Friday, January 25, 2008

Ópera e o Clássico

Nome: Vamos ao circo!


Ópera em dois actos

Personagens:

2 Treinadores

32 Jogadores

01 Juiz

02 Fiscais

40.000 Figurantes

Cenário

Palco Verde e zonas de entrevistas


Prólogo

Os dois treinadores em dueto fazem afirmações banais sobre a dificuldade do jogo, é sempre um clássico que vai opor duas das melhores equipas portuguesas. Na tradição da comédia, ambos dizem ao público para não se preocupar se houver uma tragédia. É apenas uma peça e não a vida real. Na peça que estão prestes a assistir, tenta-se capturar as velhas tradições e mostrá-las novamente. Verão o amor como o povo real ama. Verão os trágicos resultados do ódio e espasmos da dor real. Escutarão gritos de raiva real e risos cínicos.

Assim, não devem pensar nos pobres truques teatrais. Devem pensar em nossas almas, pois somos pessoas de carne e osso - e neste mundo solitário respiramos o mesmo ar que vocês.


1ºActo

Os adeptos correm para o estádio para receber os actores. Um dos grupos, especialmente felizes, entoa cânticos de apoio a Quaresma, em vénias várias de expiação pública.

O outro grupo de diferente cor divide-se entre o alheamento, a angústia e raiva.

O árbitro entra em campo seguido dos jogadores e a multidão rejubila. Quaresma surge, de narinas dilatadas, olhar determinado e numa entrevista rápida dispara o solo "Vocês verão como Quaresma comete tolices e se vinga,"

Paulo Bento tenta ajudar novamente Miguel Veloso, colocando-o a titular.

Começa o jogo.

Liedson tenta vencer a oposição de Pedro Emanuel que o empurra violentamente.

A multidão ri e vocifera enquanto Liedson jura que ele se vingará deste gesto. Alguns dos jogadores mais apaziguadores convidam outros para um encontro na taberna local para uma bebida depois do jogo.

Bosingwa e Farnerud aceitam, mas Liedson recusa. Os adeptos provocam Liedson, dizendo que Pedro Emanuel somente quer ficar para trás para renovar o contrato. Liedson não está nada divertido e entoa a canção “ Porque não o Luisão”.

Moutinho, deixado sozinho, vai criando perigo; ele sente que ele pode marcar. Inquieta-se. Ele deseja um jogo diferente e, olhando para a baliza, para o céu onde os pássaros levantam vôo, remata para o primeiro golo e canta para si mesmo sobre a liberdade e alegria.

O que acontece em cima do palco e o que acontece na vida real são duas coisas diferentes.

Liedson interrompe-o com uma apaixonada declaração de amor, implorando-lhe para não ir jogar para Espanha. "Eu te amo!" ele diz, "você é meu único que passa a bola direito! E estou determinado a tê-la!" Moutinho zomba dele e Liedson tenta beijá-lo à força. O árbitro apita e mostra amarelo aos dois por “excesso de confraternização”. – Porque não fazem como os do Benfica! Não me ponham na situação de vos ter de expulsar!

Um momento mais tarde Bosingwa aparece, fintando a Tonel e Veloso. Este último, sentado no chão, suplica aos céus para abandonar sua vida infeliz e ir embora. Pede a Bosingwa que o acompanhe no Liverpool. Bosingwa está inseguro. Diz que apesar de gostar dele gosta mais de Espanha e jurou a Pepe que o branco ficava-lhe a matar.

Assim que Quaresma e Bosingwa concordam em jogar juntos, o jogo transfigura-se; Tonel e Polga começam a ter trabalho. Lisandro escapa e Pereirinha segue em perseguição, enquanto Vukcevic anda na escuridão. Lisandro, com um tom sarcástico, congratula Veloso pela sua boa forma. Este, sem fôlego e num ataque de ciúmes da correria do argentino, diz que Tonel irá cortar-lhe a garganta.

"Ameaças não me assustam", diz ele.

Lisandro se joga sobre Tonel com a faca em punho. Lucho chega em tempo de segurá-lo. Meireles puxa Lucho para longe, prometendo que o marcará o livre. Assunção pede a todos silêncio e oração. É chegada a hora do espectáculo!

Meireles cobra a falta que resulta no empate! Entre júbilos e protestos, o publico grita: “Palhaço, palhaço”.

Veloso está confuso e exausto pensa que estão a falar dele. Entoa uma ária que transforma a sua agonia e sofrimento em piadas, as suas lágrimas e mágoas em um rosto engraçado! Ria, palhaço, de seu amor arruinado! Ria da dor que está envenenando seu coração! Representar?! Enquanto eu estou tão delirante que não sei o que estou fazendo (Ele se olha no espelho para ver se o penteado está direito.) Você pensa que é um homem? Você não é nada além de um palhaço!

Coloca uma fantasia e maquilha seu rosto. Paulo Bento, desesperado interiormente, manda aquecer o Izmailov.

O árbitro apita para intervalo e ele sai do teatro chorando, enquanto a música do estádio sobe lentamente.


2º Acto

Liedson entra com seu grande melão depois de ouvir o Paulo Bento.

Quando o árbitro convida para o início ao espectáculo, os espectadores disputam seus assentos. Farias entra silenciosamente e Jesualdo avisa-o para ser cuidadoso. O jogo recomeça.

Bruno Alves, está sentado na área. Ele espera que a bola, na 2ª parte chegue até lá senão morre de frio. Cech está fora do jogo à espera que a galinha assada seja servida para o jantar. Faz sinal ao Quaresma que está na altura de começar a jogar, que ele não quer ir à frente e voltar o tempo todo, que tem mulher e filho e não está para isso. Adriano pede para entrar. Jesualdo pondera em mais um defesa que o resultado não lhe desagrada. Paulo Bento senta-se e começa a rezar quando faltam quinze minutos para o fim. Olha para o banco e suspira. No campo os nervos crescem: Meireles e Moutinho discutem quem vai ou não à selecção; ficam a comparar o tamanho das suas bundas. Vão pedir a opinião do Pedro Emanuel que diz ambas estarem bem e que só não foi ao Mundial por causa da celulite.

Entretanto, o confronto da "peça" entre Tonel e Lisandro continua, Quaresma começa a sair de seu papel e passa para a vida real. Assunção, nos bastidores, empurra Moutinho para a lateral, com comentários sarcásticos. Jesualdo pede para Quaresma fazer de extremo. Ele responde: "Não! Eu não sou um palhaço! Eu sou o louco que controla a bola, finta dois e trivela o tiro fatal! A seguir, faz a referida jogada à 15ª tentativa e marca.

O público fica um pouco confuso, mas cativado pela intensidade da representação grita "Bravo!" Eles não têm ideia que o que está acontecendo no palco agora é perigosamente real. Somente Jesualdo está preocupado. Mas Pinto da Costa recusa-se decididamente a revelar o nome do clube para onde ele vai jogar, apesar do interrogatório histérico da imprensa. Subitamente Tonel puxa uma faca para fora e corre atrás de Lisandro, que tenta correr para a multidão. Ele agarra-o e apunhala. Lisandro chama pede a ajuda do Árbitro. Lucho, correndo em sua defesa, também é apunhalado. Enquanto a multidão recua horrorizada, o enlouquecido e exausto Paulo Bento diz: "A comédia acabou!"

O árbitro apita e as pessoas voltam para as suas insónias!



Texto vagamente associado à opera I Pagliacci, de Rudgero Leoncavallo.

Foi largamente mantida a escrita brasileira para dar mais sabor.


Vinhas

5 Comments:

At 6:27 PM, Blogger JNF said...

32 jogadores?
40 000 espectadores?


Mas o texto está muito bom mesmo. Dos melhores que já li. Parabéns.

 
At 6:32 PM, Blogger Helena Henriques said...

Então pá, os do banco não contam?

 
At 10:42 PM, Blogger JNF said...

11 + 11 + 7 + 7 = 36

isso era se fossem 5 suplentes para cada lado... no tempo da pré-história.

 
At 12:39 AM, Blogger Visigordo said...

Existe algum prémio para post mais tonto?
Ó Helena, tás a perder qualidades.

 
At 2:45 AM, Blogger Helena Henriques said...

Visigordo, com pena minha, o post não é meu, é publicado por mim mas a autoria é do Vinhas, e tomara eu ter escrito isto.

 

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