Friday, March 31, 2006

Quero a minha alma de volta!

Confesso que nele depositei muitas esperanças quando soube da sua contratação pelo Benfica. As credenciais eram boas e deixavam pouca margem para enganos: titular da selecção, ao lado de Dario Prso - ponta-de-lança que muito admiro - e melhor marcador do campeonato croata, Tomislav "Tomo" Sokota chegava à Luz e fazia-me acreditar que, finalmente, o Glorioso tinha um striker à sua medida, um matador robusto, inteligente e eficaz. Acontece que Tomo tinha o calcanhar rachado ou coisa parecida. Resultado: a Catedral terá sido pouco mais do que uma luxuosa clínica de recuperação para este avançado que, sem dúvida alguma, tem azar no jogo que abraçou como profissão. Compreende-se este azar: com a sorte que teve ao amor, estranho será se não passar toda a carreira de muletas... enfim.

Depois de quase dois anos de molho, durante os quais, para além de tratado e recuperado, Tomo Sokota foi pago, o croata regressou finalmente aos relvados para provar que não era apenas uma pessoa portadora de deficiência: tinha mesmo qualidade e queria um lugar entre os titulares. Força de vontade talvez não lhe tenha faltado. Já talento e engenho teve-os às pinguinhas, em fogachos, ocasiões raras, dias de excepção. Do que me lembro de Sokota no Benfica, o que de melhor fez aconteceu numa meia-final da Taça de Portugal, na Luz, contra o Belenenses, na qual marcou dois golos em 9 ou 10 minutos, logo a abrir a partida, contribuindo decisivamente para a presença na final - que haveríamos de ganhar, frente ao "Porto de Mourinho" (convém sempre sublinhar - é que é diferente o "FCP" banal do "Porto de Mourinho"). Fez isso e mais uma dúzia de golos, se tanto - um deles também contra o Belenenses, em jogo de má memória, na mesma época, parece-me, no Restelo -, em três e anos e uns trocos de Digníssima sobre o esqueleto.

Comecei a juntar dois e dois: ora, esta afinidade entre Tomo e o Belém já me dava para desconfiar. "Então aqueles pastéis parece que têm uma parede à frente da baliza quando jogam contra o Benfica e este paralítico vem e marca-lhes sempre uma batata, pelo menos? Algo não bate certo", pensei eu para comigo. E não batia mesmo: Sokota andava feito com o FCP, claro está. Daí que a sucursal sulista do antigo clube de Mourinho abrisse as pernas sempre que Tomo chutava à baliza - era para valorizar a futura aquisição, evidentemente - "ah, era o único gajo do Benfica que marcava ao Belém". Isto, por um lado. Por outro, era para chatear e dividir os benfiquistas, que assim nunca sabiam se haviam de preferir o absentismo golista de uma Amelinha ou a deficiência motora do croata com uma mulher de sonho - daí a compra de Karadas, que teve o simples intuito acalmar as hostes num terceiro anel que passou a exclamar "bom, pelo menos não é o norueguês. Não há Azar. Eh-eh" quer entrasse o português efeminado, quer jogasse o marido-da-minha-gaja a titular. Adiante.

Finda a época passada, consumou-se o que há muito era especulado. Sokota apanhou o comboio, passou Santarém, passou Entroncamento, passou Pombal, Coimbra B, por aí fora, só estacionou em Campanhã. Da estação ao Aileron foi um tirinho e parece que nem táxi apanhou. E eu pensei para comigo - embora o tenha gritado com algum poder sonoro - "filho de uma grande vaca balcânica, havia de te aparecer um Petit que te fizesse os calcanhares não em dois, mas em oito!" Depois da reclamação de alguns vizinhos, acalmei. Mas nem por isso perdi a raiva ao croata ingrato. É que, reparem, se ele fosse para um Moreirense, para um Farense, uma Ovarense - qualquer coisa terminada em "ense" que tivesse ordenados em atraso - eu até nem me importava. Agora, depois de chular a Sagrada Instituição vira-se e vai para os tripeiros. E leva a mulher, ainda por cima! Merecia uma praga. E eu roguei-lha.

Ora, já se sabe que deus não dorme. Porém, calhou bem e tive timing na prece - deus não dormia mas também não estava muito desperto e a mezinha lá passou, mostrando ter muito maior eficácia do que os pés do homem do calcanhar bífido: ainda a época não começara e já Sokota explanava toda a sua arte na enfermaria portista. A camisola mudara, mas o estilo de jogo mantinha-se, único, inconfundível. Feliz da vida, embora um pouco relutante, lá entreguei mais um quarto da alma a quem ma comprara, pessoa que agora não vem ao caso. O fim justificava os meios. E pronto, o tempo lá passou, o Porto lá foi pagando ordenados ao inválido e, enfim, tudo decorria num clima de normalidade.

Acontece que, para grande gáudio do adepto portista médio e de Pinto da Costa himself, escreve O Jogo de hoje, à página 17 em baixo, que o homem da fisioterapia está "quase pronto". Primeiro, pensei que o título remetesse para algo do género "calma, o rapaz ainda lhe custa a calçar-se mas ele vai tentar chegar a horas ao tratamento". Mas não. Qual não é o meu espanto quando percebo que, afinal, Tomislav vai voltar aos relvados! Dá para acreditar? E agora? Não pensem que me desfaço de mais um quarto de alma, meus amigos. Se é para o Tomo se lesionar com gravidade, a natureza vai ter que seguir o seu curso sem a minha intervenção desta vez.

Wednesday, March 29, 2006

Para a malta que anda meio confusa...

... aqui vai a estatística. E foi retirada do jornal O Jogo, não d'A Bola nem do Record.

Benfica:

Remates:
Total - 15
Poste - 0
Baliza (defendidos) - 9
Fora - 6
Jogadores mais rematadores: Simão (4), Micolli e Petit (3)

Cruzamentos:
Total - 13
Esquerda - 4
Direita - 9

Ataques: 31
Cantos: 1
Foras-de-jogo: 4 (2 mal tirados, diga-se)
Posse de bola: 39%

Barcelona:

Remates:
Total - 13
Poste - 2
Baliza (defendidos) - 6
Fora - 5
Mais rematadores: Van Bommel (4) e Ronaldinho (3)

Cruzamentos:
Total - 23
Direita - 11
Esquerda - 9

Ataques: 47
Cantos: 9
Foras-de-jogo: 1
Posse de bola: 61%

Analisemos:

1) o Benfica só perde para o Barcelona em cruzamentos, cantos e posse de bola. Tendo em conta o estilo de jogo - e olhando para a estatística de ataques, percebe-se quem tomou a iniciativa -, este desequilíbrio está plenamente justificado.

2) para uma equipa pobre (30 milhões de euros de movimento em 2005 contra 207 milhões do Barça), tida como "medíocre" (não por mim, mas por muitos de vós e por mais ainda por toda a Europa) e tendo em conta que se enfrentou a mais poderosa formação da actualidade, não foi preciso um autocarro em frente da baliza para que o jogo terminasse a zeros (vide estatística de remates).

3) uma boa parte dos lances mais perigosos do Barcelona foi criada pela mísera prestação de Moretto - compensada posteriormente pela elevadíssima inspiração do seu anjo da guarda. O restante surgiu de cantos, tipo de lance em que o Benfica não sofre golos há bastante tempo.

4) os lances de perigo do Benfica nasceram quase todos de perigosos contra-ataques. Dois deles foram cortados por foras-de-jogo (muito) mal assinalados a Micolli.

5) há um penalty claríssimo por assinalar a favor do Benfica, bem dentro da área (ao contrário do de Pepe, que é fora da área, por exemplo), à frente do fiscal-de-linha, com o árbitro por perto. Fosse ele marcado e transformado e esta conversa não existiria.

6) contra a Naval, Vitória de Guimarães e Rio Ave o Benfica fez sempre mais de 20 remates por jogo, criou 7 e 8 ocasiões flagrantes em cada um dos encontros e só marcou por uma vez, por Mantorras. A crítica levantou-se, fizeram-se acusações e houve até quem gozasse. Ontem o Barça faz uma figura triste - sim, triste: se o Nuno Gomes falhasse aquele lance que o Eto'o falhou era crucificado; se o Simão fosse anulado como o Ronaldinho foi, pediriam a sua cabeça porque "se esconde nos jogos importantes" - e a papalvaria acha que o Benfica foi humilhado? Meu deus... a vossa secura é maior do que eu pensava. A frustração tem destas coisas.

O ridículo

Numa primeira e ligeira visita a futeblogs não benfiquistas, há uma ideia que salta à vista: a felicidade dos escribas porque "o Benfica podia ter sofrido golos do Barcelona". Segundo os autores de alguns destes divertidíssimos textos, o Benfica só não foi humilhado ontem porque teve muitíssima sorte - coisa que, suponho, deveria ser penalizada pelas leis do futebol por ser tão ou mais grave do que jogar uma bola com a mão em plena área defensiva, por exemplo. Ou seja, o Benfica está hoje a ser alvo de chacota por parte dos habituais inaptos mentais porque "quase que era goleado" pela equipa mais poderosa da Europa do momento. "Quase". Pena que tenha ficado zero a zero. E é pena também que não tenham visto a segunda parte, com o Barcelona sem rematar durate 27 minutos (dos 66' aos 93' - porque o jogo acabou entretanto), e o Benfica a encostar os catalães à área - Miccoli entrou soberbo. Dá a ideia que, desde que o Benfica se recusou a ser humilhado pelo Manchester na Luz, acabando por seguir em frente na Champions, há uma espinha encravada na garganta de cada adepto desta estirpe. De tal modo encravada que o tal adeptozinho se serve do mínimo indício de derrota benfiquista na Europa para entrar em desmedida euforia. Agora, imagine-se!, até um empate do Barcelona a zero no Estádio da Luz serve para festejar e dar pulos de contente. Já estou a imaginar: se o Barça ganhar um a zero ao Benfica em Nou Camp, vai haver festa rija no Marquês...

E se for o Benfica a ganhar, também. As coisas estão a compor-se. O resultado não foi bom. Mas, pelo menos não vamos ter que correr atrás do prejuízo. Eles é que são os maiores e os mais ricos, certo? Então, eles que corram. Nós só vamos lá ver a bola... Adoro quando nos subestimam.

Miligramas de Dianabol:

-Dulcineide 1
-Mezinha de Dulcineide 9
-Ricardo Rocha 9
-Luisão 7
-Anderson 8
-Léo 8
-Petit 7
-Beto 8
-Manuel Fernandes 7
-Simão 8
-Robert 3
-Geovanni 6
-Miccoli 8
-Karagounis 7
-Koeman 8

Tuesday, March 28, 2006

Koeman, traz cá a malta



-Hoje o Dianabol vai em decilitros, que eu já estou farto dos compridos. Uma conchinha a cada um, vá lá.
-(...)
-Não, Luisão. Tu não podes beber. Já te disse dezenas de vezes que caíste no caldeirão quando eras menos grande.
-Posso ficar com a conchinha do Luisão?
-Ó Dulcineide, deixa-te de mariquices... vai lá rezar, vá. Já penduraste o Beto?

Sugestão #1

Já se sabe que o dr. Koeman insistirá em incluir Dulcineide e Beto no onze inicial que hoje entrará em campo, na Luz. Pois, aqui fica uma sugestão para rentabilizar esta dupla de brasileiros: se o Moretto é supersticioso e tem a mania das rezas e mezinhas e o Beto tem sido o nosso talismã na Liga dos Campeões, é mais que óbvio o lugar deste último é pendurado na trave da baliza benfiquista. Para dar sorte.

Monday, March 27, 2006

O detalhe



A Bola dedicava, a semana passada, uma peça de duas páginas ao Vitória Futebol Clube, equipa da cidade de Setúbal, tantas vezes maltratada na nomenclatura ao ser chamada apenas pelo nome da cidade. E essa peça partia de uma pequena peculiaridade, um pequeno detalhe: no símbolo do clube pode ler-se a informação sobre a fundação "Setúbal 20 - 11 - 910". Isto lá deve ter feito espécie ao jornalista d'A Bola que, a dada altura, se interroga "será que os fundadores do clube não esperavam que este chegasse ao centenário?". Isto a propósito do ano de fundação, "910", claro. Não fosse o lapso que levou o redactor a confundir "milénio" com "centenário" - trocos, apenas trocos... -, e a pergunta faria todo o sentido. Realmente, a 21 de Novembro de 2910 será uma confusão na cidade de Setúbal. Já estou a ver dois setubalenses, um para o outro "olha lá, o nosso Vitórria faz um dia ou mil anos e um dia?". Pertinente.

Defeso

Benfica nos quartos da Champions, presença na próxima edição da mesma quase garantida e a Poderosa Amelinha chegou aos 15 golos: a época pode acabar aqui e agora. Missão cumprida.

Wednesday, March 22, 2006

Homenagem merecida

Académica, Felgueiras, FC Porto, Parma, Lázio e Inter de Milão. Há quem nasça em berço de ouro, como Figo. Há quem seja banhado a talento, como Rui Costa. Há também aqueles de quem nunca ninguém duvida, como Fernando Couto. E depois há os outros que, vivendo constantemente acossados, fazem pela vida e "sobem a pulso, degrau por degrau", em bom futebolês. Sérgio Conceição é um deles - veja-se as equipas que representou, por ordem cronológica, antes do seu ocaso. Nasceu pobre mas vingou. Que tinha talento, sim senhor, tinha algum. Mas o que ele mais tinha era sangue na guelra - talvez demasiado -, uma ambição desmedida, uma vontade de vencer - mais na vida do que no campo - quase paranormal.

Sérgio Conceição sempre foi um cromo, uma figura. Mas jogava à bola e lutava como poucos. Ficará para a história da selecção como "aquele suplente que uma vez foi titular e enxovalhou os alemães". Típico do Sérgio. Podia ser medíocre 90% do tempo, mas aproveitava qualquer nesga para deixar a sua marca, para se fazer notar, para se impor.



Em precoce fim de carreira, Conceição regressou ao FC Porto de Mourinho para tentar a reabilitação na selecção nacional, visto a parca utilidade que tinha na constelação do Internazionale milanês. Mourinho disse que "sim, senhoras" mas que o Sérgio tinha que trabalhar. Ora, o Sérgio trabalhar... Isso já ele fizera durante toda a carreira. Agora era chegada a altura do merecido descanso, da glorificação, a consagração com louros, troféus e euros no seu trono de "tuga typical que subiu a pulso". Resultado: rumou à Bélgica, meses mais tarde, para capitanear e brilhar no Standard de Liége, clube de pergaminhos lá na terra do Preud'homme e do Pfaff, do Wilmots e do Bosman.

Confesso: apesar das inúmeras qualidades de Sérgio Conceição, este é um jogador que nunca me mereceu grande respeito. Bom, nunca... até hoje. Não é todos os dias que se vê um jogador que despe a camisola e a esfrega na fronha do árbitro, com todo o desplante, convicção e indignação. Se foi expulso? Nem esperou para ver: virou as costas ao juiz, à equipa, ao campo, à bola, ao mundo e saiu em passo de corrida.

Bem hajas, Sérgio. Hoje o Dianabol, sítio de proscritos que assenta a sua filosofia na conduta de Abel Xavier, rende-te a merecida homenagem: 10 mlg. para ti.



Não gastes tudo de uma vez só.

Tuesday, March 21, 2006

Piadinha de gosto duvidoso (ao melhor estilo do Dianabol)

(roubado, sem qualquer tipo de vergonha ou arrependimento, ao Pontapé de Baliza)

Um jornalista do Primeiro de Janeiro dá conta que existe uma casa de meninas no Porto onde vão alguns dos ilustres dirigentes desportivos e decide fazer uma investigação a respeito. Fala com a Madame Cafetina e pergunta:
- O major vem aqui?
- Sim, claro. Dá gosto, um cavalheiro. As melhores meninas, o melhor champanhe,as melhores gorjetas. Cada vez que vem, é uma festa.
- E o filho vem?
- Sim, também. Mas não é a mesma coisa. Sempre pede desconto, nunca pede champanhe, nunca está de acordo com a conta, sempre se queixa e nos ameaça com denuncias à polícia.
- E o senhor Reinaldo Teles vem?
- Sim, mas não procura meninas e sim meninos.
- E o Pinto da Costa?
- Também vem, mas esse fica só um pouquinho. Entra, dá um beijo na mulher e vai embora.

O que dizem os outros

Aproveito o post para fundar, aqui e agora, uma nova rubrica do Dianabol com este mesmo título. Para inaugurar o espaço, aqui fica uma interessante prosa da Urra acerca dos Incha. Uma espécie que também existe muito por aqui. Aliás, existe em qualquer caixa de comentários perto de si.

Monday, March 20, 2006

Benfica demolidor volta a desgolear

"puta que pariu esta merda, pá! vai p'ó caralho, Simão!"

(Simão Sabrosa depois de atirar à trave na 4.ª oportunidade clara de golo de que dispôs no jogo contra o Rio Ave.)

"sinto-me impotente"

(Mora, guarda-redes do Rio Ave, revelando detalhes da sua vida sexual no final da partida contra o Benfica.)

Desgolear - forma infinitiva do verbo. Fazer uma grande quantidade de desgolos.
Desgolo - substantivo masculino. Contrário de golo; erro inesperado e difícil de cometer perante uma baliza indefesa; remate frustrado em situação de golo iminente; azelhice de avançado na hora H; nunogomice.

Depois disto, pouco mais há a acrescentar relativamente ao jogo do fim-de-semana. O Benfica continua na senda das desgoleadas e isso reflecte-se na moral dos jogadores - a frase de Simão em autoprotesto é elucidativa. Já as equipas pequenas que passam noventa e tal minutos subjugadas ao adversário encontram as desculpas mais absurdas para justificar os desaires. Desta vez foi Mora a trazer à baila a sua vida íntima.

Sobre Koeman e tácticas, tenho a dizer que, depois de ontem, acho inadmissível que Moretto continue a ser titular, existindo um Quim no banco de suplentes. O guarda-redes inventou mais um canto - a semana passada, contra a Naval, inventara dois - do qual nasceu, com o seu indelével contributo (chegou a desviar-se da bola depois do cruzamento efectuado - dentro de campo, sim, eu também vi), o golo do Rio Ave. Vá lá que Nuno Manso esteve bem na dobra e evitou males maiores mesmo mesmo mesmo sobre a linha de golo. Mas Moretto não deixa de ser uma fraude. Se Nuno Gomes é Amelinha - expressão que sugere uma típica coquette portuguesa, de nome tradicional -, já Moretto será uma verdadeira Dulcineide - com tudo o que isso possa sugerir.

O Caso Mantorras, que será analisado, radiografado, comentado, documentado, invertido, divertido, sangrado e amesquinhado nas próximas semanas, limitou-se a ser apenas aquilo que se previa: Koeman espicaçou o angolano - e tinha razões para o fazer - e este respondeu com o seu maior talento, também conhecido por "paio descomunal", resolvendo a partida e dando os 3 pontos ao Benfica. Claro que, no próximo fim-de-semana, o Estádio da Luz estará repleto de cartazes com dizeres do estilo "Mantorras é a alma do Benfica", "Benfica sem Mantorras = ZERO", "Mantorras 9 A Alegria do Povo", "Sónia, esqueceste-te dos collants lá em casa, a Cristina encontrou-os e agora anda desconfiada, que ela não é parva", "Pedro, Amigo, o 3.º anel está contigo" ou "Koeman abre os olhos: o Mantorras é o maior!". Contudo, tirando o recado para a Sónia - espero que estejas a ler isto; e sim, acho que fizeste de propósito -, não me parece que as frases façam grande sentido. O Mantorras é a alegria do 3.º anel, sim senhor. Mas ainda não provou merecer o entusiasmo com que os adeptos o presenteiam quando se levanta para aquecer. Terá que evoluir muito.

Sobre o resto, confirmam-se certas tendências: Manduca não tem qualidade; Amélinha teima em dar brilho a uma frase minha de Novembro ("se marcar 15 golos será uma época em cheio"); Geovanni SÓ RENDE a ponta-de-lança; Robert tem mais que fazer do que jogar à bola, ainda para mais à chuva e ao frio; Nelson, das duas, uma: ou me enganou muito bem ou anda com sérios problemas anímicos. Já Simão fez um bom jogo - pena que tenha errado tanto na hora do golo -, Petit e Léo deram seguimento ao bom momento de forma. O Rio Ave tentou defender mas nem isso conseguiu - assim, de repente, conto 8 - oito! - lances de desgolo do Benfica (4 de Simão, 2 de Manduca, 1 de Amélinha e 1 de Robert).

Vamos lá aos miligramas de Dianabol, que, com a poupança de quarta-feira, hoje tenho aqui droga que chegue para toda a gente:

-Dulcineide 3 mlg.
-Nelson 5 mlg.
-Luisão 6 mlg.
-Anderson 6 mlg.
-Léo 7 mlg.
-Petit 7 mlg.
-Manuel Fernandes 6 mlg.
-Manduca 4 mlg.
-Simão 7 mlg. (eram 8, mas falhou demais)
-Amélinha 4 mlg.
-Geovanni 5 mlg.
-Karagounis 5 mlg.
-Robert 2 mlg.
-Mantorras 6 mlg. (5 + 1 de bónus pelo golo)

Thursday, March 16, 2006

Sporting na final da Taça

Como diria qualquer futebolista capaz de verbalizar oralmente "o futebol é isto". Como se não bastasse a ajudinha já costumeira em tudo quanto inclua uma equipa de arbitragem, a equipa de Alvalade ainda é constantemente bafejada pela sorte. Para além da preocupação denotada pelos astros e divindades na protecção das intervenções de Tonel com os calcanhares, a turminha verde-alface viu o sorteio da Taça de Portugal sorrir-lhe de forma desavergonhada há minutos atrás. O adversário mais desejado por qualquer equipa grande foi o que lhe calhou em sorte. Assim, nas meias-finais, o Estádio do Dragão será palco daquilo a que os acéfalos apelidarão incessantemente durante os próximos dias como "final antecipada" da competição.

PS - Trocando por miúdos: o 6.º lugar da classificação DEIXA DE DAR ACESSO às competições europeias. A não ser que Sporting ou FC Porto deixem escapar o respectivo lugar de acesso à Liga dos Campeões... Ou seja: Vitória de Setúbal ou Vitória de Guimarães, um destes colossos irá representar Portugal, na próxima época, aos olhos de uma Europa incrédula. Adivinha-se mais uma gloriosa epopeia continental para as equipas portuguesas...

Wednesday, March 15, 2006

A mão de Deus

Estou absolutamente revoltado! E não é só com a homenagem de Flávio Meireles a esse monstro sagrado que é Diego Armando Maradona! Estou revoltado porque o Benfica não marca um golo decente na Luz há semanas. Qualquer equipa que jogue contra o Benfica com uma defesa fechada e disciplinada, não perde. É seguro. Hoje assistiu-se a um jogo de paupérrima qualidade, no qual sobressaiu a equipa de arbitragem - que a dar amarelos parecia que estava a dar cartas - a funcionar como pivot ofensivo do Vitória. Bonito golo, sim senhor. Quanto aos de vermelho, julgo que não houve um único elemento acima do medíocre. Não posso de deixar de destacar, no entanto, certas exibições demasiado reles para merecerem a Digníssima sobre aquele pêlo seboso: Manduca, Mantorras, Robert e Nuno Gomes (hoje não tenho como defendê-lo) foram inacreditavelmente maus. Assim, torna-se inevitável cortar-vos na ração de Dianabol, meus troncos. Cá vão os milgramas - poucos e de má vontade; vocês hoje merecem é palha:

-Quim 5 mlg.
-Nelson 3 mlg.
-Anderson 4 mlg.
-Luisão 5 mlg.
-Ricardo Rocha 3 mlg.
-Menuel Fernandes 4 mlg.
-Beto 3 mlg.
-Karagounis 5 mlg.
-Manduca 1 mlg.
-Geovani 4 mlg.
-Nuno Gomes 1 mlg.
-Mantorras 1 mlg.
-Petit 3 mlg.
-Robert 1 mlg.


É demasiado desastroso para ser verdade. Em apenas 4 dias o Benfica, que se apresentava orgulhosamente na luta em três frentes, põe-se a jeito para ganhar um Peseiro para Almost Best Achievement at Almost Everything. É uma sensação estranha - chamemos-lhe arrepio negativo na espinha - esta de esperar que um confronto com o Barcelona venha salvar uma época...

PS - O director do blog avisa os incautos comentadores escarninhos do Dianabol para as eventuais consequências perigosas a palavras menos cuidadosas ou indelicadas. Aconselha-se prudência. Não se garantem respostas civilizadas nem reacções que primem pelo fair-play.

Para além de Bem e Mal

ou

Será Koeman um Talento ou um Jumento?

Tem sido assim desde que pisou o abençoado solo junto à Avenida Norton de Matos: Koeman mete a colher, a torto e a direito, em tudo quanto é assunto. Quer se trate de uma questão top secret do clube que lhe paga, quer respeite a uma qualquer questiúncula entre comadres vizinhas, o rosadinho holandês tem sempre uma palavra a dizer. Mesmo quando está em blackout, o que não deixa de ser notável (já experimentaram amordaçá-lo?).

Começou por falar dos bois pretos e dos bois brancos e do Peseiro. Falou bem. Só não sei se tinha mesmo que falar - julgo que podia ter-se abstido. Continuou, com tiradas mais ou menos vistosas, quase sempre inofensivas, até que, nos últimos tempos, esfregou a lâmpada e soltou o seu génio - duvidoso - pelo universo futebolístico. Para quem não se lembra, disse Ronald, antes da Vermelha Armada marchar sobre o pasto de Anfield, que "já tinha feito muito mais do que lhe tinham pedido no início". Que é como quem diz "por mim, até ia beber umas pints - tanto se me dá, a missão está cumprida". Uma vez mais, a questão da razão não se põe. O facto de o Benfica ter passado aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, depois de ter sido sacado do 4º pote aquando do sorteio para a fase de grupos da competição, ilibava a equipa de qualquer responsabilidade, mesmo na iminência de um desaire um pouco mais pesado - esse sonho molhado de muito adepto verde-alface. Acresce que, quando se tem pela frente o campeão da Europa em título, a descompressão é ainda maior - a obrigação de ganhar está sempre do lado de quem usa as insígnias, evidentemente. Porém, duvido que a frase de Koeman, com a sugestão que encerra, tenha soado bem nos ouvidos benfiquistas - esta falta de ambição, este desrespeito pela Digníssima... nunca poderá soar-me bem. Pela mesma altura, talvez uns dias antes, avisou o orientador encarnado - que bem lhe assenta esta descrição! - que o caso de Mantorras teria que ser estudado, que o angolano não fazia parte das suas primeiras nem segundas escolhas e que um eventual empréstimo não é hipótese a descartar. Tudo muito bem, foi honesto e pôs a coisa em pratos limpos - se bem que, na lista das suas opções, surja a tenebrosa imagem de Marcel. Que Koeman tem razão, não duvido. Já o timing e a falta de diálogo prévio com a direcção do clube acerca de um futebolista que é - ou, pelo menos, foi - um dos seus símbolos deixa no ar a questão: será que devia ter puxado o assunto assim? Agora, uns dias depois do inacreditável empate com a Naval, o holandês que ficou conhecido entre as gente do futebol devido ao seu pé canhão, disparou mais um tiro que ainda ninguém sabe o que irá atingir - espero que não seja o próprio pé. Disse Koeman, numa análise fria e directa que "uma equipa que não ganha à Naval, em casa, e que perde 4 pontos com a dita equipa em dois confrontos não pode nunca ser campeã". Muita razão tem Ronald, uma vez mais. Mas não podia ter ficado calado? Ou usar de outro discurso para chegar à mesma conclusão?

Posto isto, as dúvidas que me inquietam são várias. E não se limitam à questão "será que Koeman fala bem ou fala mal?". Pelo resumo, inclino-me a julgar que fala bem. Mas essa é questão de somenos importância. Uma outra que, julgo eu, verdadeiramente importa, é a seguinte: que resultados obtém Koeman com - ou "depois de", por não haver relação de causa/consequência cientificamente provada - as suas declarações? Com o Liverpool terminou em grande: ganhou as duas mãos e eliminou o campeão europeu. Talvez a desresponsabilização da equipa tenha ajudado à festa. Talvez tenha feito uso do incentivo invertido, apelando, subliminarmente, à defesa da honra e da camisola, deixando numas quaisquer entrelinhas que "eles subestimam-nos - provemos-lhe que são insensatos". Talvez eu esteja a efabular.

Sobre Mantorras, Koeman surge, uma vez mais, em posição privilegiada para facturar. Hoje o angolano está entre os convocados, depois de longa ausência. Acresce que, domingo passado, Marcel fez exactamente aquilo que todo o adepto benfiquista espera dele: uma figura triste. Logo, o camisola 9 poderá ter hoje uma oportunidade de deixar Ronald a repensar o destino de cada avançado. Ou não. Isto sou eu a supor.

Sobre o campeonato, o fardo foi deliberada e descaradamente atirado sobre os ombros dos dois rivais, que estão, desde domingo passado, numa contenda mano-a-mano, que inclui confronto directo em Lisboa. Pode Koeman ganhar com o negócio? A questão está mal formulada, perdão. O que eu queria perguntar era o seguinte: tem Koeman alguma coisa a perder com o negócio? E os outros dois: têm alguma coisa a perder?

Chegado a este ponto, e ignorando as opções tácticas do holandês (ficará para outro post), sou obrigado a considerar que Koeman tem jogado bem fora dos relvados. Aposta pelo seguro: jogando em contenção, não perde uma oportunidade para lançar um contra-ataque venenoso, uma farpa surpreendente, uma punhalada nas costas. Confesso: gosto do estilo. É manhoso. Praticamente rasteiro e isso agrada-me. Mais que isso, a equipa só tem a ganhar com a estratégia.

É claro que, e nunca é demais lembrá-lo, para ganhar não basta que Koeman fale bem. É preciso que se entre a pés juntos. No limite, é preciso que Nuno Gomes faça um golo. Só de vez em quando, claro.

Friday, March 10, 2006

ALERTA!!!

Caro Dr. Koeman,

depois da justificada euforia pela vitória merecida e a eliminação categórica dos nossos rivais liverpoolianos, eis que o sorteio dos quartos-de-final da Liga dos Campeões nos atribui em sorte o poderoso FC Barcelona, clube que muito admiro e, em especial, com equipa que muito considero.

Compreendo que, para já, o ambiente no Glorioso balneário seja de maior euforia e galhofa desmedida - quais gauleses de Astérix, o plantel benfiquista exclama e regozija-se quando ouve na rádio o nome dos catalães "eu quero um para mim!", "calma que chega para todos!", "boa, boa! Venham de lá mais portentos!" e, um mais pequenote e sereno, com uma braçadeira branca, conversando com o druída (aka, Guitarrista) "não dês muita porção de Dianabol ao Luisão - ele caiu no caldeirão quando era... bom, ele nunca foi pequenino, mas era mais compacto" - dizia eu que a galhofa no balneário é farta, mas que é preciso descer à Terra e prestar atenção a uma coisa de importânica mais imediata do que o modo mais elegante de levantar a Cobiçada lá para as terras da Gália em finais de Maio. Falo, precisamente, do confronto de domingo com a Naval 1.º de Maio. É que, depois desta barrigada de orgulho, talvez não me caísse muito bem um deslize dos secos. Era capaz de me atrapalhar a próxima digestão semanal. Obrigado pela atenção.

Sem mais assunto me despeço cordialmente, (e leve lá este frasquinho para os meninos... mas não gaste e tudo e não, nunca!, dê ao Luisão - ele que beba água do Luso) Guitarrista Famoso.

Thursday, March 09, 2006

Sinceramente...

... ontem achei aquilo demasiado fácil. É claro que uma pessoa gosta sempre de ganhar. Aliás, por mim, nem precisava de haver jogo: viesse de lá a taça e não me incomodaria nem um bocadinho assim sobre a forma da equipa, o espantoso golo do Simão, as exibições absolutamente monstruosas do quarteto defensivo - Léo será mesmo genial ou é só impressão minha? -, a garra do Beto, a postura do Manuel Fernandes, a ratice e a oportunidade do Geovanni, a ausência de Robert, o desacerto esforçado de Nuno Gomes, a entrada feliz de Karagounis, a parede final de Ricardo Rocha, o talento de Miccoli ou a sorte abençoada de Moretto (finalmente a reza resultou). Para mim o que conta é ganhar, nem que isso implique tirar olhos e morder orelhas. Mas a verdade é que foi tudo demasiado fácil. Um gajo a contar ver um "jogo da champions" e sai uma espécie de Benfica - Penafiel. É publicidade enganosa! Seja como for, não foi nada que eu não tivesse previsto (podem conferir o texto integral nos arquivos de Dezembro). Na altura, houve quem gozasse. Mas eu não me importei.

"Friday, December 16, 2005
Boas Notícias!

1. Liverpool

O Benfica foi bafejado pela sorte no sorteio de hoje para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. De entre sete equipas do topo da Europa, calhou-nos uma das duas que não se me afigurava como impossível de passar: o Liverpool - a outra era o Arsenal mas, sinceramente, prefiro defrontar o Liverpool (digam o que disserem, um Henry inspirado pode equivaler a uma hecatombe e eu, que tenho boa memória, lembro-me de ter visto um dia o Mostovoi inspirado... o nome 'Balaídos' ainda hoje me causa arrepios e suores frios). O sorteio foi benevolente connosco a todos os níveis: a 1ª mão é na Luz, o que é um garante de casa cheia (pobres bifes, nem sabem o inferno que os espera) e, por outro lado, a decisão da eliminatória vai para Anfield Road, o que é vantajoso para nós em caso de desempate num eventual prolongamento (por causa da história dos golos fora... ok, vou fazer um desenho, a cena é simples, imaginemos: 1 a 1 na Luz; 1 a 1 na bifolândia; vai a prolongamento, marcamos um golo e eles têm que marcar dois se não quiserem ficar pelo caminho, uma vez que, com 2 a 2, por exemplo, passamos nós).

Por que é que eu preferia o Liverpool? Simples: os italianos não são flores que se cheirem (tínhamos três possíveis: Inter - o mais fraco mas com um camião chamado Adriano lá à frente -, AC Milan - Sheva e companhia... naaahhh - e Juventus - uma das equipas mais demolidoras da actualidade; se alguém duvidar, veja as estatísticas da squadra esta época); o Barcelona é uma constelação de estrelas "a sério" (não como as dos seus arqui-rivais, que são estrelas "a brincar" - Kenes, Barbies, Beckhames, Raúles, Actionménes, Ronaldos, etc.) com estampas nas camisolas que até doem só de ler - Ronaldinho, Giuly, Deco, Eto'o... - e um estádio que leva p'raí 120 e tal mil catalães razoavelmente agressivos e mal-dispostos para os adversários; ok, era sempre uma boa desculpa para ir às Ramblas; mas também era meio-bilhete para ir à urtigas e eu... meus amigos, o Glorioso acima de tudo. Havia ainda o Olympique Lyonnais, mais conhecido por Lyon ou, para os menos alfabetizados, "os franceses onde joga o Tiago". Acreditem: queríamos tudo menos estes caraméis. Podem não ter palmarés. Mas atentem bem no somatório de conquistas: há cinco épocas, não tinham um único campeonato francês no currículo; hoje têm 4 e vão a caminho do quinto. É fazer as contas... Há duas épocas foram eliminados pelo FC Porto (de Mourinho) nos oitavos; a época passada foram eliminados pelo PSV Eindhoven num dos maiores escândalos do futebol europeu (roubados em casa e roubados fora... a Philips tem os seus contactos). Em qualquer dos casos, a crítica foi unânime: este Lyon é um caso sério. Ao bom futebol que praticam (de topo mesmo, a par do Barcelona) conseguem aliar uma notável vertente pragmática que lhes permite... digamos, destruir adversários. Para além do Tiago, ídolo dos taxistas da Grande Lisboa, têm muito rapazinho nas fileiras capaz de me fazer corar de vergonha - caso a gente jogasse contra os gajos, claro. Um deles chama-se Wiltord e já emparelhou com Henry na frente de ataque do saudoso Arsenal (aquele que costumava ser campeão inglês, i.e., antes do Mourinho chegar a Inglaterra). Aliás, Wiltord tem tudo para ser grande, menos o timing - surgiu numa época em que a França tem meninos como Trezeguet, para alé do nosso tão apreciado - mas à distância, sempre à distância - Thierry. Quem é que consegue competir com isso? Nem o Nuno Gomes!

Temos portanto que nos sobravam as duas equipas da terra da pint e dos Beatles, do palácio de Buckingham e da Adelle Stephens, do John Terry e dos irmãos Gallagher: a Inglaterra. Neste momento, acredito eu, o futebol inglês é o mais acessível para as equipas portuguesas - as boas; para o Sproting, por exemplo, dá igual: japonesas, indonésias, alemãs ou tobaguenhas. Já vimos que, de entre as duas formações anglófonas, os gunners são automaticamente excluídos devido ao seu artilheiro-mor, que é praticamente ilegal. E, também, ao facto de ser mais francófono do que anglófono - sim, aqui o idioma também conta: o insulto é fundamental e não estou a ver um João Pereira a elaborar na língua de Victor Hugo... Sobram-nos os gajos da terra do Everton. Tudo bem, eles têm o Gerrard - nada que o Petit não resolva em três ou quatro minutos. Mas até estou curioso por ver o Hyppia a marcar o Miccoli - usará um cordel? Acresce que as características unbritish do futebol do Liverpool são razoavelmente semelhantes aos traços de personalidade do futebol português - tão bem praticado por Alcides, Léo, Karagounis e Karyaka quanto reflectido e explicado por Ronald Koeman - ou não fosse o treinador Rafa Bénitez (e eu não quero perder contra um gajo que se intitula publicamente "Rafa") e um dos craques não respondesse pelo nome de Luís García. E este é um filho da mãe a abater, está bem Anderson? Bom.

Temos depois o factor História: o Benfica nunca eliminou o Liverpool em competições europeias. Por outro lado, o Benfica defrontou o Liverpool sempre que estes sacanas se preparavam para fazer estragos pelo continente - quase sempre que os defrontámos, os animais ou vieram a tornar-se campeões europeus ou, então, tinham conquistado a cobiçada taça na época anterior. Mais uma vez, a hitória repete-se. Mas como este ano é o do ajuste de contas (e é bom lembrar que o futebol português evoluiu bastante desde os oitentas ao passo que o britânico não está assim tão diferente), a história não terá a triste ideia de querer repetir-se. Até porque, às tantas, a repetição se torna enfadonha. Depois de todos estes embates entre Benfica e Liverpool, houve vários nomes que entraram para a história. No entanto, apenos um destes me interessa: Nené. E não é só pelos golos que marcou. É também pelo facto de os restantes nomes serem estrangeiros e difíceis de escrever sem calinadas ortográficas. Nené é básico: duas letras, duas sílabas e, além do mais, toda a gente sabe que é o pai da Filipa Gonçalves. Acresce que marcou por três vezes (uma por jogo) em quatro encontros ante os campeões da Europa em título - outrora como hoje. Era a gente ter 10 Nenés mais o Rui Nereu e tudo isto seriam favas contadas. Mas nem tudo pode ser como a gente quer..."


Bom e, antes de terminar, vamos lá à distribuição do Dianabol, que os jogadores já estão a ressacar:

-Moretto, 6 mlg.
-Alcides, 7 mlg.
-Andersson, 9 mlg.
-Luisão, 8 mlg.
-Léo, 9 mlg.
-Beto, 8 mlg.
-Manuel Fernandes, 7 mlg.
-Robert, 5 mlg.
-Simão, 8 mlg
-Nuno Gomes, 6 mlg.
-Geovanni, 7 mlg.
-Karagounis, 6 mlg.
-Miccoli, 7 mlg.
-Ricardo Rocha, 6 mlg.
-Presvisões do Guitarrista, 9 mlg.

Wednesday, March 08, 2006

Está tudo em aberto

Porquê? Porque podemos eliminar o Liverpool. Como? Assim:

Quem não tem cão, caça com gato

Viram o Barcelona ontem? Se o Benfica quiser hoje domar, dominar e, por fim, sodomizar - futebolisticamente falando, claro - os ingleses, basta-lhe que jogue como os catalães jogaram. Tudo bem, não temos o Ronaldinho. Mas, caramba, temos o Karagounis. Não temo o Eto'o, mas, haja fé!, temos o Geovanni. Não há Messi, mas, que diabo!, há Simão. Não há Larsson, mas... enfim, quer dizer... temos o... a Poderosa Amelinha.

Quem não tem cão nem gato, caça com pato

Se, mesmo com as estrelas acima referidas, a coisa estiver a correr mal, o Robert que lance um petardo, daqueles disparados de muito longe. Já não seria o primeiro pato que o Benfica apanhava no decorrer da presente época com um tiro deste calibre.

Quem não tem cão nem gato nem pato, caça com rato

Quando todas estas estratégias minuciosas falharem, mete-se o Miccoli. E reza-se muito.

Quem não tem cão nem gato nem pato nem rato, caça com Beto

Com o Manchester, o "animal" (ele não faz lembrar o Animal dos Marretas? Eu acho que faz.) marcou um golo - sabe deus como, mas marcou. Com o Liverpool, cegou o Sissoko - afinal já se diz que não foi bem bem bem cegar o Sissoko. Mas tentou e isso conta muito. Agora, em mais uma aventura contra os bifes, há-de fazer mais alguma das suas. Só espero que não seja um auto-golo...

Saturday, March 04, 2006

O enigma Ronaldo

Nunca sei se gosto do Cristiano Ronaldo ou se o detesto. Isto, talvez porque nunca consigo perceber se ele joga demasiado a sério em jogos a brincar ou demasiado a brincar em jogos a sério – e nem sei se isso é bom ou se é mau. O que é certo é que, em cerca de três anos de futebol ao mais alto nível (supondo que os tempos que passou no Sporting se podem incluir neste “alto nível”), ainda não tenho sobre Ronaldo uma opinião formada e consistente.

Longe vão os tempos de Figo, Rui Costa, Fernando Couto e Paulo Sousa, jogadores sobre os quais, pesando as qualidades (imensas e brilhantes) e os defeitos (raros e pouco significativos), não hesitava em exclamar “epá, este gajo enche-me as medidas – é um jogador de topo!” Com Ronaldo não se passa o mesmo, longe disso.

Mas o problema da avaliação do craque madeirense tem contornos quase maquiavélicos. Por um lado, é praticamente uma ofensa dizer que “Ronaldo não é um jogador de topo”. Por outro, é talvez insensato classificá-lo já como tal. E isto tem o seu quê de paradoxal: afinal, em que é que ficamos? É ou não é? Não o sei dizer.

Tão depressa vejo Ronaldo pegar na bola e furar, com rapidez, técnica e elegância, por entre três sauditas como vejo o amigado da Merche Romero desistir de lances fáceis, baixar os braços e a cabeça ou protestar com companheiros sem saber muito bem por quê. Que ele tem características que o podem tornar craque, não duvido. Mas que possui tiques que o podem transformar em flop, também não será mentira. Dizer que ele tem pés cheios de fantasia, não será exagero. Mas acrescentar que, ao nível da personalidade, ainda lhe falta a grandeza que distingue os maiores dos razoáveis, também não é despropositado.

Ronaldo equilibra-se num ponto muito estranho: um passo em frente e será maior que Figo; um passo atrás ou um deslize e arrisca-se a descer mais baixo que Dani. E o que mais me intriga é a fonte deste posicionamento ambíguo. Donde nasce esta vocação de Ronaldo para me deixar na dúvida?

É neste ponto que eu tendo a ser optimista. É por esta altura que digo para mim “calma, Guitarrista. Isto é típico dos génios”. Talvez seja. A efervescência e o temperamento que faz deste madeirense esguio e irrequieto um caso difícil de prever é a mesma que o torna espontâneo na hora do drible, no momento do remate ou no arranque para um sprint desenfreado. Talvez Ronaldo seja mesmo isso: um génio. Um jogador à parte, que nunca poderá reger-se pela frieza de um Figo ou a regularidade de um Paulo Sousa para se tornar grande. Talvez a sua grandeza seja precisamente essa: nunca ninguém sabe o que vai sair dali – daquela cabeça ou daqueles pés. Se assim for, estamos perante um caso sério de prodígio puro.

Numa época em que o futebol se joga mais de Zidane do que de Maradona, é estranho encontrarem-se jogadores como Ronaldo ou Ronaldinho Gaúcho. São espécimes raros que podem oferecer ao público tanto o que o futebol tem de mais fantástico como de mais trágico. Para quem não tenha percebido a ideia, tentarei dar uma imagem: o penalty de Hélder Postiga contra a Inglaterra, no Euro 2004 – entrou e foi fantástico; mas… e se o guarda-redes tivesse defendido?

Friday, March 03, 2006

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Ranking IFFHS, em 28 de Fevereiro de 2006.

1. (1.) Liverpool FC England/4 325,0
(...)
63.
(79.) FC Basel Schweiz/2 148,0
(62.) Club Brugge KV Belgique/3 148,0
(68.) Sport Lisboa e Benfica Portugal/3 148,0
(72.) VfB Stuttgart Deutschland/4 148,0
(...)
114.
(139.) Vitória FC Setubal Portugal/3 112,0
(...)
128.
(133.) Asante Kotoko Kumasi Ghana/2 105,0
(...)
130.
(149.) Germinal Beerschot Antwerpen Belgique/3 104,0
(129.) Shandong Luneng Taishan China/2 104,0
(...)
133.
(156.) Paas Tehran Iran/2 103,0
(110.) FC do Porto Portugal/3 103,0