Ópera e o Clássico
Nome: Vamos ao circo!
Ópera em dois actos
Personagens:
2 Treinadores
32 Jogadores
01 Juiz
02 Fiscais
40.000 Figurantes
Cenário
Palco Verde e zonas de entrevistas
Prólogo
Os dois treinadores em dueto fazem afirmações banais sobre a dificuldade do jogo, é sempre um clássico que vai opor duas das melhores equipas portuguesas. Na tradição da comédia, ambos dizem ao público para não se preocupar se houver uma tragédia. É apenas uma peça e não a vida real. Na peça que estão prestes a assistir, tenta-se capturar as velhas tradições e mostrá-las novamente. Verão o amor como o povo real ama. Verão os trágicos resultados do ódio e espasmos da dor real. Escutarão gritos de raiva real e risos cínicos.
Assim, não devem pensar nos pobres truques teatrais. Devem pensar em nossas almas, pois somos pessoas de carne e osso - e neste mundo solitário respiramos o mesmo ar que vocês.
1ºActo
Os adeptos correm para o estádio para receber os actores. Um dos grupos, especialmente felizes, entoa cânticos de apoio a Quaresma, em vénias várias de expiação pública.
O outro grupo de diferente cor divide-se entre o alheamento, a angústia e raiva.
O árbitro entra em campo seguido dos jogadores e a multidão rejubila. Quaresma surge, de narinas dilatadas, olhar determinado e numa entrevista rápida dispara o solo "Vocês verão como Quaresma comete tolices e se vinga,"
Paulo Bento tenta ajudar novamente Miguel Veloso, colocando-o a titular.
Começa o jogo.
Liedson tenta vencer a oposição de Pedro Emanuel que o empurra violentamente.
A multidão ri e vocifera enquanto Liedson jura que ele se vingará deste gesto. Alguns dos jogadores mais apaziguadores convidam outros para um encontro na taberna local para uma bebida depois do jogo.
Bosingwa e Farnerud aceitam, mas Liedson recusa. Os adeptos provocam Liedson, dizendo que Pedro Emanuel somente quer ficar para trás para renovar o contrato. Liedson não está nada divertido e entoa a canção “ Porque não o Luisão”.
Moutinho, deixado sozinho, vai criando perigo; ele sente que ele pode marcar. Inquieta-se. Ele deseja um jogo diferente e, olhando para a baliza, para o céu onde os pássaros levantam vôo, remata para o primeiro golo e canta para si mesmo sobre a liberdade e alegria.
O que acontece em cima do palco e o que acontece na vida real são duas coisas diferentes.
Liedson interrompe-o com uma apaixonada declaração de amor, implorando-lhe para não ir jogar para Espanha. "Eu te amo!" ele diz, "você é meu único que passa a bola direito! E estou determinado a tê-la!" Moutinho zomba dele e Liedson tenta beijá-lo à força. O árbitro apita e mostra amarelo aos dois por “excesso de confraternização”. – Porque não fazem como os do Benfica! Não me ponham na situação de vos ter de expulsar!
Um momento mais tarde Bosingwa aparece, fintando a Tonel e Veloso. Este último, sentado no chão, suplica aos céus para abandonar sua vida infeliz e ir embora. Pede a Bosingwa que o acompanhe no Liverpool. Bosingwa está inseguro. Diz que apesar de gostar dele gosta mais de Espanha e jurou a Pepe que o branco ficava-lhe a matar.
Assim que Quaresma e Bosingwa concordam em jogar juntos, o jogo transfigura-se; Tonel e Polga começam a ter trabalho. Lisandro escapa e Pereirinha segue em perseguição, enquanto Vukcevic anda na escuridão. Lisandro, com um tom sarcástico, congratula Veloso pela sua boa forma. Este, sem fôlego e num ataque de ciúmes da correria do argentino, diz que Tonel irá cortar-lhe a garganta.
"Ameaças não me assustam", diz ele.
Lisandro se joga sobre Tonel com a faca em punho. Lucho chega em tempo de segurá-lo. Meireles puxa Lucho para longe, prometendo que o marcará o livre. Assunção pede a todos silêncio e oração. É chegada a hora do espectáculo!
Meireles cobra a falta que resulta no empate! Entre júbilos e protestos, o publico grita: “Palhaço, palhaço”.
Veloso está confuso e exausto pensa que estão a falar dele. Entoa uma ária que transforma a sua agonia e sofrimento em piadas, as suas lágrimas e mágoas em um rosto engraçado! Ria, palhaço, de seu amor arruinado! Ria da dor que está envenenando seu coração! Representar?! Enquanto eu estou tão delirante que não sei o que estou fazendo (Ele se olha no espelho para ver se o penteado está direito.) Você pensa que é um homem? Você não é nada além de um palhaço!
Coloca uma fantasia e maquilha seu rosto. Paulo Bento, desesperado interiormente, manda aquecer o Izmailov.
O árbitro apita para intervalo e ele sai do teatro chorando, enquanto a música do estádio sobe lentamente.
2º Acto
Liedson entra com seu grande melão depois de ouvir o Paulo Bento.
Quando o árbitro convida para o início ao espectáculo, os espectadores disputam seus assentos. Farias entra silenciosamente e Jesualdo avisa-o para ser cuidadoso. O jogo recomeça.
Bruno Alves, está sentado na área. Ele espera que a bola, na 2ª parte chegue até lá senão morre de frio. Cech está fora do jogo à espera que a galinha assada seja servida para o jantar. Faz sinal ao Quaresma que está na altura de começar a jogar, que ele não quer ir à frente e voltar o tempo todo, que tem mulher e filho e não está para isso. Adriano pede para entrar. Jesualdo pondera em mais um defesa que o resultado não lhe desagrada. Paulo Bento senta-se e começa a rezar quando faltam quinze minutos para o fim. Olha para o banco e suspira. No campo os nervos crescem: Meireles e Moutinho discutem quem vai ou não à selecção; ficam a comparar o tamanho das suas bundas. Vão pedir a opinião do Pedro Emanuel que diz ambas estarem bem e que só não foi ao Mundial por causa da celulite.
Entretanto, o confronto da "peça" entre Tonel e Lisandro continua, Quaresma começa a sair de seu papel e passa para a vida real. Assunção, nos bastidores, empurra Moutinho para a lateral, com comentários sarcásticos. Jesualdo pede para Quaresma fazer de extremo. Ele responde: "Não! Eu não sou um palhaço! Eu sou o louco que controla a bola, finta dois e trivela o tiro fatal! A seguir, faz a referida jogada à 15ª tentativa e marca.
O público fica um pouco confuso, mas cativado pela intensidade da representação grita "Bravo!" Eles não têm ideia que o que está acontecendo no palco agora é perigosamente real. Somente Jesualdo está preocupado. Mas Pinto da Costa recusa-se decididamente a revelar o nome do clube para onde ele vai jogar, apesar do interrogatório histérico da imprensa. Subitamente Tonel puxa uma faca para fora e corre atrás de Lisandro, que tenta correr para a multidão. Ele agarra-o e apunhala. Lisandro chama pede a ajuda do Árbitro. Lucho, correndo em sua defesa, também é apunhalado. Enquanto a multidão recua horrorizada, o enlouquecido e exausto Paulo Bento diz: "A comédia acabou!"
O árbitro apita e as pessoas voltam para as suas insónias!
Texto vagamente associado à opera I Pagliacci, de Rudgero Leoncavallo.
Foi largamente mantida a escrita brasileira para dar mais sabor.
Vinhas
5 Comments:
32 jogadores?
40 000 espectadores?
Mas o texto está muito bom mesmo. Dos melhores que já li. Parabéns.
Então pá, os do banco não contam?
11 + 11 + 7 + 7 = 36
isso era se fossem 5 suplentes para cada lado... no tempo da pré-história.
Existe algum prémio para post mais tonto?
Ó Helena, tás a perder qualidades.
Visigordo, com pena minha, o post não é meu, é publicado por mim mas a autoria é do Vinhas, e tomara eu ter escrito isto.
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