Friday, March 30, 2007

Benfica x Porto ao cronómetro

Os primeiros 15 minutos:

Estádio cheio e ruidoso. Optimismo vermelho e ansiedade azul. A águia dá duas voltas ao campo até que alguém dos Superdragões larga meia dúzia de pombas e a Vitória, iludida, parte em busca de caça fresca e não regressa ao estádio.
As equipas com algumas surpresas: Moretto, David Luis e Derlei (a substituir Simão lesionado no treino da manhã por um colega expressamente comprado para o efeito). No Porto, Vitor Baía e Alan (este a substituir Quaresma, embora o treinador tenha ponderado jogar com 10).

O jogo começa. Nervoso e correcto. Aproximações à baliza mas sem finalizações dignas desse nome.

Dos 15 aos 30 minutos

Ninguém parece saber muito bem o que fazer com a bola, do lado azul e branco, Raul Meireles visivelmente enervado tenta remates de longe, de um destes remates resulta o silenciamento dum benfiquista que gritava impropérios na bancada (os portistas que não se riam, o Petit pode perfeitamente silenciar qualquer dragão). A Amélinha também se enerva, prova disso são as ponderações em campo, olha insistentemente para o penteado do V.B., sempre daria mais jeito para jogar a bola.

Dos 30 aos 45 minutos

Surge o primeiro amarelo a Nuno Gomes, por falta de jeito, perdendo o golo na cara de V.B. que nada podia fazer a não ser indignar-se. Por esta altura o Benfica pressiona e numa estratégia mágica, Jesualdo substitui Alan por Jorginho, numa clara intenção de desgastá-los. Katsouranis remata ao poste como é seu hábito

2ª Parte

Primeiros 15 minutos

As equipas medem-se novamente, Postiga conclui que o Karagounis ganhou algum peso desde a primeira volta. Enquanto isto, Lucho já sem pernas perde a bola no meio campo portista, Jorginho que corria em seu auxílio é rasteirado por Katsouranis, cai e faz tropeçar Petit. Reclama-se pontapé livre que o árbitro concede.

Dos 15 aos 30 minutos

Momento em que Petit é chamado para converter o seu quarto livre a 25 metros da baliza. Os adeptos do Porto atiram óculos de diferentes graduações ao V.B. para facilitar a defesa. Devido as imperfeições do terreno a bola sai muito alta acertando na Vitória que entretanto voltava, de barriga cheia. Sai em maca, com colete cervical.
Por esta altura, o Porto faz entrar Anderson que vai logo cumprimentar o Katsouranis. Momento comovido no estádio, todos a puxar o lenço para sossegar a lágrima. Por esta altura, Paulinho Santos invade o campo a perguntar pelo João Pinto e tudo volta ao normal.


Dos 30 aos 45 minutos

O nulo mantem-se e os adeptos estão inquietos (a claque dos Superdragões está perturbada, ninguém sabe como acordar o Macaco). Eis que Simão cruza para a área portista e a Amélinha, distraída a mirar o cabelo do Baía, em claro fora de jogo, sofre um encontrão do Bruno Alves e cabeceia para golo! O estádio delira.
Desorientado, o Porto parte em busca do prejuízo. O nervosismo instala-se mas, em lançamento lateral junto à grande área benfiquista David Luís faz cair Lucho, Pedro Proença assinala grande penalidade. As bancadas agitam-se, o cronómetro marca 88' e Adriano vence Moretto, encandeado pela lanterna do Macaco. Os benfiquistas protestam. O árbitro concede 1'.30 de descontos, que também não lhe pagam para ter mais chatices. Os adeptos começam a desmobilizar, o campeonato poderá estar cada vez mais emocionante mas os jogos...
HH & Vinhas

Tuesday, March 27, 2007

É o chamado hat-trick - os três de seguida...

(Note-se que estão dois textos meus um pouco mais abaixo - todos com a mesma data. Depois venham cá queixar-se que não escrevo.)

Meus amigos, é só para dizer que no próximo fim-de-semana não há derby nenhum. Esqueçam lá as manchetes no Record a dizer "derby aquece" ou na Playboy a dizer "Debbie aquece"... err... ._.
Desculpem... já não escrevia há muito tempo e isto do humor leva alguns posts até ficar afinado... adiante. Este texto serve apenas para prevenir os ignorantes e alertar os distraídos: derby é um encontro entre rivais da mesma cidade (ou vila ou aldeia... supondo que as vilas e aldeias conseguem fabricar mais do que um clube e que, mesmo a dividir por dois, estes clubes conseguem reunir um grupo de adeptos... enfim, foi apenas por uma questão de rigor). Não vou contar outra vez a história da cidade de Derby - quem quiser, que investigue (mas cuidado: na Wikipédia há versões meio distorcidas do fenómeno).
E, sobre o encontro de 1 de Abril (não vou fazer piadas com a data e com história de ser dia das mentiras e de o Pinto da Costa vir à Luz num dia dedicado a ele não sei mais o quê...), não me vou pronunciar. A não ser que me apeteça. Ainda por cima, o ano passado acusaram-me de alterar os posts a posteriori de maneira a fazer com que as minhas previsões batessem certo!... É preciso descaramento. Não há limites para a mesquinhez das pessoas invejosas.

Sérvia?! Ah, lá ao pé de onde era a Jugoslávia, não é?...

O quê? Entrar em campo com o Simão, o Petit e a Maria Amélia, amanhã, contra os sérvios?! Está tudo doido? Não, meus amigos, nem pensar! Há clássico no fim-de-semana e, parecendo que não, as pernas dos nossos craques dão um certo jeito. Querem titulares, metam as brigadas de desminagem do exército português. Se fosse eu a mandar neste país, só entrava um benfiquista naquele campo depois revolvida toda a erva do recinto. Nunca antes do intervalo.
Agora, se me garantirem que não sobrou uma - UMA ÚNICA! - mina sob o tapete esverdeado, então, vamos à táctica: na defesa não se mexe, embora o Paulo Ferreira me desperta muitas dúvidas; no meio campo, mantém-se o Petit, recua-se o Moutinho, sai o Tiago e entra o Simão para organizador; na frente, Quaresma à esquerda e à direita, Ronaldo à direita à esquerda; lá à frente, Amelinha. Por que não Hugo Almeida? É simples: Nuno Gomes é bem mais eficiente nas recuperações de bola e a fazer as transições. Numa equipa em que os dois extremos não descem (Quaresma e Ronaldo), é bom que o playmaker (Simão) tenha apoio, à frente, para iniciar as jogadas no miolo e, por outro lado, uma boa primeira ajuda nas perdas de bola no ataque. Tiago sai da equipa por um único motivo: nunca devia ter entrado. Quanto a Moutinho, parece-me indiscutível que tem lugar ali.

PS - Infelizmente, conheço muito pouco da equipa Sérvia. Os exemplos do mundial - com uma selecção Sérvia-e-Montenegro em campo quando os país já eram dois - não me parecem fiáveis. Ainda assim, parece-me uma equipa perfeitamente ao alcance de Portugal.

O doijazero do Quaresma

Fui abençoado com um novo poder: pela primeira vez, desde que me lembro de o ver galgar o campo e despedaçar rins aos adversários, foi-me concedido o privilégio de usufruir, em toda a plenitude, do imenso deleite que é "olhar para" um golo de Quaresma. "Olhar Para" é a única expressão que pode utilizar-se perante um momento como aquele de sábado passado. Não se festeja, não se comenta, não se avalia: "olha-se para" e absorve-se, tenta-se gravar na memória para ir relembrando várias vezes ao dia, como se fosse uma prova inabalável e necessária de que o futebol moderno continua belo, apaixonante e magnífico. Certamente muito mais fascinante do que os inventores da modalidade algum dia imaginaram que pudesse vir a ser - quando ainda jogavam aos agarrões, aos repelões, sem traves na baliza, nem bolas na trave (porque não havia as tais traves na baliza, obviamente...), não havia fora-de-jogo e essas coisas. E ainda se jogava na lama. Por acaso - diz-se -, na altura havia mais mulheres a perceber de bola, para além da Leonor Pinhão. Não sei se este dado estará directamente relacionado com a história do fora-de-jogo.

Sunday, March 18, 2007

Compensações II – a descida ao Inferno Vitalis

Mandam as regras absurdas do futebol que de 10 em 10 anos aconteça a ressurreição de um “histórico” do futebol português e a sua consequente ascensão ao convívio dos grandes. Também é dos livros que qualquer clube que desça da divisão principal tenha, nas 5/7 épocas imediatas, de andar do meio da tabela para cima. Caso isto não aconteça, é certo que os encontraremos fatalmente a cair para divisões inferiores até se transformarem em lenda (Famalicão, Barreirense, União de Coimbra, etc.).
O sentido dessa decida aos infernos é uma oportunidade única para os clubes reflectirem sobre o que andam a fazer no futebol.
É um exercício de virtudes. É aqui que o papel de um dirigente é decisivo e que a gestão de longo prazo faz sentido, porque se pode preparar o clube, os sócios e as estruturas do clube em função de um objectivo a atingir em 5/6 anos, o que é simples para os clubes que já estão há algumas épocas neste escalão.
Pior é a situação de quem desce e tem de viver esta nova realidade com os “pecados” adquiridos no escalão superior. Depois de terem convivido com os “grandes” (leia-se três clubes) e andarem na “alta roda” do futebol nacional, terem gasto recursos que não têm e que são inadequados, na maior parte dos casos, à dimensão da sua cidade, vila, aldeia, servindo-se de apoios de origem duvidosa e sacos coloridos, muitas vezes dinamitando o que estes clubes tinham de melhor - as escolas de futebol e os escalões jovens - que acabam prejudicados pelo sonho de falsa grandeza, feita a promoção de duas ou três pessoas da terra a capa de jornal durante seis meses, o que sobra é uma ressaca imensa e um rol de dívidas. E uma ambição desmedida de no ano seguinte estar no escalão maior outra vez, que é o pior que lhes pode acontecer, pois tornam-se uma espécie de mortos-vivos que nunca mais pára de descer (vejam-se o Farense e o Chaves).
Esta oportunidade de pensar que papel um clube de menor dimensão deve ter é essencial para a sua sobrevivência.
Melhor seria que as entidades que tutelam a actividade assumissem que, em Portugal, não há espaço para mais de 40/50 clubes profissionais e ficar estabelecido que a Liga principal teria 8 clubes a 4 voltas e a Secundária 12 clubes em tres grupos (norte,centro e sul). E para profissionais, chega!
Assim, e seguindo a lógica do futebol actual - dinheiro - a subida, este ano, ao escalão principal tem duas escolhas claras: Leixões e Guimarães. Porque? Têm estádios cheios, pertencem a um eixo urbano considerável, têm história e tradição no futebol português e já sabem que se não tiverem juízo, para o ano estão na Vitalis outra vez.
Há mais duas hipóteses que são o Santa Clara e o Rio Ave. O primeiro serviria para preencher quotas políticas e o segundo seria uma chatice porque é um clube com personalidade própria e carisma, coisa que os grandes do futebol às vezes não gostam.
Olivais e Moscavide não creio que suba já este ano e o Estoril, melhor não porque ainda é muito recente a memória da sua pantomina com o Benfica.
Sobra o Feirense que é um clube com um trabalho muito sólido e progressivo e que tem possibilidades de subir este ano. Espero que não para que não o deitem a perder.

Vinhas

Wednesday, March 07, 2007

A lei das compensações


Está aqui um homem a ressacar por ter tido uma noite de esperança e a realidade assalta-me. Só resta ao Porto o campeonato.
E o meu mundo abana, qual Indonésia!
Tão serenamente contente estava, a pensar nas duas frentes e com a vã expectativa de despedir o Mourinho em directo no ano de aniversário da RTP, que só no final do jogo dei conta de que o Porto só pode ganhar o campeonato!
E pensei que, mesmo ganhando o campeonato, toda a gente vai dizer que foi do Apito, do árbitro, do Liedson, e das “coincidências” dos jogos, de quem joga e não joga a cada jogo do Porto ou do seguinte ou o da 33ª Jornada. E lá vão atribuir as nossas vitórias à sinistra figura do sistema.
Pois acho que não, não há sistema ou influência deste ou daquele! Existe um Mentor, uma entidade secreta e superior que define as compensações mais profundas deste campeonato e que torna tudo equilibrado na essência.
Por exemplo: apenas três clubes podem ser campeões nacionais, apenas seis podem sonhar com a UEFA, cinco tem de permanecer na Liga porque ficam bem na fotografia e quatro têm de se haver com a descida aos infernos.
Dos que aspiram à vitória, há uma conjugação de equilíbrios profundos: uma equipa contrata profissionais em fim de carreira, qual clube do Dubai, injecta-lhes confiança e espera pelos livres à entrada da área; outra lança uma série enorme de novos cromos (alguns a precisar de acabar a sua formação, como Paulo Bento sugere), acha-os os melhores de Portugal e bota-os em campo a correr feito loucos à espera que o avançado que resolve, entre as suas habilidades e espírito nordestino (obstinado e sacana), resolva e não percebem como é que não são campeões por decreto.
O outro, o do meu coração, tem um grande plantel, mas gerido como montra de saldos da Europa e preparado para facturar mais umas lecas no final da época com a venda de mais meia dúzia (enfim, a estrutura), ficando os seus lugares preenchidos por imberbes sul-americanos ou por duvidosas promessas que são para emprestar. Tudo obedece a um plano de compensação, para que ninguém se fique a rir. Até os treinadores são uma prova latente de equilíbrio: Jesualdo, pondera e erra; Santos, arrisca e desequilibra e Bento gere e digere.
Não pensem que fica por aqui o trabalho deste mentor! Disciplina, arbitragens, chuva, relvados degradados, tudo está controlado!
Na primeira volta o pequenino do Benfica não jogou contra o Porto. Porque? Para ser poupado para o jogo da 2ª volta onde não sofrerá a perseguição do implacável e violento Paulo Assunção, que dos nove amarelos que levou até agora só mereceu dois. Mas estava tudo pensado! É no jogo contra o Sporting que o Paulo Assunção vai ver o amarelo numa das suas rudes entradas à bola a que o kinder do SCP cairá, aturdido de dores. Também Raul Meireles deve ser afastado do jogo com o Benfica, para que não haja marcações à frente do avançado do Benfica que corre. Mesmo que Jesualdo os feche num quarto escuro na Gronelândia, dificilmente um deles (ou os dois) jogará contra o SLB.
Queixa-se o Sporting de não ter Liedson no Dragão! Se souberem que, depois do empate a zero com o Estrela no próximo fim-de-semana, vão ficar sem o João Moutinho no jogo contra o Benfica, então é que ficam desesperados.
Todavia, para compensar, Simão não jogará contra o Sporting porque o árbitro vai, contra o Porto, amarelar uma das suas quedas e que será motivo de abertura de três telejornais, uma queixa no DIAP e um relatório secreto encontrado por acaso na porta da casa de banho de L.F. Vieira.
Para a semana, compensações II – a descida ao Inferno Vitalis.

Vinhas