Marketing
O marketing é uma actividade pragmática.
Por vezes os seus critérios escapam à compreensão do comum dos mortais e vai mais além do que a nossa consciência imediata.
Só assim se justifica que os nossos consumos se dirijam muitas vezes para coisas sem qualidade, pouco saudáveis e procuremos uma imagem e estilo de vida que não correspondem as nossas carteiras.
Só através do marketing se pode compreender como certos políticos são eleitos, enfim.
Daí que o marketing promova por vezes um produto contra ele mesmo, por mais estranho que possa parecer.
Vejamos: o Canal Benfica é um media orientado para 6 milhões de portugueses entre país e estrangeiro. Destes, apenas 15% irá adquiri-lo e mantê-lo. São fiéis, fanáticos e pronto, para estes, não é preciso vender. São consumidores fixos.
Mas um canal de televisão tem de ter um share médio de 1,5 milhões para manter um nível de sobrevivência aceitável.
Há pois que usar o marketing para ir buscar os restantes.
Admitindo que os restantes são portistas e sportinguistas (vá lá, 5 milhões entre ambos) e que por lógica nem lhes passaria adquirir um canal do rival, como cativá-los?
Resposta: perdendo.
A estratégia consiste pois em manter os fiéis insatisfeitos e com um grande melão (sempre na expectativa do “agora é que vai ser!”) e os outros interessados e potenciais consumidores.
Grande parte dos portistas delicia-se com as derrotas do SLB, não importa com quem, mesmo que com uma equipa que tem nome de jogo de Playstation ou banda de Heavy metal polaco. Os sportinguistas, mais fleumáticos talvez, não expressam de uma forma tão frontal. Mas estou a vê-los, sentados no sofá depois de um extenuante dia de trabalho na Banca, a encher o seu copo de Chivas, sentar-se no sofá e pensar: - Que dia estafante! Bom, vou descontrair um pouco. Deixa-me ver contra quem o SLB está a perder hoje!
Afinal, quem seria o mais feliz consumidor do Benfica TV?
Com esta estratégia fidelizam mais uns 10% e aproximam-se do target.
Bem pensado, não?
Vinhas