Monday, February 27, 2006

Sem máscaras, sem penas e sem espinhas

Lamentável. Uma pessoa espera, de ego cheio, até à uma da madrugada para assistir àquele espectáculo habitualmente medíocre que a TVI proporciona - com aquele apresentador tripeiro e enjoado, o outro ex-árbitro, lagarto e parvo, e ainda o João Querido Manha que, sendo benfiquista, também não é agradável... -, à espera de ver qualquer coisa parecida com análise ao clássico, e o que é que encontra? José Peseiro a explicar a táctica (perceberam agora por que razão os jogadores não percebiam?), Pôncio Monteiro a fazer de Pôncio Monteiro e Toni a fazer de corpo presente, enfatizando sempre o "... como disse, e muito bem, o Peseiro". O que mais me indignou, para além da indisfarçável má-vontade do pivot em conduzir as operações, foi o tempo de antena dado a Pôncio. Tudo bem, os primeiros cinco minutos poncianos têm sempre o seu quê de diversão. Mas, a partir daí, torna-se repetitivo, chato. E, quando o ridículo se torna enfadonho, o melhor é mudar de palhaço. Já se sabe que a TVI não tem - nunca teve; julgo que nunca terá - a menor das intenções em fazer um tratamento rigoroso da informação, seja ao nível noticioso, seja ao nível da análise. Não é essa a especialidade da estação. Mas daí a dar meia-hora de sinal aberto àquela pessoa senil e impertinente vai uma grande distância. Por que não pôr o Batatinha a comentar as incidências do jogo, por exemplo? Tem, pelo menos, mais dinâmica.

Mas não quero alongar-me em demasia por devaneios extra-futebol. Aliás, se o quisesse fazer, poderia facilmente pegar na criativa iniciativa dos super dragões e falar da ausência de certificação das máscaras anti-vírus, da vulnerabilidade de Vítor Baía às viroses da Luz ou da falta de anti-corpos de Adriaanse. Mas não irei fazê-lo: é perda de tempo. Aliás, em relação à claque tripeira e à indignação acerca da entrada atribulada no estádio, tenho apenas que esclarecer os menos entendidos: as sacudidelas policiais não foram obra do corpo de intervenção. Foi antes manobra do corpo de prevenção e despistagem. Uma espécie de "bácina", como se diz pela Invicta. Só que com seringa grossa. Alguém se constipou? É evidente que não. 100% eficaz. Bem podiam ter deixado as máscaras em casa. Assim, tiveram que as embrulhar e guardar no bolso. Acontece. Já Pinto da Costa também voltou a merecer tratamento cuidadoso. Depois da zelosa escolta do guarda Abel à sua concubina, foi a vez do aconselhamento médico dissuadir o presidente portista de pisar a relva sagrada - não fosse o bicho penoso engripar-se. E não se engripou.

Já em relação ao jogo, começo por referir um dado curioso - vale o que vale, mas não deixa de ser curioso -: em menos de uma semana, o Glorioso recebeu e venceu os dois últimos campeões europeus. Para uma equipa que procura sair da crise, é difícil encontrar incentivo maior. A bola está agora do lado de Koeman - com tudo o que isso tem de bom e de mau.

A vitória de ontem foi inequívoca. A primeira parte foi toda do Benfica, com domínio forte do meio-campo. Manuel Fernandes terá feito, provavelmente, o melhor jogo da época. Aniquilou Lucho - quanto a mim, o melhor jogador do campeonato português -, recuperou jogo, acertou os passes, não se precipitou, organizou, distribuiu, ajudou na defesa e lançou o ataque. Quase perfeito. O FC Porto nunca conseguiu assentar jogo e construir em condições. O Benfica também não fez brilharetes, mas a preocupação também não era essa. O mais importante era segurar o jogo e atacar pela certa. Foi o que aconteceu, em duas ocasiões. Numa, Alcides cruzou milimétrico para a cabeça de Robert, mas Paulo Assunção (excelente exibição) cortou, no limite, quando o francês já embalava a testa direitinha ao esférico. Na segunda, Poderosa Amélinha não deixou créditos por pés alheios e fez o que melhor sabe: falhou o golo, na cara de Vítor Baía (esta vai custar-lhe um miligrama).

O Glorioso golo surgiu da conjugação de três factores: a lesão de Helton + o pontapé de Robert + o talento de Baía. Exclamou Vítor, no final da partida "parecia que tinha controlo remoto". Caro Vítor: quando o Mourinho diz "Robert é um perigo nas bolas paradas", o melhor é acreditar e prestar atenção. Foi um pontapé fantástico, é certo. O efeito da bola foi notório. Tem coice, este francês. Mas Baía deu um frango. Dos grandes - repetindo a proeza do ano passado, que acabou defendido por Benquerença, in-extremis. Se tivesse sido Moretto, Rui Nereu ou Ricardo (sim, o do Sportém) a dar um casão daqueles, teríamos linchamento de imprensa durante, pelo menos, quinze dias. Mas a Baía perdoa-se tudo. Desde que ele vá repetindo a gracinha... - e já lhe vai longa a carreira e os frangos no currículo, portanto, o melhor é confiar que sim.

Ainda sobre a primeira parte, há mais duas ou três notas importantes. Primeiro, a melhoria de nível do meio-campo benfiquista com três homens, sendo que nenhum deles é o Beto. Karagounis esteve bem e protagonizou três ou quatro lances engraçados. Por vezes, ainda se agarra demasiado à bola. Mas, no jogo de ontem, também isso era necessário. Petit esteve incansável, como é hábito, fechando bem a primeira linha defensiva. Nas extremas, Simão esteve apagado. Ainda assim, fez a assistência para Amélinha com um passe prodigioso (na segunda parte, voltaria a repetir a dose e Nuno Gomes repetiria o falhanço, mas, desta vez, de forma menos escandalosa). Robert tem apontamentos deliciosos, de recorte fino. É pena a sua inconstância. Às vezes, esconde-se do jogo. Mas, quando pega na bola, faz estragos na defensiva adversária. Na defesa, toda a gente actuou a um bom nível. Mas destaco Léo e Alcides. Os alas benfiquistas não só defenderam com acerto como foram os primeiros motores das iniciativas de ataque. Volto a sublinhar a capacidade de Alcides em fazer toda a linha, com grande facilidade, executando cruzamentos precisos. É notável também a sua capacidade de recuperação - é muito rápido a recuperar a posição. Sobre Léo, que mais se pode dizer? Como é possível que este homem tenha passado tanto tempo no banco?

Na segunda parte, o jogo mudou. O Benfica passou a controlar as operações com uma postura igualmente pressionante, mas em terrenos mais recuados. Parece-me que a opção de Koeman foi acertada. Deste modo, seria mais difícil conceder espaços ou ter a defensiva descompensada. Por outro lado, seria mais fácil criar desequilíbrios em contra-ataques rápidos, quando recuperasse a posse de bola. Foi o que aconteceu e o Glorioso só não chegou ao segundo por alguma incompetência da linha avançada. E também de João Ferreira - aquele lance de Lucho com Petit é risível. Como é possível não ver aquela falta, de frente para o lance?

Sobre os jogadores, pouco mudou. No FC Porto, as substituições não foram de grande acerto. Adriaanse não é um treinador para os grandes momentos. Já o víramos, a época passada, em Alkmaar, e esta época no Dragão. Ontem, voltou a confirmar as previsões. Dá a ideia de que estabelece um esquema no início e depois não tem a habilidade para o moldar às circunstâncias do jogo. No Benfica, as alterações foram as estritamente necessárias e, por isso mesmo, não podem ser classificadas de acertadas ou descabidas. Foram apenas as adequadas. Ou, se quiserem, as possíveis. De realçar, nesta segunda parte, a exibição de Luisão e, uma vez mais, Léo. O central foi intransponível enquanto o lateral-esquerdo foi incansável, irrequieto e, por vezes, explosivo, ajudando a quebrar o sufoco em que a teia azul-e-branca ia envolvendo a Gloriosa defesa.

Antes de terminar, tenho que mencionar a arbitragem. Houve quem apregoasse que João Ferreira foi uma escolha pró-Benfica. Depois do jogo de ontem, só se pode constatar que tais afirmações decorreram de uma de duas causas possíveis: falta de rigor na análise ou má-fé desavergonhada. Causas que podem ser atribuídas igualmente ao desempenho do árbitro da partida. Há duas grandes penalidades por assinalar (mão de Pepe - o remate não foi à queima, foi um cruzamento largo e o corte com o braço é intencional - e agarrão de Lucho a Petit), expulsão perdoada a Quaresma em duas ocasiões (entrada violentíssima sobre Léo e agressão, a soco, a Alcides) e várias faltas a meio-campo por assinalar ou, em certos casos, assinaladas ao contrário. Em prejuízo do FC Porto, apenas o amarelo que ficou no bolso quando Léo entrou sobre McCarthy. Porém, não tendo a lesão do sul-africano tido consequências de maior, penso que o castigo a aplicar ao lateral benfiquista deverá ser decidido pela direcção do clube da Luz. Vamos lá a acabar com a violência infrutífera...

A táctica utilizada foi, uma vez mais, aquela que eu ensinei ao Koeman. Já só lhe falta trocar o Moretto pelo Quim.
Vamos aos miligramas de Dianabol:

-Moretto, 6 mlg.
-Alcides, 7 mlg.
-Luisão, 8 mlg.
-Andersson, 6 mlg.
-Léo, 8 mlg.
-Petit, 7 mlg.
-Manuel Fernandes, 8 mlg.
-Karagounis, 6 mlg.
-Robert, 7 mlg. (6 mlg. + 1 mlg. bónus pelo golo)
-Simão, 6 mlg.
-Nuno Gomes, 5 mlg.
-Marco Ferreira, 2 mlg.
-Beto, 5 mlg.
-Ricardo Rocha, um charro.

Wednesday, February 22, 2006

Liga dos Campeões: só para benfiquistas

É claro que estou sorridente e com o ego aconchegado. Eu mereço. Afinal, fui eu quem deu a táctica ao Koeman. Acresce que a grande nação anti-benfiquista está hoje cabisbaixa. Temos pena. O Liverpool desapontou-vos, bem sei. Esperavam mais da estratégia do Benitez. Eu compreendo. Mas, descansem, ainda falta a segunda mão. E não me parece (cruzes canhoto, o diabo seja cego e surdo e distraído) que o Benfica consiga repetir o triunfo. A tarefa vai ser tão dura para nós, benfiquistas, quanto para vós, liverpoolianos.

Houve coisas de que gostei e outras de que não gostei, no jogo de ontem. E houve outras que só gostei mais ou menos - a entremeada não estava grande coisa, por exemplo.

Comecemos pelo jogo, em si. Não foi um jogo bonito. Mas foi bem disputado, mexido, enérgico e com muita luta pela bola - o que nem sempre sucede nestes jogos em que a táctica e o estudo mútuo costumam imperar. Ambas as equipas fizeram pela vida e demonstraram atitude. Isto embora me pareça que o Liverpool confiou demais na ideia de que o golo havia de aparecer e se desleixou um pouco na entrada para o segundo tempo. Com o passar dos minutos, este excesso de confiança transformou-se em ansiedade e, por fim, num certo desacerto. Muito por culpa do Benfica, que fez um jogo em ascensão sobre o adversário. Esta ascensão acentuou-se com a troca de Beto por Karagounis.

Falemos de Beto, precisamente. Não me parece correcto que se o assobie. É um lutador, abnegado e dá tudo o que tem. É pouco? Seguramente. E, mais grave, se estivermos a falar de uma competição como a Champions. No entanto, penso que Koeman optou bem por lhe dar a titularidade, desgastando o adversário e travando a equipa inglesa logo à saída do seu meio-campo. Depois, a opção revelou-se de grande acerto. Com os centro-campistas forasteiros já adaptados a um certo ritmo e estilo de jogo - trapalhão, impulsivo e, muitas vezes, inconsequente - do Benfica, respondeu-se com um cérebro e um par de pés à altura dos acontecimentos: Karagounis. É estranho como este grego não se afirma como titular e se revela precioso quando entra no segundo tempo. Um verdadeiro playmaker, da melhor refinaria.

Mais uma vez, não gostei de Simão. Ou a birra é grande ou a quebra de forma é gigante. Não ganha um lance, esconde-se do jogo, não supera o adversário no um para um. Acresce que mostra um incompreensível egoísmo - diria mesmo sofreguidão - na hora de bater livres. Talvez se esqueça que Petit já nos deu um empate com dois livres directos, esta época, na sua ausência (2-2 frente ao Rio Ave), e que Laurent Robert também gostava de molhar a sopa de vez em quando. Koeman tem que pôr mão nisto. Se há outros especialistas e se o capitão está em quebra, os outros que se cheguem à frente. Por falar em Robert, voltei a gostar da sua exibição. É pena que seja um pouco inconstante. Mas tem uma característica que o define: trata bola por tu. E é um "tu" que tem tanto de carinhoso como de mandão. Podia e devia participar mais na manobra ofensiva, sem medo de ser ele a assumir as despesas, em vez de procurar com algum nervosismo o ponta-de-lança ou o extremo oposto para endossar a bola. Mas tem toque, tem cabeça e tem estofo para estas andanças. Sem dúvidas, positivo. A sua substituição por Nélson não se percebeu muito bem (por que não tirar antes Simão?). Acresce que Nélson esteve francamente mal - será que nos andou a enganar durante os primeiros dois meses em que envergou a Digníssima? Espero que não. Mas é bom lembrar que a relva do Inferno em noite europeia não tem qualquer semelhança com os areais cabo-verdianos.

Aliás, a ala direita do Benfica esteve bem. Alcides anulou Kewell e ainda ajudou no ataque. Mais uma boa prestação do jovem gangster benfiquista. Do lado oposto, Léo deu-nos mais do mesmo. A receita é a habitual: muita concentração, velocidade, técnica e uma pitada de sem-vergonhice, para enervar o opositor. Grande exibição deste calmeirão que até se deu ao luxo de ganhar bolas de cabeça (!) a Morientes (!!). A ala esquerda foi toda sua. Os desequilíbrios que cria a atacar e as compensações que exerce a defender fazem de Léo uma peça fundamental no esquema da equipa e desequilibradora num jogo em que as coisas estão como que "atadas". Ele desata. Desata a correr, pelo menos, e é um ver se te avias para o adversário...

Os centrais benfiquistas estiveram bem. Andersson um pouco nervoso. Mas competente. Luisão muito mais sereno. No segundo tempo, foi imperial. Literalmente - o vinho já tinha acabado. Voltando a Luisão, secou Morientes e ainda lhe sobrou tempo para arrumar Fowler, naquele que foi um regresso apagado aos grandes palcos do lunático mais talentoso do Liverpool dos anos 90 (quem não se lembra dele a snifar uma linha de fundo? ou a protestar com o árbitro por este ter marcado um penalty a seu favor? Brilhante.). Luisão fecho com chave de ouro uma exibição de chefe: um golo a negativo daquele que nos deu o campeonato na época passada. Mérito para o passe de Petit - tal como em Maio - para aquela bolinha redonda na cabeça oblonga do gigante brasileiro. Registo para a forma como Luisão festeja cada golo de Digníssima sobre o pêlo: a paixão que denota merece, só por si, o respeito que os adeptos nem sempre lhe têm.



Depois de ver esta foto de Ricardo, Reina preferiu ficar-se entre os postes - dignidade acima de tudo.

Sobre Petit, tem que se começar com um elogio: jogou com inteligência. Eu sei que parece paradoxal falar de Petit e de inteligência. Mas, no caso, o elogio é merecido. Jogou bem, não foi violento e posicionou-se muitíssimo bem em relação a Sissoko e Xavi Alonso - o primeiro saiu gravemente lesionado de um lance muito infeliz com Beto (nem fez sangue...); o segundo tem mais habilidade no dedão do pé esquerdo do que Beto nas mãos. No segundo tempo, com Karagounis em campo, soltou-se mais e filtrou muito bem o jogo do Benfica. Para além de algumas intervenções defensivas de bom nível, fechou com uma assistência perfeita para a cabeça de Luisão. Antes disso tentou o golo do ano. Pena que Reina lhe tenha negado o feito. Ao seu lado teve um Manuel Fernandes um pouco apagado. Não jogou mal, mas perdeu-se um bocado no meio das "estrelas" inglesas.

Na frente, a Poderosa Amelinha fez mais um jogo de esforço e sacrifício. Lutar com Hyypia não deve ser tarefa fácil. Não conseguiu abrir espaços. Mas a falta de apoio de Simão e de Beto, na primeira parte, fizeram com que ficasse muitas vezes fora dos lances. Missão ingrata, mas necessária - mais que não seja, porque Hyypia não pôde subir no terreno.

Sobre a equipa benfiquista, termino com Moretto. É insegura, não sai bem dos postes e comunica mal com a defesa. Percebe-se por que razão a equipa sofre golos com ele na baliza. Mas parece que só uma lesão o deporá em detrimento de Quim. A embirração de Koeman com o português compreende-se cada vez menos. Ou será tudo isto uma forma de compensar a chapada no senhor de barba? Se é por causa disso, chamem o senhor outra vez e ele que dê uma de volta no Veiga. A ver se eu me importo...

A finalizar, uma nota sobre o jogo e a eliminatória. O Liverpool não esteve ao seu melhor e Crouch e Gerrard podem ser (serão!) armas perigosíssimas para a segunda mão na terra dos Beatles e do Everton. 1 a 0 é pouco. Não dá para entrar em campo confiante numa passagem aos quartos de final. Foi bom não termos sofrido golos. Mas teremos que lutar muito e entrar em campo com a mesma postura: concentração, garra e a consciência de que não temos nada a perder, tudo o que vier a mais é ganho. Os reds que corram atrás do prejuízo.

Miligramas de Dianabol:

-Moretto, 5 mlg
-Alcides, 6 mlg
-Luisão, 8 mlg
-Andersson, 6 mlg
-Léo, 8 mlg
-Petit, 7 mlg
-Manuel Fernandes, 6 mlg
-Beto, 4 mlg (+ 2 mlg de bónus pelo lance com Sissoko)
-Simão, 4 mlg
-Robert, 6 mlg
-Nuno Gomes, 5 mlg
-Karagounis, 7 mlg
-Nélson, 2 mlg
-Ricardo Rocha, um charro
-Ronald Koeman/Guitarrista Famoso, 9 mlg

Monday, February 20, 2006

Sugestão para Koeman

Ronald,

para que não te confundas, aqui vai o onze titular para amanhã (hoje, quando tu leres isto). Ah, e só para que os desdobramentos da equipa não se tornem problemáticos e desapoiados - e tendo em vista que isto é o Liverpool e não temos Geovanni -, aconselho-te a usar um 4-3-3 de base (4-5-1 a defender) em vez dessa mariquice complexa - pelos menos, para os jogadores, avaliando pelo que têm sido os tempos recentes - que é "4-2-3-1". Deixa-te de merdas: a bola joga-se em três linhas latitudinais, não em 4. Ora cá vai:

-Quim (sim, prefiro um que não sofra golos, parece-me um bom princípio)
-Alcides (lateral direito)
-Anderson e Luisão (errr... acho que sabes onde estes jogam)
-Leo (livra-te de o deixar no banco)

-O tridente do meio-campo deve ser constituído por: Petit, Manuel Fernandes e Karagounis, sendo este último mais "vagabundo" e os dois primeiros de posições mais fixas, especialmente nas marcações à zona.

-No ataque: Simão à esquerda, Nuno Gomes ao centro (se eu vejo o Marcel jogar de início, haverá vingança, Ronald; só estou a avisar) e Nélson à direita. Não te preocupes, o Nelson já foi extremo-direito e tem características que lhe permitem jogar à vontade nessa posição.


Par que não hesites, as substituições não devem fugir muito às seguintes: Robert por Nelson, deslocando o francês para a esquerda e colocando Simão à direita; caso Simão protagonize exibição idênticas às três ou quatro últimos, dá-lo ao Bénitez - que já não o posso ouvir - e pôr o Robert no lugar dele. Em caso de aflição, tirar o Karagounis e pôr o Beto. Mandar afastar os companheiros para ninguém se magoar. Subir Manuel Fernandes. Se - e eu disse "se" - estivermos muito desesperados ou "se" o Nuno Gomes partir as DUAS pernas, mete o Marcel. Nunca antes disso.

Para finalizar, espero que tomes atenção ao jogo e que peças conselhos a alguém que perceba de futebol para reagir consoante o desenvolvimento da partida - sim, não podes levar TODAS as minhas instruções à risca: as mim NÃO pagam o que te PAGAM A TI. Use your fuckin' brains!

Friday, February 17, 2006

Melhor diálogo do fim-de-semana

Eu e o meu amigo Bom Selvagem (OBS) conversávamos sobre a crise no Sportém...

(OBS): (...) afinal afinal... o futuro pode ser mesmo muito mauzinho para aquelas bandas... eu cá aposto numa cena à Fiorentina. Ou Atlético de Madrid. Claro que depois recuperam. Mas antes...

(Eu): Desculpa, mas a minha leitura de jogo foi eficaz, precisa e não tão lunática como poderia pensar. Lembras-te do que eu te disse, certo? O cenário Fiorentina seria um mal menor para eles. Pior será se deixarem arrastar a situação, encobrindo a realidade com tapumes, em vez de a resolverem de vez. Orgulhosos como são, hão-de bater no fundo do fundo.

(OBS): Sim, eles têm mesmo de admitir que são pequenos. Ainda agora contratam o Liedson e pagam-lhe uma fortuna por mês, só porque ele marcou contra o benfica...

(Eu): Mesmo pela futeblogosfera, os gajos recusam-se a admitir que a situação é tenebrosa. Comparam-na à do Benfica e acham que só porque o passivo do SLB (315 milhões) é superior ao deles (300 milhões) estão melhores que nós. Não compreendem que 15 milhões de euros de diferença entre Benfica e Sporting não é nada. Não compreendem que com uma campanha inofensiva de marketing o Benfica encaixa o dobro dessa porcaria. Não compreendem que não têm onde ir buscar receitas (vendem quem? O quê? A quem?), daí a necessidade de alienação do património. Não percebem que um perna do Simão faz igualar as contas, só as camisolas com o nome do Nuno Gomes, do Simão e do Mantorras perfazem toda a bilheteira de uma época em Alvalade, que uma hipotética venda do Manuel Fernandes, do Alcides, do Nelson ou do Luisão dão para pagar meia equipa do Sporting mais o salário do Liedson até 2011... Não compreendem uma série de coisas. Por isso é que são o que são e estão como estão.

(OBS): Easy men. Easy. Também não vejo as coisas assim tão boas para o nosso lado. Ainda estamos muito dependentes dos resultados, tal como o Sporting. Se nós continuarmos na champions, e fizermos um bom campeonato, podemos sair da crise. Mas caso contrário, estamos mal e vais ver os podres todos a aparecer. Acho que o Benfica foi muito bom numa coisa. Não embarcou nas SADs... quer a do Sporting, quer a do Porto, perderam imenso. No outro dia estive a ver as cotações. Não têm liquidez e só têm um espasmo de subida quando as equipas são campeãs. De resto, amigos amigos, negócios à parte. O capital social desvalorizou-se e quer o Porto, quer o Sporting, não têm credibilidade enquanto empresas cotadas na bolsa, foram sempre a cair, a cair, a cair... no fundo, isso é a prova que ninguém, nem mesmo os sportinguistas, acreditam nos seus clubes como empresas. Por isso, escusam de vir com merdas. O facto de o Benfica não estar cotado ainda é muito bom. No outro dia vi um documentário sobre o IKEA e o gajo que criou aquilo do zero, que hoje tem 80 anos. O gajo recusou sempre fazer do IKEA uma empresa de capital público. Ele é o dono da empresa, não tem sócios. Isso permitiu-lhe fazer uma gestão de longo prazo, imune a crises e flutuações, com pensamento estratégico. Ele diz que os investidores têm sempre demasiada pressa de ter lucros e não autorizariam medidas como a que ele tomou nos anos 70s, em plena crise petrolífera, de não aumentar o preço dos produtos dele, assumindo um prejuízo durante alguns meses. Os consumidores ainda ganharam mais afeição à IKEA e no ano seguinte os lucros explodiram.

Ora um clube de futebol tem este problema que são os sócios e as eleições e que tanto mal têm feito ao Benfica por causa da instabilidade. Nota-se perfeitamente que um presidente ganha estaleca e experiência e isso é meio caminho andado. O Vieira de hoje não é nada comparado com o Vieira do início, populista e demagogo. O Vieria de agora prefere segurar os seus valores do que vendê-los. O Miguel saiu com ajuda de advogado, mas o Benfica nunca precisou de desbaratar a nossa equipa e o Simão é o exemplo mais recente. Os jogadores do Benfica ainda não perceberam isso. O Benfica não é "um entreposto" de jogadores. É um topo de carreira. Já o Sporting... pfff.. O Cristiano Ronaldo, o Figo, o Quaresma, o Simão etc. ainda nem tinham saído da puberdade já estavam de malas aviadas e eles todos contentes a contar os tostões amealhados. Depois, o Sporting não passa de uma feira das vaidades. Estes nortons e dias da cunha, roquetes e não sei quê não passam de uns sopinhas de massa que querem protagonismo social (a começar pelo Santana Lopes). Têm um ego demasiado inflado, são todos como o Damásio (o homem que atirou o Benfica para a miséria) ou como o Valle e Azevedo que também era maníaco.

Ainda há problemas. O Veiga é uma espécie de pacto com o diabo, não necessariamente vermelho. O Veiga induz distorções graves na equipa. Ninguém me convence que não queimaram o Karyaka ou que o Quim ir para o banco foi uma decisão limpa. Acho muita coisa estranha e só quando esta geração acabar é que se vai perceber até que ponto foi boa ou má. Até agora, no global, está a ser boa.

(Eu): Muito boa análise. Dá-me vontade de publicar esta nossa conversa no Dianabol. Posso?

(OBS): Errr... não sei... se eu não for identificado, acho que não há crise.

(Eu): Ah... pois... hu-hrum.... errrr.... ELE NÃO É O BOM SELVAGEM, ouviram bem? NÃO É! É parecido, mas não é... ele...

Wednesday, February 15, 2006

Desapontamento

Como muitos portugueses - milhões, dezenas de milhões, talvez!, centenas de milhões, quiçá! -, tenho um hábito praticamente religioso: ler a pior página de opinião futebolística da história do jornalismo mundial desde que Gutenberg teve a engenhosa ideia - que, séculos mais tarde, haveria de dar emprego a tantos e tantos chulos que, na maior parte dos casos, passa o tempo na Internet e a escrever para blogs. Mas isso não interessa agora. Foquemo-nos na escrita do patético José António Lima.

Assim que acabar este texto e me refizer do choque - logo que eu me recomponha, arranje o cabelo, pinte as unhas e desligue o PC -, saio porta fora e vou pedir o dinheiro do jornal de volta. É absolutamente indecente o conteúdo d'A Bola de hoje. Uma pessoa compra o Público à sexta-feira e já sabe que o Inimigo Público lhe vai fazer soltar umas gargalhadas valentes; uma pessoa compra o Diabo à terça-feira e fá-lo consciente de que a abertura de Alberto João lhe alegrará o dia; uma pessoa compra o Record a qualquer dia da semana e sabe que passará um bom bocado a lamentar divertidamente a falta de talento para a escrita do Alexandre Pais; da mesma forma que uma pessoa - que "uma pessoa"?... milhões, centenas de milhões de pessoas!... - compra, religiosamente A Bola, à quarta-feira, na expectativa de uma boa barrigada às custas do maior, do gigantesco, do inominável inconsciente-mor da crítica futeboleira (soccer critic). Pavlov explica esta treta toda. Explicava, no tempo dele, pelo menos.

E não é que, pela primeira vez em toda a sua miserável História, José António Lima redige, de uma ponta à outra, um texto que não é extremamente mentecapto?! Hum? Dá para acreditar que não se mencione uma única vez numa extensíssima e chatérrima prosa a expressão "cotovelos do Luisão"? Mas será possível que o homem gaste para cima de 4 mil caracteres a falar do Benfica sem mencionar o "off-shore da Luz"? Hã?

Zé António, metes-me nojo! És uma fraude! Nem a ser o pior do mundo tu consegues ser coerente! Larga a droga, Zé António! Quero o meu dinheiro de volta!

É que, numa página inteira, apenas numa mísera expressão ("Mas provou-se que os mais fortes nem sempre são fortes.") José António Lima dá um arzinho da sua graça. Uma autêntica roubalheira estes 70 cêntimos... A sério, não me conformo.

Monday, February 13, 2006

Espaço do Provedor

Excelentíssimos leitores:

O post anterior foi retirado.
Após saturadas análises e discussões acerca do seu conteúdo, concluiu o Provedor, em acordo com o Editor do espaço de calúnia e maledissência Dianabol, proceder em conformidade com as mais elementares regras do desportivismo, do fair-play e do bom senso na prática do serviço público sob a forma da informação.

Este espaço quer-se de exposição de ideias, gestação de boatos, incentivo ao debate e difamação qualificada, correspondendo estes atributos ao selo de garantia que lhe é reconhecido, aquém e além fronteiras.

Contribuiram para esta decisão os seguintes elementos:

-análise comparativa rigorosa das fotos em exposição;
-leitura cuidadosa de comentários, plenos de indignação, um pouco por toda a futeblogosfera, sempre que as fotos apresentadas se impunham como centro decorativo e, em casos extremos, de justificado escárnio.

Graças a estas práticas de rigor, concluiu-se que: a senhora desnuda que outrora ocupou o espaço deste texto da provedoria NÃO É a sôdona Carolina Salgado.

Esta análise, caso não lhe bastasse o rigor, o cuidado e a seriedade reconhecida a esta redacção, foi corroborada pelos inúmeros protestos veementes de adeptos portistas que se fizeram ler peremptórios em afirmar, perante tal corpo indecorosamente despido, que "essa gaja não é a Carolina Salgado, as virilhas são diferentes".

Perante tais testemunhos, a decisão tornou-se inevitável e irreversível até ideia em contrário.

O Provedor sugere ainda que o Editor do espaço de calúnia e maledissência Dianabol, Exmo. Sr. Guitarrista Famoso, viesse, por este meio, apresentar o seu pedido de desculpas público aos comentadores que, indignados, fizeram ler a sua voz de protesto na caixa de comentários deste blog pouco menos que infame e que, com o desaparecimento do anterior post, vêm assim apagadas da história as suas palavras de dor, inconformismo e revolta.

Cumprindo com o que se lhe obriga e que de si se espera, o Editor apresenta, assim e humildemente, as suas mais sinceras desculpas pela publicação infeliz das fotos erradas.

O Provedor
O Editor

Lisboa, 13 de Fevereiro de 2006.

Monday, February 06, 2006

Análise longa

Agora que estão na moda as análises a isto e àquilo, e já que o nome do blog é alusivo ao mais imaginativo e anti-desportivo fenómeno da actualidade, falemos de análises. A primeira é sobre Nuno Assis e o consumo de uma substância dopante muito mais difícil de pronunciar do que "dianabol". Portanto, eu prefiro chamar-lhe simplesmente "a droga". O Nuno Assis deu na droga, pronto. Eu acho que fez bem. Já que não sabe jogar à bola, pelo menos entra em campo com outro espírito, mais leve, mais divertido. Se experimentar xámon até pode divertir os colegas, caso a pedrada lhe caia bem. Eu sou a favor e, assim que pudesse, convocava o Nuno Assis. O público vai ao estádio também para se divertir, caramba!

Analisemos agora a reacção às "crises" e aos "estados de graça". E analisemos uma pré-análise que foi, até ao momento, a mais perspicaz que lhe conheço: a de Koeman a este tipo de análises, precisamente ("Peseiro onten era lo mejor hoy es una mierda; un boi hoy es blanco, mañana es preto"). Koeman identificou, em poucas semanas e escassas palavras, uma das características mais caricatas do nosso futebol: a flutuação da crítica desportiva.

Sejamos realistas: toda a crítica futebolística apontava, há duas semanas atrás, o Benfica como potencial campeão, desvalorizando inclusivamente a vantagem pontual do FC Porto porque os dragões ainda tinham que vir à Luz. O Benfica vinha de uma série de 7 vitórias para a Liga, 9 no total, e uns quantos jogos sem sofrer golos. Mas havia motivos para tanta confiança? Nem tanto. A equipa ganhava mas sempre no limite do possível; raramente o domínio nos jogos era inequívoco, salvo numa ou noutra partida; na partida contra o Nacional, a vitória só foi conseguida graças a um erro grosseiro da equipa de arbitragem; o onze inicial era instável; a entrada de reforços de Inverno veio acrescentar instabilidade ao plantel, até porque alguns titulares foram relegados para o banco ou mesmo para fora dos convocados. Isto não faz de uma equipa "imbatível". A nível classificativo, o Benfica deu um bom salto e aproximou-se do FC Porto, galgando, como lhe competia, a tabela tirando proveito de uma série de confrontos que lhe era claramente favorável à partida. Ou seja, o Benfica foi competente, mas não foi demolidor. Além disso, uma época é feita de picos e baixas de forma - daí que seja a regularidade a levar o prémio no final da competição. Logo, nada mais natural do que uma quebra de forma após um longo pico que durou quase dois meses. É engraçado notar que os mesmos que elogiavam abundantemente o Benfica até à tarde de sábado, dia 28 de Janeiro, agora, de repente, tenham visto que, afinal, o Benfica é uma equipa de rastos, destroçada e em crise. Amigos, nem em crise agora, nem demolidora antes disto. São ciclos perfeitamente naturais ao longo de uma época. Até acrescento: acredito piamente que o Benfica seja eliminado, na quarta-feira, pelo Nacional, da Taça de Portugal, encerrando assim uma série negativa. E acredito que, em seguida, vença o encontro da Liga e inicie mais uma boa série de resultados - isto, tendo em conta que Porto e Liverpool são adversários próximos, logo, não se espere uma série imbatível e sem golos sofridos, como a anterior...

Já em relação ao Sporting, a situação é, mais ou menos, a inversa. O Sporting perde três jogos e já dão o caso encerrado, com os leões fora da corrida - eu ouvi comentários em que se afirmava que, em caso de derrota na Luz, os de Alvalade ficariam arredados de um lugar na Champions!!! Não terão prestado atenção ao evoluir da classificação. Mesmo o FC Porto, que só conta duas derrotas, está ao alcance de duas/três jornadas negativas. E uma sequência dessas não tem nada de inverosímil, tendo em conta o passado recente da competição maior portuguesa. Já quando o Sporting ganha dois jogos consecutivos, torna-se num portento, numa inspiração futebolística, num grupo difícil de parar... Continuo com a minha opinião: o Sporting é a equipa mais frágil dos três grandes. Está equilibrada em arames e, neste momento, atravessa uma boa fase: a moral está em cima, o exercício de acossamento a que foram submetidos antes do jogo na Luz teve um efeito deveras positivo e os elementos importantes para que a estratégia de Paulo Bento se imponha estão disponíveis. Mas, haja uma quebra, e a queda será inevitável. Paulo Bento - que teve um início de carreira altamente promissor, defendo eu - tem uma tarefa muito difícil pela frente se quiser ser campeão. Porém, caso o consiga - e isso ainda é possível -, será um campeão de luxo.

Analisemos agora o Benfica na vertente táctica e na relação entre táctica e escolhas do treinador. Parto do princípio que Koeman tem errado. Os erros são vários, alguns são graves e vão desde equívocos a precipitações.

O primeiro erro de Koeman está na alteração, sem justificação, da estrutura defensiva. A estabilidade de uma defesa começa na baliza. Ora, Koeman já havia mostrado que não gostava de Quim. Mas, depois de uma série de quase dez jogos sem sofrer golos, não me parece de bom senso tirar-lhe a titularidade. Ainda mais quando Moreto tinha acabado de chegar e a sua relação com a defesa era praticamente nula. Além disto, um guarda-redes tem que saber estar na baliza de um grande, com vocação predominantemente ofensiva. Ora, Moreto vinha do Vitória de Setúbal que, salvo os méritos já tantas vezes elogiados em todo o lado, era um conjunto que praticava um futebol medíocre, pastoso, lento e com organização muitíssimo recuada. Moreto não estava pronto para pisar uma pequena-área defendida durante 70% do jogo a 50 metros de distância por dois centrais e um trinco - visto que até os laterais do Benfica se lançam profundamente no ataque, sendo frequentes a jogadas na linha de fundo com a sua participação.

Errando nos guarda-redes põe-se em risco a defesa. Torna-se mais nervosa, instável. Sabem que um lançamento em profundidade, daqueles de 60 metros, saído dos pés do guardião adversário, não tem em Moreto uma oposição segura. Já com Quim, sabem que ele estará, pelo menos, prevenido para tal situação. Este nervosismo e esta instabilidade podem explicar, em boa parte, os 7 golos sofridos nos últimos 3 jogos. Mas existe ainda o equívoco. A defesa do Benfica deve ser constituída, a meu ver, pelos seguintes jogadores, da esquerda para a direita: Léo, Andersson, Luisão e Alcides. Todos sabem defender, entendem-se bem e sobem no terreno com segurança. Os erros, pontuais - diria mesmo raros -, que sucederam nas duas últimas partidas não podem servir como bitola para avaliação deste quarteto. Nelson em campo é outro equívoco; na esquerda é um ultraje! E não o digo por Nelson não ter qualidade - longe disso e já o mostrou. Mas Nelson atravessa uma grave crise de forma, aparentemente sem explicação. Nestes casos, nada melhor que o banco para sarar mazelas.

Se as equipas se constroem de trás para a frente, em especial quando se privilegia a posse e circulação de bola na construção do ataque e uma recuperação rápida na transição ataque defesa, após as perdas de bola, é natural que, após estes equívocos e precipitações no último reduto benfiquista, surjam desequilíbrios em sectores mais avançados. Petit tem sido disso exemplo. Joga nervoso, no limite (às vezes para além dele!) da agressividade, refila com colegas, reclama com árbitros e, apesar da sua correria, o seu jogo nem sempre é consequente e raras vezes é clarividente. Em Leiria foi confrangedora a falta de apoio a Manuel Fernandes que, depois de uma óptima primeira parte, acabou por se eclipsar, por arrasto, na segunda metade, perdendo fôlego e ideias no miolo. Por seu lado, Simão é obrigado a acautelar as tarefas defensivas, não dispondo da mobilidade que faz dele o maior perigo benfiquista para as defensivas opositoras. Acresce que o capitão está a jogar sem chama - estará contrariado? A cabeça já está na Premiership? Pois o seu afrorrabo poderia muito bem estar no banco. A equipa já demonstrou que a simãodependência é mais uma de tantas águas passadas.

Não contente com o desmembrar da equipa, no essencial da recuperação e construção de jogo, Koeman trata de executar os criativos da equipa, alguns deles em excelente forma. Para tal contribuiu, uma vez mais, a inclusão imediata de reforços no onze. Koeman forçou a titularidade de Laurent Robert. Francamente, não entendo a opção. Se Nelson estivesse em forma, a dupla de extremos seria, sem dúvidas, Simão, na esquerda, e o cabo-verdiano na direita. Estando Nelson fora dos planos, parece-me mais lógico que a escolha recaia sobre Manduca, um jogador mais apto, porque mais adaptado ao futebol português, com características mais defensivas, um elemento nitidamente mais trabalhador do que Robert. Na frente, Nuno Gomes parece-me o segundo ponta-de-lança ideal: não tem o poder de fogo de um matador mas tem mobilidade, capacidade física, visão de jogo e técnica mais que suficiente para ocupar a posição, algures entre um nº 10 natural e ponta-de-lança tradicional. À frente de Nuno Gomes, a questão não é difícil: Geovani é o homem. É curioso - e pode até soar disparatado (só o tempo, caso o haja, o dirá) - mas Geovani faz-me lembrar Liedson a jogar lá na frente: é rápido, inteligente, muitíssimo ágil, oportuno e, frente à baliza, não costuma perdoar. Posto isto, não vejo a utilidade de Marcel no onze inicial. Aliás, pela escassa amostra, Marcel não me parece ponta-de-lança para o Benfica. Talvez o Portsmouth precise de mais um reforço...

Concluindo, que a prosa vai mais que longa: Koeman deve repensar a estrutura da equipa. O 4-2-3-1 desdobrável em 4-4-2 e 4-2-4 não se compadece com jogadores que passeiam no campo. É uma estrutura demasiado flexível para permitir falhas, passes errados ou hesitações. A equipa deve ser um bloco a defender, uma teia em ataque continuado ou um ariete no contra-ataque. Logo, se calhar os que já cá estavam são as melhores opções.