Friday, December 19, 2008

Marketing

O marketing é uma actividade pragmática.

Por vezes os seus critérios escapam à compreensão do comum dos mortais e vai mais além do que a nossa consciência imediata.

Só assim se justifica que os nossos consumos se dirijam muitas vezes para coisas sem qualidade, pouco saudáveis e procuremos uma imagem e estilo de vida que não correspondem as nossas carteiras.

Só através do marketing se pode compreender como certos políticos são eleitos, enfim.

Daí que o marketing promova por vezes um produto contra ele mesmo, por mais estranho que possa parecer.

Vejamos: o Canal Benfica é um media orientado para 6 milhões de portugueses entre país e estrangeiro. Destes, apenas 15% irá adquiri-lo e mantê-lo. São fiéis, fanáticos e pronto, para estes, não é preciso vender. São consumidores fixos.

Mas um canal de televisão tem de ter um share médio de 1,5 milhões para manter um nível de sobrevivência aceitável.

Há pois que usar o marketing para ir buscar os restantes.

Admitindo que os restantes são portistas e sportinguistas (vá lá, 5 milhões entre ambos) e que por lógica nem lhes passaria adquirir um canal do rival, como cativá-los?

Resposta: perdendo.

A estratégia consiste pois em manter os fiéis insatisfeitos e com um grande melão (sempre na expectativa do “agora é que vai ser!”) e os outros interessados e potenciais consumidores.

Grande parte dos portistas delicia-se com as derrotas do SLB, não importa com quem, mesmo que com uma equipa que tem nome de jogo de Playstation ou banda de Heavy metal polaco. Os sportinguistas, mais fleumáticos talvez, não expressam de uma forma tão frontal. Mas estou a vê-los, sentados no sofá depois de um extenuante dia de trabalho na Banca, a encher o seu copo de Chivas, sentar-se no sofá e pensar: - Que dia estafante! Bom, vou descontrair um pouco. Deixa-me ver contra quem o SLB está a perder hoje!

Afinal, quem seria o mais feliz consumidor do Benfica TV?

Com esta estratégia fidelizam mais uns 10% e aproximam-se do target.

Bem pensado, não?



Vinhas

Wednesday, December 03, 2008

Quim. Joaquim...

(Resposta ao Vinhas - reedição do comentário postado no texto abaixo)

Vamos lá por partes.

Antes de mais, não posso deixar de concordar contigo (com o Vinhas). É, no meu entender, o melhor guarda-redes português da actualidade. Se não for, será pelo menos o melhor que o Benfica tem.

Em segundo lugar, há que recordar o que aconteceu quando Koeman tirou a titularidade a Quim para oferecê-la a Moretto: o Benfica foi por aí abaixo e fez uma época medíocre de então em diante (quando Moretto chegou, estávamos a lutar pelo primeiro lugar...).

Mas há que analisar o momento. Deixar Quim à mercê de futuras críticas - fáceis, diga-se - é expô-lo injustamente; é fazê-lo tremer; é pôr em causa a justiça das opções do treinador. Eu sei o que é aquele Terceiro Anel. Eu sei o que é que aquele povo, hoje em dia mais habituado a populismos do que a vitórias (por burrice!), exige, no momento, na hora, já: uma cabeça.

Se o treinador souber proteger Quim, dar-lhe-á umas "férias", digamos assim. Para ele se recuperar animicamente - convenhamos: está num péssimo momento de forma que, caso não se recupere, só poderá ter um desfecho: piorar. Encaixou 13 golos em duas semanas. É obra. Se eu fizesse merda 13 dias seguidos no meu trabalho, metia baixa... O Quim precisa disso. Para que, daqui a duas ou três semanas, esteja de volta, em grande. E que, sem deixar dúvidas a ninguém, demonstre que é incomparavelmente melhor do que qualquer um dos outros dois.

Aproveito ainda para deixar uma palavra sobre Moreira. Ele está nesse tal limbo que o Vinhas refere. E não é um "mau" guarda-redes. É mediano. É um bom suplente. Tal como o Nuno é um bom suplente do Helton ou o Tiago é um óptimo suplente do Patrício. Se o Quim está em baixo, não dar uma oportunidade a Moreira - nem que seja para rodar, para mostrar que ainda lá está - será tremendamente injusto...

Quim

Ok, não me apanham muitas vezes neste papel de elogiar o adversário assim de forma tão particular.

Acontece que Quim já está a ser injustiçado e crucificado sem dó nem piedade por causa de um suposto frango contra o Setúbal. Suposto porque tenho dúvidas de que pudesse ver a bola partir.

Frango mesmo foi contra o Desportivo das Aves em 2006, este, sinceramente, não me pareceu.

Mas o que importa é a rapidez com que se esquece as defesas de Quim que valeram pontos e resultados, aquela série de três defesas contra o Manchester United, o abono de família que foi nos momentos em que a defesa do SLB era o que se sabia.


Quim é o melhor guarda-redes português do momento e não há cá histórias de encantar!

Esteve mal no lance? Esteve. E depois? Não conheço nenhum grande guarda-redes que não tenha umas penas na boca a dada altura.

Falar em por o Moretto no próximo jogo é uma coisa que só lembra a um benfiquista desesperado (ainda não chegou a hora fatal!), onde não cabe um quark de memória, na altura em que o Luisão tinha dois AVC’s por jogo e que havia benfiquistas no estádio que viam os jogos como se fossem filmes de terror.

E esta preocupação tem a ver com uma questão elementar: não gostaria que o Quim acabasse como outros jogadores do SLB que são triturados pela crítica e adeptos e que depois mergulhados no limbo.

Ele não merece tal destino.

Espero vê-lo no próximo jogo (se o substituírem, a mensagem que passa é de desgoverno interno e… lá vai mais uma época para o galheiro!), a demonstrar as suas qualidades e a calar a boca de muitos que pensam que este grande guarda-redes pode ser encostado.

Vinhas