Friday, April 28, 2006

Dianabol - Controlo Positivo

"Tiago said...
Venho hoje pela primeira vez a este blog, e gosto dos comenta'rios, sem ofensas, apenas ironicamente. O futebol e' irracional, ningue'm consegue explicar o amor a um determinado clube, e ainda bem que existem diferentes opinioes acerca do mesmo assunto - é sinal que nao somos todos "cordeirinhos", atras das opinioes dos outros.

Continua com este blog, que eu continuo a passar por ca para ler estes comentarios (por sinal, do melhor que tenho lido na blogosfera futebolistica).

Tiago
"

Dianabol - a melhor bombinha da blogosfera.

PS - Vejo-me forçado a fazer-vos o convite (eu não queria, mas...): continuem a comentar.

Thursday, April 27, 2006

Mais um reformado

O Ricardo, que tem sangue azul e, dizem, uma garra que simboliza as ganas do Leão, não deveria merecer-me o trabalho de lhe dedicar um post. Porém, existe uma parte recôndita do meu mau gosto e mau feitio que nutre pela figura em questão uma espécie de "respeito". Talvez respeito seja palavra a mais para o sentimento nutrido. Chamemos-lhe "não-desprezo". A explicação é simples: o ensaio de bufardos com que desorganizou ainda mais as ideias e o alinhamento facial de Artur Jorge marcou pontos na minha consideração pela sua pessoa.

Sá Pinto termina a carreira de forma coerente com tudo o que produziu ao longo dos anos que acumulou sobre a relva: ora era expulso, ora se lesionava, ora era expulso, ora lesionava outro, ora era expulso de novo. De quando em vez, muito raramente, marcava um golo ou fazia uma assistência. Mas, sobretudo, era expulso - a maior parte das vezes, era como se se auto-expulsasse. Sá Pinto já fora expulso (demasiado tarde, a meu ver) no recente Sporting - FC Porto, encerrando assim, de forma ajustada, as suas participações em clássicos. Antes disso, na Luz, no último derby da sua carreira, não conseguira obter a almejada expulsão. Porém, os seus festejos de "toma!, caralho..." ilustraram bem tudo aquilo que a sua figura representa de negativo entre o universo sportinguista (e que não é exclusivo do Sporting, entenda-se): o nhurrismo, a brejeirice, a ofensa gratuita, o ressabiamento e, em última análise, a "mania que se é mau". Sá Pinto era assim, tinha a mania que era mau. E, feitas as contas, até nem andou longe: enquanto jogador, bom é que ele nunca foi. Que descanse em paz.

Monday, April 24, 2006

Impressões de fim de época - Benfica

O começo do Benfica foi assustador – confesso que já imaginava uma época ao melhor estilo Heynkes ou Souness. Porém, a recuperação foi rápida e segura. O mês de Novembro levou-nos abaixo de novo. Mas eis que uma certa vitória sobre aquele clubezeco de Old Trafford encarrilou a equipa no caminho de conquistas várias. A coisa compôs-se, mesmo com lesões pelo meio e apesar das birras do capitão a dizer que queria sair. Sinceramente, a meio de Janeiro ninguém me tirava da cabeça que íamos ser campeões. Havia consistência, objectividade, um jogo pragmático, herança de Trapattoni, mas, ao mesmo tempo, com características mais atacantes, fruto da boa forma da Poderosa Amelinha, do renascimento do Soneca a ponta-de-lança, da descoberta de um lateral direito de alto gabarito em Alcides, da recuperação de forma de Manuel Fernandes, entre outros factores, como a consolidação de Luisão como verdadeiro líder do grupo ou de Petit como fio condutor de todo o jogo encarnado – sim, digam o que quiserem, mas o Petit não sabe só dar porrada; concedo que essa seja a sua especialidade, mas não é o seu único atributo. É então que se dá o verdadeiro e incompreensível golpe de teatro: a direcção decide apresentar obra feita. Como? Ora, como?... Comprando jogadores, evidentemente. Os milhões da Champions não podiam ficar parados durante muito tempo. Há que esbanjar qualquer coisita, na melhor tradição dos últimos 15 anos benfiquistas (excepção honrosa ao tempo de José António Camacho e António Simões à frente do grupo enquanto Vilarinho geria a adega). Génios que são, toda a gente o reconhece, Veiga e Vieira decidem que vão ter uma ideia. Assim que soube disto, tive medo. Muito medo. E a ideia não podia ter sido mais desgraçadamente consonante com os meus receios. Sem mais demoras, V&V vão às compras e compram tudo o que mexa e que mais ninguém queira. Dão bónus àquele que auferir o mais elevado salário. Chegam então Dulcineide (ainda assim, talvez o menos mau), Robert (o craque da cadeirinha de praia e do pé canhão), Manduca (essa estrela maior dos tempos áureos do futebol funchalense), Marcel (ponta-de-lança de créditos firmados – mais de 6 golos pela Académica! – e velocidade estonteante… de cada vez que corre, fica tonto) e, last but nos least, Marco Ferreira (dispensa apresentações). Suponho que a abrupta quebra na equipa e a chegada de todos estes colossos ao “seio do grupo de trabalho” (adoro lugares comuns) tenham coincidido apenas graças à conjugação astral. Quim foi para o banco, Mantorras para a lista de dispensas (o que não é, em si, grave, mas que, olhando a conjuntura, me deixa dúvidas quanto ao timing e à forma do anúncio), João Pereira pediu para ser emprestado ao Gil Vicente (dá para imaginar o desespero de um jogador que faz um pedido destes?) e o Nuno Assis apareceu-me aqui a pedir Dianabol – dei-lhe dois saquinhos e agora dizem que ele andou na droga… como se isto fosse droga. A droga é o que os drogados tomam. Isto é praticamente um suplemento vitamínico… Posto isto, aponto o meu dedo às opções de V&V, em primeiro lugar, e à postura subserviente de Koeman, que deixou que a direcção lhe moldasse as opções, logo de seguida. Mesmo que a equipa termine em segundo, a época interna foi medíocre. Porque uma coisa é ficar em segundo a morder os calcanhares do primeiro. Outra é ficar fora das contas para as faixas a seis jornadas do fim. Como atenuante, surge a (surpreendente) época europeia do Benfica – foi digna e estava a fazer falta melhorar a imagem do clube perante uma Europa que já respeitou a Digníssima mas que hoje vê n’Ela incrustado um símbolo menor, frágil e sem expressão.

Sobre o jogo de ontem, aqui ficam os miligramas da substância que tanto vos deleita e tão preciosa ajuda presta nos momentos de aflição, quebra de forma, falta de ritmo ou ressaca de uma noitada das antigas:

-Dulcineide, 7 mlg.
-Ricardo Rocha, 5 mlg.
-Luisão, 4 mlg.
-Anderson, 5 mlg.
-Léo, 6 mlg.
-Manuel Fernandes, 7 mlg.
-Beto, 7 mlg.
-Simão, 5 mlg.
-Geovanni, 4 mlg.
-Manduca, 7 mlg.
-Miccoli, 8 mlg.
-Robert, 6 mlg.
-Karagounis, 6 mlg.
-Mantorras, porro de liamba
-Koeman, 5 mlg.

Impressões de fim de época - Sportém

Sobre o Sporting, há pouco a dizer. Para estreante, e tendo em conta que pegou no trabalho (?!?!) do inenarrável Peseiro, acho que Paulo Bento desempenhou muito bem a tarefa. O plantel não é grande coisa, a instabilidade directiva não ajuda, as maçãs podres do cesto verde-alface eram umas quantas e aquele risco ao meio e a falta de licença profissional não inspiram a confiança a de ninguém, bem como o interminável pigarrear durante as conferências de imprensa. Mas, ainda assim, Bento fez um bom trabalho: a equipa lutou pelo título até perto do final; pode qualificar-se (o diabo seja cego, surdo e tetraplégico…) directamente para a fase de grupos da Champions e foi eliminado da Taça de Portugal num jogo polémico com desfecho nos penalties, frente ao novo campeão nacional. Eu, que não tive, não tenho e nunca quererei ter o que quer que seja a ver com essa raça que é a turminha, deixo, no entanto, aqui a minha palavra de apreço ao treinador da canalha esverdeada. Parabéns, Paulo. Só tenho pena que, com este tempo solarengo e quente, seja improvável que um surto de pneumonia te afecte 80 a 90 por cento plantel nesta fase final da época. Antes de terminar, uma palavra também para o rapaz que tem a vozinha assim esquisita, esse mesmo, o nosso amigo Labreca. Depois de um final de época 2004-2005 que revelou um guarda-redes com aptidão suficiente para uma 2ª divisão B, eis que este ano o Ricardo provou que, estando bem psicologicamente, é um guardião seguro, com bons reflexos e possuidor de uma voz de comando poderosa. Bom, poderosa será exagero, a não ser que a escala de medida seja a de soprano. Mas, pelo menos, a defesa andava organizadinha. Bem comandada, portanto.

Impressões de fim de época - FC Porto

Que o Porto é um bom campeão, ninguém duvida. Está feito, está ganho, houve qualidade e, como já disse há uns tempos, aguentou-se nas horas de aperto, coisa que os outros dois não souberam fazer, cada um na sua vez – e ainda hoje não o sabem, pelo que se viu este fim-de-semana. Mas também não se pode dizer que, olhando para um plantel – o portista – e para os outros dois, seria de esperar outra coisa. O FC Porto tem uma equipa de nível europeu, parece-me. Embora tenha sido eliminado de forma quase patética da Liga dos Campeões, num grupo medíocre, o certo é que o conjunto está recheado de jogadores de classe. Mesmo na tão criticada defesa – que é hoje, salvo erro, a menos batida do campeonato… -, provou-se que as soluções existiam (talvez não fossem claras como água; talvez atacar desavergonhadamente com futebol apoiado fosse a solução… sei lá, o treinador não sou eu) e as provas estão dadas. Mais: a defesa acabou por levar o último ajuste – e que ajuste! – com a inclusão de Helton no onze. Sem exageros, este é dos melhores (o melhor?) guarda-redes que vi em Portugal desde há muitos anos. Que me perdoem os indefectíveis do Baía (já sei que os títulos e blá blá blá e mais os títulos e não sei quê… whatever), mas o Helton é mesmo muito melhor do que o vosso querido Vítor. Colocá-lo-ia, sem favor, entre os quatro melhores da Europa, no mesmo patamar de Cech (nunca sei se é assim que se escreve) do Chelsea, Dida do AC Milan e Buffon da Juventus. Quanto ao resto da equipa, os fogachos de Quaresma valeram bons pontos (continuo a não gostar da irregularidade do Quaresma, acho que só brilha a espaços. E ainda bem, já agora…), o pulmão do Paulo Assunção foi fundamental, a segurança de Pedro Emanuel também pesou, os braços sempre abertos de Pepe abençoaram muito lance naquela área e, claro, a classe, o talento, a inteligência e a simplicidade de meios de Lucho fizeram o resto – até golos. Este argentino, a quem chamam “comandante”, por vezes parece um desperdício no meio de certos jogos em que ficam muitas dúvidas acerca da modalidade praticada sobre a relva. Tive pena de não o ver em grande na Europa. Talvez para o ano. De preferência, num clube estrangeiro. Por favor…

Friday, April 21, 2006

Valeu a pena, hein...

... achavam que bastava fazer cordões humanos para ganhar ao Benfica, ir buscar um bruxo a Fafe para ganhar ao Benfica, mandar chover a potes para ganhar ao Benfica, beneficiar de um autogolo para ganhar ao Benfica, jogar a 300% para ganhar ao Benfica, meter 5 mil malucos a aplaudir um treino para ganhar ao Benfica. Só para ganhar ao Benfica.

E, realmente, bastou. Mas deviam ter usado a mesma fórmula nos jogos restantes. Assim, como não o fizeram, vemo-nos em 2007-2008. Se o bruxo ainda continuar por aí, claro. Se não, adeus e até qualquer dia.

Ah, e se a Divina Provcidência me estiver a ler, aqui fica o meu pedido: é usar os mesmos pozinhos com o Belém. Pode ser?

Thursday, April 20, 2006

Asneira - versão (muito) incompleta

Encantam-me os profissionais da Comunicação Social. Há-os para todos os gostos, evidentemente, de todas as cores e de várias competências, de acordo com a especificidade do seu trabalho, da educação que tiveram e, em última análise, dependendo da boa-vontade com que a criação os pôs no mundo: se com talento e engenho ou, por outro lado menos feliz, com mediocridade despudorada.

Como dos fracos não reza a história, e porque o tema nada subliminar deste magnífico texto é mesmo a asneira qualificada, atiremo-nos aos que não deixam créditos por mãos, bocas e, em certos casos, avaliando pela escrita, pés alheios, tudo fazendo para destruir a cela do anonimato - já para não falar na penúria do desemprego - a que haviam sido condenados no dia em que, porventura, preencheram os formulários de candidatura ao ensino superior, optando, por ordem de preferência, por: 1) Direito; 2) Veterinária; 3) Engenharia Agrónoma; 4) Design de Interiores; 5) Filosofia, Variante de História das Ideias; e 6) Jornalismo/Comunicação Social. Houvesse espaço para sete opções e eu ainda acrescentava aqui Ciências Musicais. O que é certo é que isto é gente que anima emissões televisivas e radiofónicas, para além das coloridas páginas dos jornais desportivos. Ora, já se sabe, entretenimento gera audiências. Logo, se és um bom entertainer, junta-te à SportTV, ao Record, etc., por aí fora. O raciocínio é fácil. Os exemplos são muitos.

Ontem, durante a transmissão do Arsenal - Villarreal, quis o destino, ou a direcção de programas da SportTV, não sei bem, que o telespectador fosse presenteado com dois geradores de asneiras que são seguramente graduados nesta ciência. Verdadeiros académicos, sim senhor.

Comecemos - para que se mantenha a sintonia com a temática do post - pelo fim da partida. O Arsenal ganha um a zero e diz, um pouco a medo, um dos comentadores "eu julgo que talvez este resultado abra melhores perspectivas ao Arsenal". Como? Nah, que loucura. Isso é um profundo disparate. Nesse momento, tive pena de não ter conseguido parar de rir tão alto, porque fiquei com a sensação que o outro comentador lhe respondeu qualquer coisa, não só completando como ainda aprofundando o raciocínio. Infelizmente, não ouvi. Mas podemos sempre especular. Imaginemos, então: "err... sim, talvez a vantagem seja, neste momento, dos londrinos". Mas isto, enfatizando o "talvez", sugerindo dúvida, uma certa incerteza, hesitação, insegurança na conclusão.

Ao longo dos 90 minutos - que pena não haver prolongamento... - foram mais que muitos os exemplos sinceros e esforçados de obras de arte deste mesmo calibre, coisas de rara beleza. "O telespectador - carregar em "telespectador" para acentuar o tom de "você, que é leigo" por oposição a "mim, que sei o que é o futebol" de quem é comentador - tende a pensar que, em casos como os de Henry, Ronaldinho ou Deco - esta nota tuga typical fica sempre bem... - os defesas lhes dão tempo e espaço para que eles joguem". Sim, confesso, é um pensamento que me assalta com frequência. E faz todo o sentido. Vou mais longe: acho até que os defesas se desviam da bola, abrem alas, abrem pernas, fazem o que estiver ao seu alcance para facilitar a vida a estes jogadores. É então que o comentador concretiza o seu raciocínio "mas a verdade é bem diferente. Este são jogadores com uma grande capacidade técnica e uma rapidez de execução notável". A-ha. Eis a explicação. E nisto, meus amigos, nisto eu nunca tinha pensado.

Deixemos o jogo de ontem, que estou a citar de memória. Também ontem, mas no jornal O Jogo - apesar de tudo, o melhorzinho dos 3 folhetins desportivos -, alguém escrevia sobre um jovem jogador do Benfica B que tem sido chamado à formação principal (João Coimbra, julgo eu) que "contra o Boavista foi convocado, ficou no banco e chegou mesmo a fazer exercícios de aquecimento". Aaaahhhhhh... (expressão de espanto.) Temos craque, está visto. Se o rapaz até já aqueceu...

Hoje, no Record, publicação pródiga na bela arte da Asneira, com especialização em Da Grossa, escreve outro senhor, a propósito do destrato a Quim no Benfica, que "não foi criado e alimentado no clube (Benfica) como Moreira, nem Luís Filipe Vieira o foi buscar a Braga no Alfa Pendular, ao contrário do que foi fazer ao Brasil por Moretto". Mais uma vez, existe um explicação implícita: por isso é que a viagem de Vieira ao Brasil demorou mais um bocadinho. Que falta nos faz o TGV, pá...

Ladainha

Os lampiões são burros, analfabetos e cheiram mal da boca. As lampionas são gordas, desdentadas e não se rapam nas virilhas. O Simão não é pai da Mariana e já foi comprado três vezes - 3! - pelo Liverpool, pelo Chelsea, pelo AC Milan e pelo Barreirense. O Vieira é alérgico à gramática, ao bom gosto, à lei, às finanças, à palavra de honra e aos pêlos de cão. O Veiga tem chatos e já foi presidente do Luxemburgo ou do folcuporto ou lá o que é foi que eles andam sempre a dizer e usa laca, capachinho, rabo de cavalo, caspa exótica, óleo de cedro e pente - leram bem, um pente! - para ter aquele cabelo assim sempre tão arrumadinho. A APAF tem sede no estádio da Luz ou se não tem há, pelo menos, túneis de acesso que vão do balneário do Benfica, por aí fora, por ali abaixo, segue segue segue segue e aquilo está tudo ligado, são assim uns com os outros, unha com carne, o Cunha Leal faz jeitinhos, dá ordens, tira bolas de dentro da baliza, manda bilhetes, sms's, cobradores de fraque, pitbuis treinados para matar e coisas ainda piores que nem me passam pela cabeça só para obrigar os árbitros a enganarem-se, a distraírem-se, a limpar o suor da testa, a ter uma desconcentração, um deslize, um falta de chip na bola, uma falha de memória que oblitera o discernimento e ajuizamento dos lances em consonância com as leis do jogo, para usar os termos do Jorge Coroado, que é doutorado em: sabedoria, conhecimento, certeza e sem-dúvida-nenhuma, para além de zonas mamilares. O Luisão anda sempre a mandar cotoveladas em toda a gente, marca golos assim, faz assistências, cortes de carrinho, até a cabecear ele cabeceia com a testa do cotovelo, o que não lhe dá jeito nenhum porque tem que torcer os braços todos, a testa toda, o pescoço, a cervical, a traqueia, o cerebelo e a cana do nariz, é uma chatice, uma confusão, um transtorno, mas o futebol é mesmo assim, a bola é redonda, há duas balizas, acidentes do terreno, relevo, a relva que estava escorregadia, o fiscal-de-linha que andava a pensar na mulher que não lhe dá troco e nisto a bola sai e ele não vê, mas a culpa é, foi e será sempre sempre sempre sempre do sacana do Luisão que dá cotoveladas ao coitadinho do Ricardo, que é tão bom rapaz e, azar dos azares, tem uma vozinha assim, a lembrar um benfiquista de refugo, sem pinta nem para um terceiro anel daqueles mesmo lá em cima com a cabeça a bater na pala. Acho que não me esqueci de nada.

Monday, April 10, 2006

Sobre os "bons perdedores"

É traço comum aos textos da autoria de sportinguistas que li por essa futeblogosfera o reconhecimento do mérito do FC Porto na conquista, que tão bem se adivinha que já parece real, do campeonato deste ano. Fica-lhes bem, tal como fica a qualquer um que partilhe desta opinião - denota bom senso, por um lado, consciência do futebol que se praticou, por outro, e, não menos importante, demonstra um "saber perder" muito apurado (quiçá, fruto dos longos cem anos de experiência...).

Outro traço geral* - o chamado traço que borra a pintura - é o engasgamento com o campeonato do ano passado. A comparação surge com trejeitos de inevitabilidade: "o Porto ganha e muito bem, ao contrário dos 'outros', que ganharam com favores" é um pensamento recorrentemente expresso em muitas linhas que hoje tive a paciência de ler. Pois fiquem sabendo que não vos fica bem. Julgo que quando uma equipa é campeã com 65 ou 66 pontos (não me recordo ao certo), atribuir a culpa à teoria do colo soa absurdo. Pois que culpa tem o Benfica, os benfiquistas ou a APAF que FC Porto e Sporting (eos outros, por que não?), com seus treinadores menos que medíocres, conseguissem ser ainda mais incompetentes do que os de vermelho conduzidos por um velho senil e desactualizado? É uma pergunta pertinente, parece-me. Para esses sportinguistas, aqui fica o meu conselho: antes de fingirem que sabem perder, aprendam a digerir as derrotas. É que um ano de indigestão já é muito tempo.

Parabéns ao FC Porto. Desde há bastante tempo que parece ser a equipa que mais mereceu este título. Uma palavra de apreço ainda para o lunático holandês que, sob fogo e debaixo do apedrejamento dos críticos que salivam e urram, ganha uma campeonato com limpeza e está prestes a fazer a desejada dobradinha. É obra, quer se queira, quer não. Merece o meu respeito e, já agora, o meu agradecimento pela convulsão mental que provocará em senhores da verdade como Miguel Sousa Tavares, só para nomear. Mas também podia falar do Miguel Sousa Tavares, para não bater sempre no mesmo.

Para finalizar, devo acrescentar que, caso o Sporting tivesse ganho no sábado e conseguisse manter-se no primeiro lugar até ao fim - o que não se afiguraria óbvio, mesmo que tivesse ganho este jogo -, seria absolutamente notável depois de um início fraquinho, nas mãos do arrepiante Peseiro. Paulo Bento fez, sem dúvida, um trabalho de mestre que lhe augura um bom futuro como treinador. Precisa apenas de moderar o ímpeto durante os jogos, mas isso virá com o tempo, suponho. Aprendendo a perder, talvez. O primeiro passo está dado, assim sendo.

*"Traço geral" é uma expressão que não abrange, felizmente, TODOS os sportinguistas.

O adeus ao título

Depois do empate registado ontem, no Estádio da Luz, o Sporting vê mais complicada a tarefa de conquistar o título de tetra-vice-vice-campeão nacional.

Thursday, April 06, 2006

Rescaldo

Vitória incontestável de uma equipa que joga um futebol quase perfeito sobre uma outra que temeu em demasia. Sinceramente, preferia ter saído do Camp Nou com uma derrota mais pesada, desde que esta acontecesse como consequência de termos disputado um jogo tentando ganhá-lo. Ontem, especialmente na primeira parte, e mesmo depois de estar a perder um a zero, o Benfica encolheu-se, encolheu-se, encolheu-se, mas encolheu-se tanto que quase deixou de se ver. E o Barça não deu hipóteses. Aquela ameaça de Simão e o suspiro final de Karagounis serviram apenas de pequena consolação para quem, como eu, desejava um jogo inteligente e cuidadoso, sim, mas com o seu quê de ousadia. Pedi demais?

Nota especial para a radical mudança no rendimento e na confiança de Moretto desde o jogo da Luz contra os catalães. Espero para ver se se trata de uma recuperação do seu real valor ou se, pelo contrário, não passa de fogo de vista típico de keepers que brilham contra as equipas maiores, por estarem mais expostos e serem mais vezes postos à prova.

Não posso deixar de mencionar também a falta de preparação de grande parte dos jogadores benfiquistas para jogos de topo. Que têm nível para não fazer má figura na Europa, já se percebeu - esta campanha correu bem melhor do que eu esperava. Mas, contra as equipas de topo mesmo, contra a nata da nata, falta-lhes classe. Beto é uma nódoa, Geovanni não tem andamento, Petit não tem nível, Andersson desorienta-se com facilidade, Ricardo Rocha tem garra mas falta-lhe estofo... Léo, Luisão, Manuel Fernandes e Miccoli, estes sim, estão aptos para este tipo de confrontos.

Dianabol para quase todos. O Marcel não jogou que chegasse para justificar a administração do fármaco. E outros andaram lá perto...

-Dulcineide, 8 mlg.
-Ricardo Rocha, 3 mlg. (eram 5, mas as declarações no final da partida dão castigo evidentemente)
-Luisão, 7 mlg.
-Andersson, 5 mlg.
-Léo, 6 mlg.
-Beto, 1 mlg.
-Petit, 3 mlg.
-Manuel Fernandes, 6 mlg.
-Geovanni, 4 mlg.
-Simão, 5 mlg.
-Miccoli, 7 mlg.
-Karagounis, 5 mlg.
-Robert, 2 mlg.
-Marcel, um charro.
-Koeman, 3 mlg. (Eu não disse para o doutor meter o Karagounis de início em vez do Beto? Mas eu ando aqui a falar chinês?)

Glória ao vencedor! Honra ao vencido.

Ressaca

A minha fé benfiquista é tremenda, inesgotável e avassaladora.

O problema é que essa fé tem, por vezes, expressão em adereços mais próprios de crendice e da susperstição barata. Não é sem espanto que hoje acordo, meio enevoado, vestido com boxers do Benfica, cachecol do Benfica e meias do Benfica. Faz sentido: afinal um conjunto de indumentária a rondar o conto e quinhentos a peça - dando crédito à etiqueta que diz "produto oficial" - é capaz de ser muito mais eficaz do que um conjunto de onze jogadores que, a vulso, deve custar à volta dos 2 ou 3 milhões de contos a perna. Em média.

Tuesday, April 04, 2006

Nem sempre a camisola ganha o jogo...

Villarreal, 1 - Inter de Milão, o (2-2 no conjunto; vitória do Villarreal pelo golo marcado fora).

Nada mau para uma equipa saída do pote número 2 que ganhou o pior grupo da competição.

A Sabedoria e a Fé

Quando a situação é delicada, a opção é óbvia: recorro ao retiro espiritual. Não tem nada que saber: ligo o PC (o computador, não o careca) e atiro-me, noite adentro, ao Championship Manager, versão 3.0, de 1999. São muitas as glórias que reúno, muitas as belas memórias que colecciono aos comandos de equipas várias, mas isso não vem agora ao caso - se bem que nunca é demais sublinhar aquela esmagadora aventura, na AS Roma, com 21 ligas italianas ganhas consecutivamente, 5 ligas dos campeões, 17 taças de Itália e mais 14 supertaças do país da pizza e do Del Piero, do Pasolini e da Sofia Loren, do Totti e da nossa Illari Blasi. "Nossa", salvo seja... Nossa Senhora!...

Voltando ao vicioso mundo do CM, dizia eu que, uma vez mais, realizei o necessário retiro. E, desta vez, não fui de modas: para grandes males, grandes experiências científicas. Peguei no Benfica da época 1998/99 - para quem não se recorda, aqui vai uma amostra de alguns dos nomes mais sonantes do plantel: Dean Saunders, Mark Pembridge, Michael Thomas, Nandinho, Luís Carlos, Hugo Porfírio, Marco Freitas, Tahar El Khalej, Veríssimo, Jamir, José Soares, Jorge Cadete, Paulo Madeira, Ronaldo, Sousa, Andrade... elucidados? - e fiz-me à estrada. Resultado: em duas épocas, dois campeonatos e uma final da Champions League, à qual cheguei logo na primeira época (perdida para o super Real Madrid por vergonhosos 3 a 0...), depois de eliminar quem? Ora, nem mais: o poderoso Barça - que, na altura, tinha uma pequena constelação, com Figo, Rivaldo, Sony Anderson e afins a pisar a erva sagrada da velha Luz (que saudades...). Tudo bem, pronto, eu confesso: fui buscar o Sulaimani, o Mokouko, o Chadwick, o Luque e o Dorsin. Os miúdos mudaram tudo, como é óbvio. Mas, caramba, não deixa de ser um feito digno de nota.

Não quero com isto estar a pressionar o doutor Koeman relativamente ao lugar de treinador principal do Glorioso clube. Pretendo apenas demonstrar-lhe, de uma vez por todas e caso ainda subsistissem dúvidas, que as suas visitas frequentes ao Dianabol têm razão de existir e que a sabedoria táctica acrescentada que leva daqui, dia após dia, semana após semana, é recompensa mais que suficiente para justificar sete e oito cliques diários nesse seu primeiro item dos favoritos. Vá lá, seis, no mínimo.

Exposto o assunto, vamos agora ao que interessa: a táctica para amanhã. Ora, segundo os dados que recolhi durante aquela arrepiante experiência à frente dos troncos, no já mencionado CM, e embora a minha teoria contrarie a vocação natural da equipa (e não estou a falar de "ser eliminado pelo Barcelona"...), a conclusão a que cheguei não só é surpreendente como, para não variar, é brilhante: o Benfica deve atacar o Barça. Sem medo.

Vejamos: os catalães (e o Record, já agora) esperam um Benfica temente aos senhores da Cidade Condal, rezando, ajoelhado, para que o adversário não marque. Acontece, doutor Koeman, que de milagres já nós tivemos a nossa dose esta época, quer-me parecer. Só bolas no poste nos últimos dois jogos da Champions conto eu quatro, assim sem fazer grande esforço mental. Quer dizer pouco, eu sei - há muitos anos que as balizas têm estas medidas; mas não deixam de ter sido preciosos os centímetros a menos com que foram concebidas. Para além da expectativa de Rijkaard e pupilos relativamente ao Poderoso SLB, existe ainda a questão dos pontos fracos. A conta não é difícil de fazer: o ponto forte do Barcelona é o ataque; o fraco (ou o "menos forte") é claramente a defesa - que dá espaços e é facilmente apanhada em contra-pé, devido ao pendor ofensivo da formação. O que é nós preferimos: arriscar o ataque, sabendo que podemos sofrer um golo - eu sei... - mas tendo igualmente a noção de que, uma vez tendo nós obtido um tento, o adversário se desorienta e entra em pânico (quiçá colapso)?; ou aguentar até mais não poder, fechados lá atrás, encostados à linha de área, à espera que o destino tome o seu rumo inevitável e o Barcelona faça, mais cedo ou mais tarde, aquilo que apenas 6 milhões de pessoas não desejam? A resposta é fácil, senhor doutor Koeman. É por estas e por outras - saber dar as respostas fáceis, entenda-se - que o Mourinho chegou onde chegou. Para quê complicar quando o futebol é um desporto simples? É esta, provavelmente, a diferença entre um Henry e um Nuno Gomes: o que para um é óbvio (bola + baliza ali à frente = pontapé para golo) para outro é uma complexa equação (hum... bola?! + duas pernas + ui, um defesa - tempo perdido + merda do cabelo = 0 ou 1, em dias especiais).

Tenha coragem, doutor Koeman. Faça-se um homem. Essa face rosadinha e esse ar de Winnie the Poo escondem um verdadeiro animal papa-títulos, tenho a certeza. Revele-se. Deite cá para fora a garra, a coragem, a ousadia que guarda há anos. Lembra-se daqueles livres que chutava directamente, a uns 35 metros da baliza? Lembra-se que os guarda-redes tinham medo dessas bolas? Porquê, diga-me lá. Porque sabiam que elas levavam a energia contida durante tanto tempo, toda junta, ali, num só pontapé. Porque eram chutos de convicção, de crença, de vida ou morte, de tudo ou nada. E, claro, de sabedoria - a convicção não faz milagres sem sabedoria, sem domínio da técnica. Mas técnica não lhe falta na matéria-prima que dirige, meu caro. Por isso, doutor Koeman, faça como lhe digo: acredite, arrisque um pouco, encoraje esses rapazes - estes jogos são especiais, são únicos... trocava toda a minha longa e bem sucedida carreira musical por dez minutos de Digníssima no corpo em pleno Camp Nou, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Estes jogos são a razão pela qual uma criança sonha ser jogador da bola e diz que é do Benfica. São jogos de sonho.

Doutor Koeman, vá por mim: não defenda em demasia. Jogue abrindo a equipa do meio-campo para a frente. Não defenda à queima, os jogadores que se contenham. Jogue em 4-3-3. Meta o Léo, o Anderson, o Luisão e o Rocha - cuidado que o Ronaldinho deve jogar ao meio, desta vez, escaldado que está do 33 encarnado. Meta o Petit, o Manuel Fernandes e o Karagounis - os dois primeiros recuperam o investimento e o terceiro faz a gestão do património. Deixe o Beto no banco, pode fazer falta se as coisas nos estiverem a correr bem aos 80 minutos. O Simão que vá para a esquerda, que é onde ele rende. O Miccoli que seja vagabundo lá no ataque e troque as voltas aos centrais culés. E o Geovani que estique a ponta direita, flectindo para o meio sempre que possa. Não cometa o erro de jogar com o Robert de início, que isso é gente alérgica ao trabalho e amanhã precisamos de homens com a manga arregaçada. Não invente cá Marcéis nem coisas do género. Seja simples, seja prático, vá directo ao assunto. E não se esqueça que, se tudo estiver a falhar, há uma arma letal que caiu numa piscina de água benta em pequenino: meta o Mantorras. Vá lá, não tema nada, eu estou consigo, eu acredito em si e acredito neles e na minha força psicológica, na minha imensa e inesgotável fé benfiquista para que, juntos, lá na Catalunha ou cá, em Alfama, à frente de um plasma e rodeado de imperiais, sejamos capazes de vencer merecendo a vitória. Acima de tudo, seja benfiquista: ganhe o jogo.