Wednesday, September 30, 2009

O momento

O que eu queria dizer é coisa simples e não pretendo tirar muito tempo a quem lê. Hoje em dia, há muito que ler por aí e, quando se fala de bola, andamos todos a dizer o mesmo. Mas quanto a isso de o Benfica estar “muitíssimo bem”, “muito forte” ou mesmo “demolidor”, peço aos adeptos adversários que nos concedam o direito à felicidade: depois de tanto ano de mediocridade, uma pessoa vê-se na disposição de gostar, de festejar, de desfrutar destes momentos felizes. Porque, embora possam parecê-lo, os benfiquistas não são todos extremamente parvos. Existe uma diferença entre uma fezada depois de 3 vitórias em que se diz “isto, este ano é que é” e a constatação daquilo que é óbvio, claro e, sobretudo, entusiasmante. Quando se vêem adversários invariavelmente encostados às cordas, obrigados a recorrer à falta (às vezes, à violência) para travar o Benfica e a contar os minutos para que o jogo acabe antes da goleada, é invetitável uma pessoa – benfiquista ou não – concluir que “aqueles gajos estão a jogar que se fartam”.

Mas não era isso que eu queria dizer, isso já foi dito e redito e até os adversários o reconhecem, uma vez que é factual, logo, indesmentível – não há duas maneiras de ler uma verdade quando a verdade está dita com clareza e sem figuras de estilo. O que me importa é que amanhã é um dia importante porque vai acontecer um jogo importante.

Não, não se trata de defrontar um tubarão europeu, longe disso. O AEK é da segunda liga europeia. Tal como, supostamente, o é o Benfica de hoje. E é aí que reside a importância deste jogo: o “momento benfiquista” será apenas isso e, na prática, a equipa é do mesmo nível do AEK?; ou o Benfica vai conseguir demonstrar frente aos gregos o que demonstra por cá? Conseguiremos transformar o AEK num Leixões? Ou o jogo será uma espécie de Guimarães – Nacional da Europa?

Amanhã será o primeiro “jogo-comprovativo” do ano – e um sinal mais claro daquilo que poderemos esperar verdadeiramente do Benfica para o resto da época. Portanto, se Jesus sair da Grécia com 3 pontos resultantes de uma vitória sofrida num jogo equilibrado, será sempre bom. Mas significará que, calma meus amigos, o trabalho só está começado. Avaliando por alto o que foi feito até agora, não espero menos do que o que fizemos contra o BATE Borisov. Não me desiludam.

Wednesday, September 02, 2009

De língua esticadinha


Na já famosa linha de capas absurdas, o lambe-cus favorito dos benfiquistas volta a brilhar com mais uma capa inspirada.

Confesso que, enquanto não-benfiquista, sinto-me um pouco intimidado pela força e simbolismo da fotografia. Mas depois recordo-me que o Exterminador acaba derretido numa fundição. Mas isso não importa nada…

Só não percebo é porque é que usaram a fotografia do Vítor Gomes, dos Gatos Negros…

Tuesday, September 01, 2009

Aquele golo sofrido...

O jogo de ontem, na Luz, deixou muitas coisas atravessadas. Nomeadamente, o golo do Vitória, na garganta do Jorge Jesus (e na minha, já agora); e os outros oito do Benfica, em cerca de 4 milhões de gargantas, engasgadas por esse país fora. Mas também deixou coisas escorreitas, direitinhas, claras.

Sou da despudorada opinião de que, na hora das (boas) vitórias, o momento é de festejar. E, tomando as palavras de Bolöni, a esta hora “je suis trés content”. Porém, vou refrear os festejos e o contentamento, não vão certos leitores apelidar esta vitória de “jogo de iniciados” ou algo igualmente deprimente e ressabiado (ou verdadeiro...). Vou antes partilhar – com quem estiver na disposição de ler – a minha análise a este Benfica, deste momento.

Há que começar por dizer que gosto disto. E estou a quebrar o meu auto-compromisso de tocar no assunto e de o dizer abertamente. Mas não há como contornar: o Benfica deste início de época dá-me gozo. Não sei se vai durar e já sei que a época é longa e que as contas se fazem no fim e bla bla bla bla o folcuporto é que é o máiór e a gente, no fundo, só anda aqui a animar metade da nação enquanto não chega o Natal e a passagem de ano. Já sei isso tudo, escusam de mexer um dedo para repetir essas ideias na caixa de comentários – aliás, a ideia nem foi inventada pelos portistas (toda a gente sabia, dantes, que o futebol eram onze para cada lado, com uma bola redonda, e, no fim, ganhava a Alemanha...).

Mas gosto disto. Gosto de ver o Benfica fazer 8 golos num jogo, para começar. Porque a moda das “goleadas” de 4 a 1 só começou porque o Benfica deixou de as fazer nos moldes dos anos 60 e 70, com 7, 8 e 9 golos – quando não mais. E é bom ver que as equipas ainda podem jogar à bola por prazer – lá está, como a gente jogava nos iniciados. E se ainda há tempo para jogar, então ainda dá tempo para se fazer mais um. E foi isso que eu vi ontem. Jogadores que jogam o que sabem e que o fazem porque gostam. Vocês fazem ideia de há quanto tempo eu não via isso no Benfica? Fazem ideia de há quantos anos eu vejo jogadores – alguns deles de bom nível – a jogar pelo Benfica como quem trabalha num escritório? Com tédio. Com má vontade. No estrito cumprimento das funções. Por mais eficazes que o fossem... não posso dizer que me enchessem as medidas. O meu sonho era jogar no Benfica, caramba! Respeitem o meu sonho.

Não posso dizer que “gosto do Jorge Jesus”. Para mim, Jesus sempre foi uma personagem caricata com métodos meio tresloucados que explicava os seus êxitos surpreendentes com expressões dignas de nota – e de sorrisos, no mínimo. E pronto, nunca tinha imaginado Jesus a treinar o Benfica. Snobeira minha, talvez. Mas ainda me custa aceitar a ideia de ter um treinador que fala pior português do que o Souness. Agora... aqui fica o meu braço, quem quiser que o torça: a equipa joga que é um regalo. Eles pressionam quando não têm a bola, eles lutam por ela, eles trocam-na, correm, passam, cruzam, brincam, rematam... Às vezes até pode dar-se o caso de não ganharem. Mas isso é outra conversa (as contas, vá lá, fazêmo-las só no fim). Mas dão gozo de ver.

Posso dizer que gosto de vários jogadores. Por exemplo, este Aimar, que fomos buscar nesta prá-época, pendurado nos calções do outro pequenino, é uma maravilha de jogador. É muito melhor do que o outro que a gente tinha comprado o ano passado. Para o ano, espero que a gente volte ao mercado para adquirir ainda outro Aimar – será candidato à bola de ouro da FIFA. E o tal pequenino? Que pezinhos, meus amigos. E que entrega e inteligência naquela frente de ataque. Mas quem mais me tem encantado tem sido aquele que comanda tudo, lá atrás: Xaví Garcia, esse mesmo. Uma parede que abre os braços e faz recuar 11 dos deles, para além de fazer avançar 7 dos nossos. É obra. Melhor que isto só aquele senhor da Bíblia, que abria os braços e, com o gesto, abria também as águas. Não se tratando de pólo aquático, a intervenção de Xaví parece-me adequadíssima. Para além deste espanhol, tão desvalorizado pelo RM Galaxy, tem-me encantado também aquele franzino, carote na aparência, franzino na figura, mas imponente no jogo jogado. Ramires: ele corta, corre, distribui, dobra os colegas, surge a rematar e, se o guarda-redes não segura, estou certo de que será o primeiro a fazer a recarga.

E não me alongo mais com isto. Tão trés content que je suis, já devo estar a meter nojinho ao adversário. E aos do sportém também. As minhas desculpas. Foi pena, realmente, aquele golo sofrido...