Tuesday, February 03, 2009

Os samaritanos

‘A Bola’ diz que o Silvestre Varela, o Drogba da Caparica, vai para o Porto na próxima época. Mesmo sem saber se é verdade, esta é uma notícia que me irrita. Irrita-me ao ponto de me fazer sair da minha hibernação bloguistica.

Não que eu pense que o Varela é um virtuoso e venha a ser uma mais-valia para um rival. Nem me irrita que uma equipa lucre com um jogador em que o Sporting investiu durante anos sem agora ver um chavo. Nem sequer que o Sporting tenha alienado um activo, sem que tenha assegurado qualquer retorno futuro. Não, isso não me irrita. Isso enfurece-me.

O que me irrita é a samaritana política desportiva do Porto. O Porto é o clube que, regularmente, vai buscar jogadores de clubes pequenos, a troco de uma esmola, um par de jogadores emprestados e o eterno agradecimento por sempre ter sido como um pai. Os jogadores, esses, acabam como um Mário Silva, um Bruno, um Marco Ferreira, um André Vilas Boas, um Rodolfo, um Areias, um Clayton, um Soderstrom, um Rafael, um Alan, um Jorginho, um Lino, um Ezequias: Acagaçados pelas bancadas ao lado dos Superdragões, até receberem, meses depois, o alívio do empréstimo com que voltam a alimentar o epíteto de ‘Porto, amigo dos pequeninos’.

Aliás, na realidade, não fosse pela necessidade de ‘distribuir riqueza’ pelos clubes pequenos (ou pagar-lhes as dívidas), não se justificaria a compra da maioria desses jogadores, já que o número de jogadores formados no clube com contratos de longa duração e que nunca virão a jogar no clube mais do que um minuto na Taça da Liga seria suficiente para fazer 3 equipas.

A confirmar-se a venda, o Drogba da Caparica não vai fazer nada ao Porto. Ou melhor, vai. Como o Cissokho (dou o benefício da dúvida ao Miguel Lopes e apenas por gentileza). São uma oportunidade de mostrar quem é amigo, quem está disponível para dar uma mãozinha desinteressada nos momentos difíceis. E a quem não se nega um favor, quando é preciso.

Ou será que o Varela vai fazer a diferença no Dragão? Como o Bruno, o Marco Ferreira, o André Vilas Boas, o Rodolfo, o…

12 Comments:

At 3:51 PM, Blogger David said...

muitos nomes aí que me trouxeram memórias de championship managers antigos x)

Pah, realmente não concordo muito com essa politica do Porto. Compramos sempre imensos jogadores, só para depois emprestarmos a maior parte e ainda por cima lhes pagarmos a totalidade do ordenado. Acho que o dinheiro que o porto pouparia se se livrasse desses jogadores todos daria para comprar uma estrela do futebol mndial...

 
At 11:00 PM, Blogger Férenc Meszaros said...

O Porto sabe bem o que faz. Uma estrela do futebol mundial não lhes compensava tanto...

 
At 4:40 PM, Blogger Diego Armés said...

:)

Isso de comprar árbitros começava a tornar-se demasiado arriscado e explícito. A política do "não se esqueçam de quem vos salva" é mais "legal". A moralidade e a ética, essas, são à imagem daquilo a que Pinto da Costa sempre habituou o povo.

Já sei que haverá quem responda que "o Benfica comprou o Jorge Ribeiro e o Zé Castro", antes dos jogos com Boavista e Setúbal, respectivamente. Aqui se vê a diferença entre Porto e Benfica: os segundos são maçaricos quando comparados com os mestres da negociata. Que a fazem pela certa, discretamente e em massa.

 
At 6:06 PM, Blogger Férenc Meszaros said...

Temos que admitir que o Porto tem tudo muito bem montado. E à batota bem feita também tem que se lhe dar valor.

Apesar do Benfica alimentar a (não tão) secreta ambição de ser 'Califa no lugar do Califa', ainda vão ter que comer muito rojão. Os homens são profissionais, caramba!

 
At 4:01 PM, Blogger Diego Armés said...

Viu-se. Foram muitíssimo melhores. Aquele lance do Lisandro Proença foi de génio. Fez toda a diferença. Parabéns.

 
At 9:17 AM, Blogger vinhas said...

Vamos ver se percebo a vossa incomodidade: o Porto não pode negociar jogadores com clubes mais pequenos ou com dificuldades financeiras porque isso constitui uma manigância com objectivos de corromper os adversários. A acrescentar, estas compras são quase sempre actos falhados e que o dinheiro investido neste “refugo” daria para comprar estrelas de primeiro plano.
Ultrapassando o natural fel com que é encarada a nossa inesgotável capacidade de corromper, comprar, seduzir e intimidar todos os agentes desportivos e políticos do mundo (sim porque os títulos internacionais só tem esta explicação!), a política de aquisições do Porto é a mesma de há 20 anos a esta parte: apostar em jovens ou jogadores sem espaço nos seus clubes e que apresentem potencial para conquistar um espaço no clube. A formação do Porto em escalões jovens não garante por si só, um lugar na ribalta. Aliás a formação tem tantos atletas que nem uma ínfima parte chega a vestir a camisola principal. O Porto tem consciência que nos escalões secundários e equipas de menor dimensão há inúmeros jogadores interessantes. Não conseguimos absorver todos, obviamente. Por isso, há contrato de formação com diversas equipas no sentido de fazer a chamada rodagem.
É nesta politica que já leva anos (e que repito nada tem a ver com o nosso esmerado trabalho de corrupção a todos os agentes desportivos) que assentou a constituição de equipas interessantes. E basta ver a ultima equipa do Porto que ganhou a Liga dos Campeões para perceber isso mesmo: Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Maniche entre muitos outros chegaram de outras equipas contra empréstimos e cedências e vingaram no clube. Foi rentável.
Contratar nomes de maior dimensão implica, para além do valor, uma amplitude de vencimentos entre jogadores que não corresponde a politica de gestão do clube. É verdade que poderíamos ter empréstimos por um ano a custo zero, mas isso não é formar equipes: é exibir o Ferrari à porta do café e entrega-lo no stand no dia seguinte.
Há no entanto um problema com esta politica dispersiva de formação: o facto de se acumularem muitos activos de baixo custo (e que somados são obviamente uma fatia elevada no Dep. Futebol) e a própria gestão de observação dos mesmos. Acredito que a curto prazo esta realidade tenda a mudar, concentrando a formação e observação em clubes do primeiro escalão e reformulando a área de formação.
O facto de enfrentarmos criticas para este facto (se o jogador do Porto joga, sabe-se que actuará mal em favor do clube, se não joga é uma exigência do Porto que enfraquece o rival. Se está lesionado é falso porque ele não quer jogar ou outra coisa qualquer) já caiu na absoluta indiferença. Ao Porto apenas interessa atingir as provas internacionais, as que nos dão prestigio, dinheiro e reconhecimento.
O reino do desespero é a cruz que nos cabe.

Quanto ao lance do Lizandro…”so, how does it feel?”

 
At 8:27 PM, Blogger Diego Armés said...

Vinhas... whatever. Façam como quiserem, o que entenderem. E tratem tudo o resto como se fossem cegos ou ignorantes. Ou ambos. Só não esperem respeito dos adversários. Porque não o merecem. Nem agora nem de há 25 anos para cá. Mas acreditas no que entenderes.

Quanto ao "how does it feel"... feels the same. É tão habitual que já nem incomoda. para o nosso lado, acontece uma vez por época. Para o vosso, acontece apenas quando é estritamente necessário... É triste. Mas mais triste é deixar-vos satisfeitos. Era de esperar que, com tantos títulos, tantos deles ganhos da mesma maneira vergonhosa, a vossa apregoada exigência já tivesse aumentado um pouco.

Saudações e parabéns pelo tetra.

 
At 11:17 PM, Blogger Férenc Meszaros said...

Vinhas, nem me passava pela cabeça que concordasses com o post.

Sobre os títulos internacionais e a posição dominante do FC Porto no futebol português, as fantásticas equupas e os melhores jogadores, conto-te uma história: Sporting-Nacional de 2004/2005 (o ano do campeonato do benfica, que às vezes fazia melhor em estar calado). Se te recordas, à ultima jornada, Sporting e Porto lutavam pelo 2º lugar de acesso directo à champions e o Sporting precisava de ganhar. Esse jogo foi um dos mais vergonhosos que já vi, pior que um Benfica-Braga deste ano. O Nacional marcou 3 golos de seguida, 2 em fora de jogo escandaloso. O Sporting reduziu para 2-3 e logo a seguir o Pedro Barbosa foi expulso. Há 2 penalties por marcar e um ultimo golo em fora de jogo para o Nacional. Acabou 4-2 e o Porto vai á Champions e tem uns 10M € garantidos. Está mais à vontade para investir na equipa e não tem tanta necessidade de vender jogadores. Na época seguinte o Porto comprou o Lisandro, o Lucho e o Anderson. O sporting comprou o Deivid e o Luis Loureiro. Aí tens um atalho para a hegemonia.

 
At 2:27 PM, Blogger vinhas said...

Ferenc, lamento. Não podemos jogar na Liga espanhola para acabar com os males do futebol portugues.
Sabemos que tudo é da nossa lavra e responsabilidade, até quando as arbitragens são a vosso favor somos nós que as fabricamos ou quando voces tem verdadeiros achados como presidentes somos nós que os pomos lá.
Sim, o milagre de Fátima também se deve ao PC, tal como as aparições de OVNI's no Alentejo.
A culpa é toda nossa. Aliás nem sei porque insistem em continuar no futebol. Convertam os vossos estadios em Aquaparques, Eurodisney e Feira Popular ou plantem sobreiros para compensar o desbaste de Setubal.
Depois de terem arranjado desculpas para tudo no registo nacional-tribal de que a culpa é sempre dos outros, que nós não queremos ser responsáveis por nada mas gostamos de malhar. Depois de esgotadas todas as desculpas vejam se fica alguma coisa para além das memórias históricas e da grandeza colonial.
Tenho na ideia pelo que tenho lido que são pessoas mais inteligentes do que os argumentos que usam.
Afinal o "sistema" não será o da desculpa?

 
At 2:27 PM, Blogger vinhas said...

Ferenc, lamento. Não podemos jogar na Liga espanhola para acabar com os males do futebol portugues.
Sabemos que tudo é da nossa lavra e responsabilidade, até quando as arbitragens são a vosso favor somos nós que as fabricamos ou quando voces tem verdadeiros achados como presidentes somos nós que os pomos lá.
Sim, o milagre de Fátima também se deve ao PC, tal como as aparições de OVNI's no Alentejo.
A culpa é toda nossa. Aliás nem sei porque insistem em continuar no futebol. Convertam os vossos estadios em Aquaparques, Eurodisney e Feira Popular ou plantem sobreiros para compensar o desbaste de Setubal.
Depois de terem arranjado desculpas para tudo no registo nacional-tribal de que a culpa é sempre dos outros, que nós não queremos ser responsáveis por nada mas gostamos de malhar. Depois de esgotadas todas as desculpas vejam se fica alguma coisa para além das memórias históricas e da grandeza colonial.
Tenho na ideia pelo que tenho lido que são pessoas mais inteligentes do que os argumentos que usam.
Afinal o "sistema" não será o da desculpa?

 
At 9:00 PM, Blogger Férenc Meszaros said...

Vinhas, não és o Sócrates?

 
At 10:34 AM, Blogger mago said...

Alguém acusou o toque.

E não foi o Lisandro.

 

Post a Comment

<< Home