Thursday, September 25, 2008

Vão passear


(Saída da excursão rumo a Fátima, para ver a Nossa Senhora, em Agosto último)


Eis que se aproxima o dia do ano que o Grupo Excursionista menos aprecia. Habituados a passeatas a Santiago de Compostela e ao Santuário de Fátima, a turminha do Campo Grande vê-se a braços com uma deslocação que não mete camioneta de carreira: é carregar no botão, rezar para não electrocutar, esperar pelo verde, atravessar et... voilá, ei-los perante o único monumento que mais os assombra do que a basílica da Santíssima Trindade.
Há que compreender o desapontamento. É gente que paga cotas é para conhecer o mundo. Falamos de uma peculiar comunidade que, em tempos, vibrava de contentamento com piqueniques na mata do Jamor, mas que, ultimamente, até já vai à Espanha – e não, não é apenas a Compostela. Eles já vão a Madrid, eles já vão a Barcelona... é um fartote de passear. É, portanto, fácil de entender o desencanto que encontram em tão curta viagem, com destino mesmo ali ao virar da esquina. Não vale a pena nem levar farnel.
Há, porém, algo que este ano marca de forma diferente o grupo – que, diga-se, é uma das colectividades com mais pergaminhos na cidade. Falamos do “espírito”. Do motorista à senhora que conta as anedotas, em cada excursionista pode encontrar-se um sorriso largo e esperançoso, uma confiança inabalável de que a jornada não será tão acidentada quanto as recentes lá na Espanha. Mas já se sabe que as visitas a catedrais e locais de culto impõem uma certa dose de reverência. Por esta razão, é bom que a euforia, sobretudo dos mais pequenos que se alegram com qualquer passeio, nem que seja à creche de Alcochete, se transforme no puro respeito que a ocasião exige. Com o misticismo não se brinca. E, não é por virem de barriga cheia e sem farnel, que o regresso a casa com a digestão ligeira está garantido.

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