganhadora faz-se com identidade. Com toda uma estrutura armada com um objectivo em vista: ser campeão.

No Porto, é-se campeão, às vezes apesar do treinador. No Benfica, nem com o melhor treinador se consegue ser campeão.

Tenho esperança que o Sporting seja, neste momento, um projecto em crescimento. E que o novo presidente, mais que prometer mundos e fundos, queira manter um projecto sólido, de continuidade.

 
At 6:37 PM, Blogger Diego Armés said...

Eu não sei se isto de ter sportinguistas a dar-me os parabéns... se será bom sinal...

 
At 7:10 PM, Blogger Erk said...

Diego,

ao contrário da anterior geração de Sportinguistas, cujo o alvo a abater eram os rivais do outro lado da 2ª circular, a nova geração de Sportinguistas, onde me incluo, já percebeu que andamos a ser empalados a norte.

Faz-me impressão não haver um Benfica forte.

Assim como vocês querem um Sporting forte, provavelmente.

Mas que no fim ganhe a nossa equipa.

Estou certo?

 
At 7:42 PM, Blogger Diego Armés said...

Claro.

Mas é bom que se sublinhe essa última afirmação...

 
At 10:24 PM, Blogger Ivo said...

Concordo com muito do que escreveste Diego, aliás com quase tudo principalmente na mudança de mentalidades mas esqueceste-te de salientar o que tem acontecido no futebol portugues nos ultimos 30 anos. É mt dificil ganhar...le o golpe de estadio e vais perceber como é mt dificil extinguir o monstro que se criou!!! ja agora da uma vista de olhos no post Inter e o Sistema no http://magicoslb.blogspot.com/

 
At 11:39 PM, Blogger Soylent Green said...

Eu sou da geração anterior de sportinguistas e sempre respeitei o Benfica (até aos anos 90). Fiquei impressionado na final da UEFA com o CSKA ao ver que os meus amigos mais jovens e benfiquistas estavam a torcer pelos russos. Foi aí que percebi que o SLB já não era o mesmo.

Outro aspecto negativo que é recente no nosso futebol é a constante diminuição dos adversários. Ao dizer-mos que são fracos estamos a desvalorizar as nossas vitórias. Não vejo isso nos fóruns de adeptos ingleses em que é comum os adversários cumprimentarem os vencedores.
Há um longo caminho a percorrer e vai demorar gerações e compreender a realidade é a única forma de a modificar.

 
At 10:36 PM, Blogger dezazucr said...

clap, clap! muito bom, deixaste-me com uma lágrima no canto do olho. O mal é q grande parte dos adeptos ainda não acordou para a vida, e caso o homem dissesse uma coisa dessas era trucidado tanto pelos adeptos como pela imprensa, tratado de burro para baixo.
O engraçado é que não vejo alternativas à vista. O putativo candidato, é o q se sabe, um cavalo de tróia em potência e a outra opção é veiga... please... tá difícil tá :)

 
At 3:57 PM, Blogger Metralha said...

Oh Diego, e estares caladinho como estiveste até aqui? Hum? Hum?

O Benfas é a nossa melhor alegria e vens agora borrar a pintura com essa crise de identidade?

Vamos lá velho guitarrista, até ganharam neste fim de semana ao vosso futuro treinador!

Ninguem pára o #"$%&%#, oh eh oh!

 
At 2:19 AM, Blogger Diogo said...

diego,
muito bom post. trouxeste-me as lagrimas aos olhos. mas e' preciso perceber os erros, o que esta' mal, levantar a cabeca e chegar-nos 'a frente e fazermos do nosso clube, mais uma vez, um clube ganhador, com dinamica de vitoria ano sim ano sim. mas para tal temos de nos preparar para uma travessia do deserto. e essa vai doer. muito.

 
At 10:55 AM, Blogger Luciano Rodrigues said...

Excelente artigo. Parabéns.

 
At 9:52 PM, Blogger Don Cassola ™ said...

Será que se fosse hoje escrevias isto tudo igual?? Eheheheh... De qualquer forma, genial.

 

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