O caso da semana. Ou a solução para o futebol português
Domingo é o dia de descanso e reflexão. Excepto se é dia de eleições. Aí o dia de reflexão é o Sábado. Ou se somos judeus e aí o dia de descanso e reflexão religiosa é também Sábado (para os curiosos da cultura judaica, o Sabbath é mais precisamente o período de tempo entre a primeira estrela de 6ª feira e a primeira estrela de sábado. Se o céu não está estrelado não há dia de descanso e nenhum judeu pode ir ao Colombo). Se somos jogadores de futebol e jogamos ao Domingo, o dia de descanso é 2ª feira ou quando o mister entender. Se… enfim, já deu para entender.
O que quero mesmo dizer é que é importante aproveitar o poder inspirador do dia santo para revermos os acontecimentos desta semana, em particular aquele momento que a todos nos surpreendeu e que marcou em definitivo os últimos dias da actualidade desportiva nacional. Aproveitemos esse acontecimento para fazermos uma reflexão mais a frio sobre a imagem das principais figuras do futebol português, principalmente além fronteiras: Falo, obviamente, da ida do Dr. José Veiga para o Swindon Town, para assumir as funções de Director Desportivo.
A primeira reacção a esta notícia, na maioria dos casos e em particular por parte daqueles que seguem com atenção o fenómeno desportivo, é: ‘AH AH AH AH AH’. A segunda é ‘AH AH AH AH AH’, mas agora agarrado á barriga e agachados no chão. A partir daí as reacções divergem e há uns que se agarram ao maxilar e massajam a mandíbula, ofegando para controlar as contracções do diafragma e outros que se viram de barriga para baixo a bater com os punhos fechados no chão, deixando-se levar de forma desenfreada e descontrolada. E é nestes momentos que aprendemos a dar importância ao domingo: Uma certa distância para analisar o fenómeno, permite-nos dissecar os factos com aquela ponta de lucidez que pensávamos perdida.
Não há dúvida que José Veiga tomou uma decisão de risco, factor inerente a todos os grandes desafios, nomeadamente àqueles que, tal como este, significam um salto qualitativo na sua carreira. Mas se depender dos seus conhecimentos do mercado futebolístico e da sua própria laca, nada terá seguramente a temer. Principalmente se trabalhar á comissão.
Ainda estamos por saber se a direcção do Swindon Town teve quota no Estoril-Praia ou são da estirpe da Direcção do Real Madrid que contratou o Carlos Secretário, mas cheira-me que não têm amor ao dinheiro. Pelo menos ao do clube, pois em breve, num fácil exercício de futurologia, veremos a simpática equipa da 1st division, a bater recordes de transferências com craques da Naval, do Nacional da Madeira ou da Académica. E o Sr. Veiga novamente com a casa mobilada.
Entendam-me bem: Não vi ainda ninguém por cá a queixar-se pelo Swindon Town ter levado o Sr. Veiga (talvez apenas o seu fornecedor de laca, mas esse ainda não se pronunciou oficialmente). Pelo contrário, penso que é por actos como estes que se deviam condecorar comendadores. Mas pelo menos, em nome do bom senso, haja alguém que se dê ao trabalho de ensinar ao Senhor Presidente do Swindon Town, que comparou o José Veiga ao Mourinho, a diferença entre um Armani e um sobretudo da Maconde.
A verdade é que, se a moda pega, poderá estar aqui encontrada a grande solução para o futuro do futebol português: Em vez de se investir na investigação de apitos dourados e afins proponho uma agressiva e loquaz campanha de marketing para promover as figuras de proa do futebol português em Inglaterra (ou onde bem quiserem desde que seja depois de Badajoz), para desempenhar as mesmas funções que aqui têm. Mas bem longe daqui. E se resultar, podemos esperar por ver Olegário Benquerença a apitar a liga do Inatel dos bifes, o Valentim Loureiro a distribuir electrodomésticos nos subúrbios rurais de Londres, o José Couceiro a treinar uma equipa de grávidas e o Pinto da Costa a gerir a McKenzie Escorts. O Vieira não, esse que fique por cá…
Ora pensem lá nisso.
PS. Sobre o fait-divers da semana, não penses que te escapas ó brasileiro: Tens a ‘Trilogia do ódio’ à tua espera. Deixa lá a poeira assentar…
13 Comments:
Esquecem-se é de agradecer, está mal! Agradecer não a quem os contrata mas a quem lhes dá a guia de marcha encarnada, guia para o topo do futebol mundial. Coisa feia a ingratidão, feia e susceptível de criar zangas de comadres ou compadres.
LLLLLOOOOOLLLLLL
eu estou na terra dos bifes e nem tinha ouvido falar do swindn town antes do veiga para cá vir!! é o mesmo que ir para o futebol clube da tapada... com todo o respeito pelo tapada :-)
:O pior que o inferno Vitalis?
Fantastico Post, incisivo mas sem deixar de ser divertido.
Eu agora fiquei foi com curiosidade sobre a prometida Trilogia... Vê lá se despachas isso, escriba.
ahahahahah!!
Despachar? que mal!
Ui... temos sindicalismo, é? É despachar e é para ontem!
Calma, patrão. A trilogia já tem dois capítulos escritos.
Como quando um homem está em baixo é fácil que qualquer cão lhe mije em cima, deixa-o lá reanimar-se um bocadinho para lhe poder enfiar este épico pelo nariz.
E já agora tenho que confessar que os AH AH AHs do post foram plagiados do José. Bem tentei que passasse despercebido, mas ele já me denunciou...
Eu bem me parecia que já tinha lido isso em qualquer lado...
É verdade - e os grunhos do rugby a cantarem o hino lavados em lágrimas? Que palhaçada...
Humm, nem por isso José, dá maneira que levam no pêlo cada vez que entram em campo, eu cá também chorava...
Bem visto, Helena.
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