Um dia no país dos Tugas
No país dos tugas a vida não são só rosas, no país dos tugas sofre-se de tédio, muito tédio e às vezes calor, esta conjunção é muito complicada de suportar, principalmente se, se almoçou um cozidinho e se pretende mergulhar nas gélidas águas do Atlântico. Por isto os tugas buscam desesperadamente distracções e distraem-se mesmo, a maior parte deles, nem que seja a dormir, eventualmente na forma. Fica aqui o registo de um dia (quase sexta-feira 13) no país dos tugas.
Depois de um dia de calor e nortada, vejo uma grande entrevista ao Presidente do SLB, em horário nobre da televisão pública. Sentei-me a assistir ao que eu pensava seria uma tentativa de explicação séria das OPAs e supostas contra-OPAs que deixaram o país de olhos em bico em busca duns investidores chineses. E foi, claríssima, é que na China há imensos chineses, muitos mesmo, e há também chineses interessados no Benfica, claro que não sabemos muito bem quem são, mas que os há, isso é inquestionável. Passa-se então à OPA do Berardo. É uma OPA, pois, não é hostil (disparate, o Berardo é amigo) é inconveniente dentro da sua conveniência, além do mais não se percebe muito bem porque é que aqueles esquisitinhos da Bolsa dão tanta importância a essa minudências. Vamos ao que realmente interessa, o futebol, não sai ninguém do plantel, entram mais três - se o Berardo quiser comprar, está à vontade, que num grande clube cabe sempre mais um, pois claro. E por falar em mais um, fala-se então do José Veiga que, está claríssimo, não pertence ao staff do benfica, vai só à Argentina contratar jogadores a pedido do Presidente que, não pode, tem de reunir a despacho com a D. Clemência; além disso o Veiga tem uma situação pouco clara com a administração fiscal, e inimigos, e a porta aberta. Pronto, assunto cabalmente esclarecido. Resta o Apito, as críticas ao Secretário de Estado do Desporto que não foi agraciado com um dossier anónimo à porta de casa, pior, nem sequer foi tentar saber junto de quem o tinha, e pior ainda, o horror, senta-se à mesa com pessoas, certas pessoas. Hummm, há-de ser mesmo grave. Resta o Presidente da Liga de Clubes, também se senta com pessoas, certas pessoas, mas enfim, a justiça desportiva será feita. E na Federação também, vamos lá ver. Tudo esclarecido, resta o torneio fatelo deste Verão, o Mundial de Sub-20.
A expectativa é grande, afinal o José Couceiro já explicou que a derrota com a Gâmbia é uma vantagem, assim havia mais tempo para descansar. Isso só pode ser bom. Sentei-me para ver o jogo contra o Chile, os pobres sul-americanos que tiveram o azar de ter de enfrentar a descansada selecção tuga. Começou o jogo, há um problema qualquer, os tugas não conseguem trocar mais de três bolas sem dar com pés chilenos, deve ser a relva, malvada FIFA, deviam ser mais cuidadosos, então é sintético, depois não, como é? Siga o jogo, ora curiosamente os chilenos trocam a bola e bem, não devem notar o terrível calor que se faz sentir, nem o árbitro que é safado. Falta de sorte! O Rui Patrício que também parecia um bocado chileno, também não notava nem relva, nem calor, nem árbitro, nem mesmo a estranha bola (eu estou convencida de que aquela bola era um bocado temperamental), evitou vários golos e assim boicotou claramente o plano de descansos do seleccionador - erro nítido de casting. Surpreendentemente, ao intervalo só tínhamos sofrido um golo, valentes tugas, contra tudo e contra todos, mesmo contra a bola. Retoma-se o jogo, entra Zezinando, agora sim, agora é que vai ser - que o diga o chileno que ficou no chão a ver se a relva era boa ou não. Segue jogo, assume-se o futebol directo, mas a bola continua temperamental, o calor não abranda, o árbitro está lá, e a relva também. Aos 80' um remate tuga ali do meio-campo pára nas mãos do keeper chileno. Está a melhorar. Eis que se desencadeia a tragédia, Fábio Coentrão é derrubado, não se faz, ele não é chileno, vê-se bem, vai daí que Mano veio largado e mostrou como era ao adversário infractor, o árbitro agiu em conformidade enquanto pôde, pois rapidamente chegou Zequinha que lhe tirou o raio do cartão vermelho... Grande ideia, nunca tinha pensado neste método, tirar o apito ou fazê-lo engolir, já me ocorreu, mas tirar os cartões não. Obrigada Zequinha. O resultado não é brilhante, mas sempre temos o que assuntar durantes os próximos dias de canícula. Olhei para a bandeira e pareceu-me que os pagodes no lugar dos castelos estavam pálidos, resolvi dormir prometendo que a próxima bandeira não compro aos chineses...
0 Comments:
Post a Comment
<< Home