E pronto...
Tentarei ser breve e sintético, não pretendo maçar ninguém e não me apetece escrever muito.
Portugal perdeu bem. Fez um jogo medíocre (embora alguns jogadores tenham jogado bastante bem, como foram os casos de Cristiano Ronaldo, Maniche e Meira), lento, pastoso, sem imaginação. Em suma, Portugal foi inofensivo - oportunidades de golo teve apenas uma: a cabeçada de Figo (com o intratável Postiga a estorvar a acção do capitão português).
Posto isto, uma França em auto-gestão (de cartões - foram seis os titulares da França que entraram em campo amarelados - e de esforço - Zidane está velho, Henry está em competição há mais de dez meses consecutivos, Vieira também não vai para novo, etc.) sobrou para a mediocridade e tepidez do ataque luso. E esta expressão foi bem à jornalista desportivo, têm que admiti-lo. "Ataque luso" poderia perfeitamente ter sido dito por um Carlos Daniel, um Rui Tovar, um Gabriel Alves ou um João Querido Manha.
Como se esperava, Pauleta foi aquilo a que nos habituou. Falta de talento, falta de espontaneidade, falta de velocidade, falta de técnica. Falta de banco, no fundo. Falta de férias, talvez. Ou até de uma profissão mais adequada à sua vocação. Paralítico e um pouco burro, como faz parte, Pauleta fez um mundial à sua medida: jogou quatro minutos e frente a um adversário da sua igualha. Tenho para mim que, se jogasse por Angola, os africanos podiam ter marcado mais um golinho. Contra o Irão, evidentemente. E perante uma baliza deserta, já dentro da pequena área, a fazer aquilo que melhor sabe enquanto goleador: "encostar", como se usa dizer. Na escola primária chamava-se "jogar à mama".
O resto da equipa foi mais ou menos isto: 5 de 0 a 10. Deco e Costinha talvez levassem 4, vá lá. O Deco até começou bem mas apagou-se depressa. Acabou por ter uma segunda parte a roçar o vergonhoso - acho que nunca o tinha visto perder bolas dos pés daquela forma. Parecia um iniciado. Costinha foi igual a si próprio. Aliás, nesse aspecto, Costinha e o paraplégico dos queijos têm em comum a polivalência: onde quer que os ponham a jogar, eles simplesmente não jogam. Anos e anos a arrastar-se sobre a erva resultam inevitavelmente em elevado savoir faire. Já estou a imaginar Scolari a dar as indicações a este duo dinâmico "vai no gramado e se deixe ficar".
Scolari é outro. Nunca tive uma opinião consistente sobre o brasileiro. Gosto de algumas coisas no seu estilo, da sua teimosia, do espírito que incute. Mas não gosto da sua estratégia efectiva, da sua previsibilidade e da sua inflexibilidade para emendar o que está errado. Scolari é um grande gestor, sem dúvidas. Mas, enquanto treinador, é pobrezinho. E ontem voltou a demonstrá-lo - depois da vergonha de ter ido a penalties frente a Inglaterra num jogo em que esteve mais de uma hora (incluindo o prolongamento) a jogar contra dez. Aliás, contra Inglaterra Ricardo mereceu a eliminatória e mereceu-a por toda a equipa. Mas, pelo jogo jogado, os ingleses fizeram mais pela vida que nós. E melhor. Sorte portuguesa, dessa vez.
Voltando a Scolari: foi pobre ao ponto de nem ter que levar uma lição táctica do opositor francês. Domenech limitou-se a armar o esquema habitual e pôs a equipa a jogar em "espera". Simples. Não foi preciso mais. A fechar, Scolari foi infeliz nas declarações. Não acho que Portugal tenha sido "roubado". Nos dois lances mais quentes, parece-me que o árbitro esteve bem. Ricardo Carvalho fez mesmo penalty e no toque de Sagnol a Ronaldo julgo que aquilo foi mais uma "festinha" - é um pouco gay, é certo; mas ser gay não dá falta - do que um empurrão. Soou-me um pouco a desculpa esfarrapada (mais grave: remeteu-me para os tempos do Oliveira, quando todo o universo era culpado - o universo menos o Oliveira, claro).
Sobre Scolari e o espírito da equipa há ainda uma outra coisa que me intriga: jogam todos os jogos como se fossem "o grande jogo". Quando chegam ao "grande jogo" encolhem-se, desmoralizam, desistem, param. Foi assim com a Grécia, em 2004, e voltou a ser assim ontem. E pronto, já escrevi demais.
Acrescento apenas duas coisas: a selecção fez um excelente mundial com um percurso notável - e com a imprensa estrangeira constantemente à perna a distorcer-nos a imagem, a achincalhar-nos e chamar-nos de fingidores, traidores, etc. Nunca esperei que chegassem tão longe e, claro, é sempre triste morrer na praia. Mas, de um modo geral (i.e. tirando o Pauleta e o Costinha), merecem o meu aplauso. A segunda coisa é curta: forza Itália!
11 Comments:
Que exagero, o Pauleta não era deixado em paz pelos franceses, bem como o Deco, Cristiano e Figo. Não tivemos soluções, é verdade, a equipa é curta, verdade. Mas, chegamos às meias finais, e em vez dos 3 secos do Brasil, levamos um e de penalti. Tivemos sorte contra a Inglaterra porque os artilheiros deles estavam desinspirados. Os franceses também tiveram sorte com a falta de inspiração do Deco e do Maniche (eu esperava um daqueles seus tiros do meio campo, não saiu - nem por isso discordo que ele tenha sido um dos mlhores em campo). Estranhei as declarações do Scolari no fim, parecem mais declarções de Superliga do que dele, mas não ouvi o que raio disse o seleccionador francês. Well, who cares? Agora, vejamos, tudo isto só é válido se tivermos a lucidez de nos organizar de forma a repetir em menos de 40 anos, para isso é útil alguma maturidade nos balanços que implica deixar para trás o comportamento bipolar de Bestial/Besta.
PS. Uma palavra para reconhecer que Makelele, Thourane, Gallas estiveram muito bem.
Não lhes chamei bestas. A todos. Aliás, no geral (i.e. tirando Pauleta e Costinha) estiveram bem mais perto do "bestial".
Sobre os franceses, fizeram o que lhes competia. Aliás, até acho um desperdício ter Thuram e Gallas a marcar o ilhéu.
Mas eles não acharam. E ganharam. Quanto às bestas, não era propriamente contigo - tenho passeado pela blogosfera (e pelos cafés, enfim).
Mas um jogador como Zidane merece dizer adeus com o caneco na mão!!
FORZA, ITALIA!!!!!!!!!!!!!
Para isso tem de ganhar a Itália... é o meu joker, dá-me jeito :)
Eu já tenho tudo estragado nos meus palpites... A França estragou tudo.
Concordo com tudo, e acho que se o Nuno 30 anos de anivesário Gomes tivesse entrado, talvez acontecesse um milagre.
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