Impressões de fim de época - Benfica
O começo do Benfica foi assustador – confesso que já imaginava uma época ao melhor estilo Heynkes ou Souness. Porém, a recuperação foi rápida e segura. O mês de Novembro levou-nos abaixo de novo. Mas eis que uma certa vitória sobre aquele clubezeco de Old Trafford encarrilou a equipa no caminho de conquistas várias. A coisa compôs-se, mesmo com lesões pelo meio e apesar das birras do capitão a dizer que queria sair. Sinceramente, a meio de Janeiro ninguém me tirava da cabeça que íamos ser campeões. Havia consistência, objectividade, um jogo pragmático, herança de Trapattoni, mas, ao mesmo tempo, com características mais atacantes, fruto da boa forma da Poderosa Amelinha, do renascimento do Soneca a ponta-de-lança, da descoberta de um lateral direito de alto gabarito em Alcides, da recuperação de forma de Manuel Fernandes, entre outros factores, como a consolidação de Luisão como verdadeiro líder do grupo ou de Petit como fio condutor de todo o jogo encarnado – sim, digam o que quiserem, mas o Petit não sabe só dar porrada; concedo que essa seja a sua especialidade, mas não é o seu único atributo. É então que se dá o verdadeiro e incompreensível golpe de teatro: a direcção decide apresentar obra feita. Como? Ora, como?... Comprando jogadores, evidentemente. Os milhões da Champions não podiam ficar parados durante muito tempo. Há que esbanjar qualquer coisita, na melhor tradição dos últimos 15 anos benfiquistas (excepção honrosa ao tempo de José António Camacho e António Simões à frente do grupo enquanto Vilarinho geria a adega). Génios que são, toda a gente o reconhece, Veiga e Vieira decidem que vão ter uma ideia. Assim que soube disto, tive medo. Muito medo. E a ideia não podia ter sido mais desgraçadamente consonante com os meus receios. Sem mais demoras, V&V vão às compras e compram tudo o que mexa e que mais ninguém queira. Dão bónus àquele que auferir o mais elevado salário. Chegam então Dulcineide (ainda assim, talvez o menos mau), Robert (o craque da cadeirinha de praia e do pé canhão), Manduca (essa estrela maior dos tempos áureos do futebol funchalense), Marcel (ponta-de-lança de créditos firmados – mais de 6 golos pela Académica! – e velocidade estonteante… de cada vez que corre, fica tonto) e, last but nos least, Marco Ferreira (dispensa apresentações). Suponho que a abrupta quebra na equipa e a chegada de todos estes colossos ao “seio do grupo de trabalho” (adoro lugares comuns) tenham coincidido apenas graças à conjugação astral. Quim foi para o banco, Mantorras para a lista de dispensas (o que não é, em si, grave, mas que, olhando a conjuntura, me deixa dúvidas quanto ao timing e à forma do anúncio), João Pereira pediu para ser emprestado ao Gil Vicente (dá para imaginar o desespero de um jogador que faz um pedido destes?) e o Nuno Assis apareceu-me aqui a pedir Dianabol – dei-lhe dois saquinhos e agora dizem que ele andou na droga… como se isto fosse droga. A droga é o que os drogados tomam. Isto é praticamente um suplemento vitamínico… Posto isto, aponto o meu dedo às opções de V&V, em primeiro lugar, e à postura subserviente de Koeman, que deixou que a direcção lhe moldasse as opções, logo de seguida. Mesmo que a equipa termine em segundo, a época interna foi medíocre. Porque uma coisa é ficar em segundo a morder os calcanhares do primeiro. Outra é ficar fora das contas para as faixas a seis jornadas do fim. Como atenuante, surge a (surpreendente) época europeia do Benfica – foi digna e estava a fazer falta melhorar a imagem do clube perante uma Europa que já respeitou a Digníssima mas que hoje vê n’Ela incrustado um símbolo menor, frágil e sem expressão.
Sobre o jogo de ontem, aqui ficam os miligramas da substância que tanto vos deleita e tão preciosa ajuda presta nos momentos de aflição, quebra de forma, falta de ritmo ou ressaca de uma noitada das antigas:
-Dulcineide, 7 mlg.
-Ricardo Rocha, 5 mlg.
-Luisão, 4 mlg.
-Anderson, 5 mlg.
-Léo, 6 mlg.
-Manuel Fernandes, 7 mlg.
-Beto, 7 mlg.
-Simão, 5 mlg.
-Geovanni, 4 mlg.
-Manduca, 7 mlg.
-Miccoli, 8 mlg.
-Robert, 6 mlg.
-Karagounis, 6 mlg.
-Mantorras, porro de liamba
-Koeman, 5 mlg.
13 Comments:
Olha olha... lá andam a falar mal do clube à boa moda dos anos 80. Estão aqui estão a queimar os cartões de sócio e bandeiras em pleno estádio!
Pensei que o próximo passo era fazer esperas ao treinador, partir-lhe os vidros do carro, ou invadir campo alheio durante o tempo de jogo... mas queimar bandeiras e rasgar cartões também serve... além de selvagens, não têm sentido de humor...
Com tanta lucidez na analise, tens a certeza que és benfiquista?
Vou fingir que não ouvi essa, Helena...
Ó Exorcista, vai lá escrever piadolas para o teu buraco, vá, que aqui trata-se de bola a sério. Também se fazem intrigas e comércio ilegal de substâncias com alguns efeitos secundários. Mas tudo de uma forma muito séria.
Ai a azia...
Não há mentira nenhuma naquilo que foi escrito, além de que me ando a instruir na arte de bem escrever português...
Abraços e volta sempre!
Boa. Se precisares de ajuda, apita.
Este ano a maior mais valia do teu clube foi o resuscitar da experiência europeia perdida na ultima década, ainda é pouco para terem o nivel europeu do FC Porto, precisam aí de uns 25 anos assim, mas estão no bom caminho.
Sim, para o ano tentaremos ser eliminados pelo Artmédia. Se o sorteio ajudar...
Por mim, estás à vontade
Pelo Artmédia não, porque esses vão à Champions...
:)
Eu vou guardar este comentário com especial carinho.
Meszaros, és mesmo mauzito, vê lá se não te cai em cima
Não vá um vento igual ao do ano passado soprar por aqui...
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