Tuesday, July 31, 2007

No país dos tugas - Zequinhas e Zecões

Uma das coisas mais fascinantes em terras lusas é o justiceiro.
O justiceiro tem um dom, não precisa cá de provas, princípios da legalidade, imparcialidades, essas mariquices. O justiceiro sabe, decreta e executa a justiça poupando assim preciosos recursos - e é, curiosamente, de grande popularidade entre os tugas, principalmente nos media. A experiência diz que o justiceiro tem pés de barro, mas, tal como a tradição já não é o que era, a experiência é ignorada até que um justiceiro, um dia, se lembre de avaliar a sua actualidade. Ora assistindo a esta conferência de imprensa do presidente da federação, temos uma boa visão de um justiceiro, e temos ainda a oportunidade de apreciar como se decreta em directo pelas televisões uma verdadeira perda de paz (figura do direito criminal medievo que determinava algo do género de qualquer um dever "caçar" o criminoso). Pois é, pode haver instâncias jurisdicionais na Federação, mas o que importa é decretar em directo nos telejornais que ninguém deve convocar o jogador Zequinha durante um ano e o Mano por 3 meses - os tais malandros da selecção de sub-20, um deles já aqui falado. O justiceiro imaculado mantém um ar sereno enquanto oferece ao povo a justiça. Não deve ter sido o justiceiro a escolher o seleccionador (aliás excelente profissional, apesar de despedido, e não se aconselha todos os clubes e associações de futebol a não o contratar), nem a comandar o gabinete de imprensa que fez de duas selecções medianas as mais que prováveis vencedoras dos torneios em que iriam competir. É preciso ser eficaz a casar a culpa, e que melhores noivos que dois jovens de 20 anos? Dois piquenos que entraram num torneio convencidos de que eram os melhores - dizia nos jornais(!) - e, de repente, tudo corre mal, ainda por cima, os adversários jogam, e às vezes melhor! São os Zequinhas - verdadeiras vítimas, ainda por cima noivos à força da desagradável culpa (aquela com quem ninguém quer casar).

Vamos a outro caso, a estes podemos chamar os "Zecões". E que melhor exemplo deste tipo do que o jogo amigável de apresentação do Leixões. Este sim foi o verdadeiro encontro de Zecões, jogaram o Leixões e o Guimarães. Bom jogaram que é como quem diz, foram jogando sem grandes vontades concretizadoras até que, já no intervalo um desaguisado entre dois jogadores (um de cada equipa) gerou o verdadeiro encontro. Nada de especial, umas cabeças rachadas, uma adepta no hospital mas sem gravidade, como convém ao aquecimento para a próxima época. Provaram que, em algumas coisas, a tradição ainda é o que era...


Ficam algumas perguntas, por exemplo, o que diz o justiceiro dos Zecões? Nada? Isso é com a Liga de clubes?

Não sei porquê, não gosto muito do justiceiro, como tal proponho a todos os portugueses que não lhe digam bom dia e que atravessem a rua quando o virem! Que tal?

12 Comments:

At 11:24 PM, Blogger Férenc Meszaros said...

Só não concordo, Helena, que a seleccção de sub-21 fosse 'mediana'. Não era e exigia-se-lhes muito mais do que o que fizeram. Claro que o Presidente da Federação tem a responsabilidade 'política', mas a responsabilidade técnica não é dele, mas do incompetente do Couceiro (rima com Peseiro, logo, é um sinal). Pior seria se não o tivesse despedido...

 
At 10:51 AM, Blogger Helena Henriques said...

De facto essa observação de mediania era mais dirigida à de sub-20, o que não significa que não houvesse algum exagero na apreciação da sub-21. O que me irrita é que aparentemente, o presidente da federação está sempre acima de qualquer responsabilidade. Ora só está isento de responsabilidades quem nada faz, nada decide - só se for isso... Pior ainda, ao responsável técnico desejam-se felicidades pessoais e profissionais, os bodes espiatórios são, claro, o elo mais fraco, os dois jogadores, atitude cobarde, não?

 
At 11:42 AM, Blogger Férenc Meszaros said...

Independentemente das palmadinhas nas costas, o técnico foi despedido, não foi? Os miúdos foram suspensos, o treinador despedido; Há, sem dúvida, a intenção de converter os rapazes em exemplo. Mas não deixa de ser o treinador o mais responsabilizado. E bem.

Não vejo nada de anormal no caso do Couceiro: Foi escolhido, não apresentou resultados, foi despedido. Com hipocrisia à mistura, mas despedido.

Dá-me a sensação que aquela estrutura sólida das selecções jovens, que permitia um acompanhamento dos miúdos desde cedo, se está a perder por erros de casting. Espero que a Federação aprenda com os erros. E é aí que tenho as minhas dúvidas...

 
At 1:13 PM, Blogger stevenrolex said...

Pena o JVP não ter tido direito a conferências justiceiras em 2002. Bem pelo contrário, contou com todo o empenho diplomático da FPF no sentido de a FIFA que atenuar a pena que se adivinhava enorme. Quanto é que isso terá custado em euros?

 
At 1:21 PM, Blogger Férenc Meszaros said...

Mas também nunca mais foi seleccionado...

 
At 2:52 PM, Blogger Helena Henriques said...

Pois não, mas tinha outra idade e outra responsabilidade - diga-se desde já que a parte da conferência justiceira acho bem, o que acho mal é a estranha sensação de que foi assim porque o JVP tinha as costas mais quentes e não porque esta "justiceirice" não é (ou não deve ser)o modus operandi da FPF. E volto a dizer, no meio disto o presidente sai sempre bem. Francamente.

 
At 3:02 PM, Blogger Helena Henriques said...

E de facto, stevenrolex, não faço ideia o que custou a acção diplomática junto da FIFA em favor do JVP. Nem me interessa crucificar o João Pinto, insisto que não admito a crucificação do Zequinha, para mim é inenarrável.

 
At 10:48 PM, Blogger NGSG said...

Para mim o que é inenarravel (e aberração) é um jogador arrancar um cartão da mão do arbitro. Que esperava ele? Um pedido de desculpas do arbitro, por este mostrar o cartão ao Mano?
Haja paciencia para tanta burrice (e estou a falar da burrice do jogador).

E apelidar o Mandamil de justiceiro... querem lá ver que foi só ele que decidiu essa punição aos jogadores! E se não fosse ele na conferencia de imprensa a anunciar os castigos, que nomes chamarias a ele? Não estaria a ser cobarde? Um caso tipico de ser preso por ter cão e por não ter.
É certo que o homem é um fraco presidente da federação e que já fez muita burrada (basta ver o casting Couceiro), mas neste caso fez apenas o que se lhe exigia.

Quanto aos "Zecões" é claramente asunto fora do ambito do cargo dele (penso eu). Cabe principalmente aos clubes (e em casos extremos, ao Estado) acabar com essa escumalha, camuflada de "claque", que grassa pelos estádios/recintos desportivos.


Quanto ao ultimo paragrafo concordo plenamente, e esse plano já o ponho em pratica há uns anos. :)

 
At 1:26 PM, Blogger Helena Henriques said...

Temos os Zequinhas que merecemos, portanto

 
At 10:22 AM, Blogger NGSG said...

Ainda sobre Zequinhas... alguem viu o jogo do Penafiel ontem? O penalty a favor deles, sofrido pelo... Zequinha?
Paulo Jorge sai da baliza de encontro à bola que era disputada também pelo... Zequinha. Toca-lhe ao de leve com a mão na zona das costelas e no braço esquerdo. Zequinha joga-se ao chão com aparato e o arbitro marca penalty. Nisto Zequinha levanta-se a... coxeare a queixar-se da perna!

Maravilhoso. Temos artista. :)

 
At 3:28 PM, Blogger Helena Henriques said...

:)

Um Zequinha português...

 
At 12:26 PM, Blogger Diego Armés said...

Já tinha saudades de aqui vir. :)

 

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