Sunday, June 29, 2008

E no final...

O senso comum teria dito, ganha a Alemanha. Outros, que sim ganha a Alemanha porque foram eles que eliminaram a selecção portuguesa, era... mas não. Pode-se ainda vislumbrar a teoria do ano bissexto, anos de grandes acontecimentos, hecatombes enfim. Só que, todos os Euros acontecem em ano bissexto. Então e a gente não percebe nada disto? É, parece que prognósticos é melhor no fim do jogo, que coisa, tanto gozaram o homem e ele estava era carregado de razão, afinal o raio do esférico é mesmo redondo, e vimos a Croácia dar cartas para ser eliminada pela Turquia, na lotaria do desempate por pontapés da marca de grande penalidade, é certo, mas inglório de qualquer forma. E a Croácia fez surgir uma nova regra, as selecções que fizeram o pleno de vitórias na fase de grupos caiam - lá foi a Holanda, mas... e não é que a Espanha arrasou uma Rússia cujo jogo contra a Holanda tinha sido brilhante? Pois, mas tinha de enfrentar o calculismo alemão - afinal a Turquia foi ingloriamente eliminada por uma Alemanha que rematou 3 vezes à baliza e marcou 3 golos(!!!) - e ainda por cima, a Espanha era a única selecção que sobrava da maldição do pleno na fase de grupos. E das outras maldições - para ser franca, eu acho que isto foi tudo provocado por um apostador de enorme malapata, que deu cabo da sua vida e da de milhares de outros apostadores, uma epidemia de azar, isso sim. Até para os gregos, que por um triz nem um golo teriam marcado - também não pode ser tudo mau :)

E não foi, no final ganhou a Espanha e um futebol bonito de se ver, não era a organização da Holanda ou da Rússia, mas capacidade de dar a volta à adversidade, a tal criatividade, ou então, a Senhora de Guadalupe, ou alhos no balneário...

Friday, June 27, 2008

Fazer contas


Não sou muito bom a matemática. Aliás, confesso que não sou muito bom a nada, a não ser a rodar os polegares um no outro, com os dedos entrelaçados. Nisso, sou top. Se houvesse um ‘campeonato europeu de rodar os polegares um no outro com os dedos entrelaçados’, garanto que não ficaria pelos quartos-de-final. Mas adiante.

Tenho lido que o Carlos Martins vai custar 3 Milhões de Euros ao Benfica. Ora mesmo não sendo um espada a matemática (ou quiçá precisamente por isso), fiquei aqui a remoer… Se o Huelva pagou 1,5 M € por 40% do passe do Carlos Martins, tendo o jogador ficado com 20% e o Sporting com os restantes 40%, ao vendê-lo por 3 M €, a divisão da cheta ficaria:
- 600,000 € para o jogador
- 1,2 M € para o Sporting
- 1,2 M € para o Huelva?

Hmmm…
Sabendo que isto é tudo gente de bem, então só posso concluir que:
- O futebol espanhol só desvaloriza um jogador, mesmo que jogue quase todos os jogos pelo seu clube, marque golos, faça assistências e seja uma das revelações da liga.
- O Huelva está nisto para perder dinheiro e os seus dirigentes são tão bons a fazer negócios como os do Sporting;
- O Benfica comprou finalmente um jogador barato, depois de ter pago 4 M € por 100 % do passe de um internacional da Guiné Equatorial mas ficando o Real Madrid com 50% do valor de uma eventual transferência (Pois. Foi explicado desta maneira n’A Bola);

Qualquer outra conclusão seria sempre atentar, directa ou indirectamente, contra a verticalidade do Benfica. E isso não, porque todos sabemos que é gente séria…

Devíamos era ter ido buscar o André Carvalhas quando podíamos. Parvos.

Tuesday, June 24, 2008

Deus não dorme...


(Ide fazer a chuva. E a seguir, substituem-se os martelinhos e a merda dos alhos pôrros por matracas e pés de cabra.)
A verdade é que Deus não podia deixar passar a desfeita em claro. A chuva de ontem não passou de lágrimas vertidas pelo Senhor. Já se sabe, quando há Cebola metida ao barulho, a malta torna-se sentimental. E isto não fica assim! As sardinhas haviam de estar estragadas e devia ter ter caído um raio, mas daqueles raios à séria, como havia no tempo em que Deus entrava em filmes como o Ben Hur, em cima da Torre das Antas. E mais: se Deus não estivesse emocionalmente abalado, havia de lhes ter chovido de tal maneira na banheira dragoa que o Rodríguez para assinar o contrato teria de pôr a touca de borracha! Isto não fica assim, meus amigos... Era o que mais faltava, passar a vida a chatear-me a cabeça!...

Wednesday, June 11, 2008

Vivó Euro!

Como o tempo passa… Ainda há umas horas estavam os helicópteros das 3 estações nacionais num corrupio a filmar a saída do avião da selecção nacional para a Suiça e agora já todas as equipas presentes na final do campeonato da Europa já se estrearam. A umas correu melhor que a outras, ainda que a ‘procissão esteja no antro’. Mas também é verdade que, mesmo correndo o risco de deduções precoces, há já alguns bitaites a mandar:

O candidato. De todos os jogos que vi houve uma equipa que verdadeiramente me impressionou: A Alemanha. Pela amostra, ou muito me engano ou aquela máquina que ajudou a definir o conceito de futebol no final do século passado (‘são onze contra onze e no final ganha a Alemanha’) voltou. Goste-se ou não, é impossível ficar indiferente a um modelo de consistência e eficácia, idêntico àquele que há 15-20 anos, punha em sentido todo o Mundo do futebol: Antes havia Brehme, hoje há Lahm. Onde estava Littbarski, está agora Frings. Para o lugar de Moeller, há Ballack. Em vez de Klinsmann, há Podolski. E no banco está agora um treinador que apesar de não ter sido dos mais mediáticos naquele tempo, era um competente elemento dessa geração e que, pelos vistos, aproveitou para tirar bons apontamentos no caderninho. Claro que o futebol da Alemanha não é excitante como o da Holanda, nem tecnicamente dotado como o Português, mas mesmo contra um adversário medíocre como a Polónia, que apenas obtém elogios da boca do senhor Scolari, a Alemanha impressiona pela competência e pela sobriedade.

Os outros. Por falar em candidatos, não é por ter sido despachada pela Holanda com aquela ligeireza que deixo de ter a Itália no meu top de preferidos. Abanou um bocadinho, é verdade, mas não caiu. A Holanda, por outro lado, se já a tinha em boa conta, agora ainda estou mais convencido. Sabendo que um dos finalistas vem dos grupos 1 ou 2 e o outro do grupo 3 ou do 4, num exercício zandínico de futurologia, vejo uma Alemanha-Holanda a repetir a final de 88, ou um Alemanha-Itália a repetir a final do costume.

O outsider. ‘Então e Portugal?’ Perguntam, indignados, todos aqueles que me lêem lá da Suiça e do Luxemburgo. Pois é… À falta de outras razões para controlar a euforia sobre uma eventual chegada à final por parte da selecção portuguesa, aqui vai uma razão de peso: Possivelmente teríamos que enfrentar os alemães antes de lá chegar. Da mesma maneira que não podemos considerar os espanhóis candidatos apenas por terem espetado 4 nuns surpreendentemente vulgares russos, também não é a Turquia que valida Portugal como candidato ao que quer que seja. Nem uma hipotética e esperada vitória daqui a nada contra uns checos em curva tão descendente que até já aderiram ao catenaccio. Temos qualidade, mas também temos defeitos que seguramente outras selecções serão capazes de revelar. A histeria em redor da selecção continua a ser absolutamente acéfala e desmedida, apenas justificada por um processo de catarse que pouco tem a ver com o fenómeno futebolístico porque, futebolisticamente, não há assim tantas razões para o clima de euforia à volta da selecção e de todos os prognósticos excessivos. E não pode ser um Cristiano Ronaldo que joga numa posição diferente da que joga em Manchester e sem Rooney nem Tevez ao lado, que legitima toda esta insanidade colectiva. Portugal é um outsider na luta pelo título. Com mais possibilidades que a maioria, é certo; E muito mais possibilidades do que tinha a Grécia em 2004, ninguém duvida, mas ainda assim um outsider.

Gin tónico. Falando em Ronaldo: há uns anos, bastou-me ter encharcado uma vez de tal maneira em gin tónico que até de escrever estas 2 palavras ainda hoje fico com tremuras. O Ronaldo está a começar a fazer-me o mesmo efeito. Á conta de até me cair dentro do prato da sopa, corro o risco sério de criar uma aversão hepática ao rapaz e a tudo o que tem a ver com ele. Até ás mamocas da Nereida, vejam lá …

RCP. Contribuindo para este enfarte, o Rádio Clube Português, tem todos os dias uma emissão de algumas 4 horas a começar ao final da tarde sobre o Euro e, em particular, sobre a selecção. Durante esse período, os jornalistas e enviados-especiais fazem directos de pastelarias de emigrantes, conversam com presidentes de ranchos folclóricos de emigrantes, entrevistam treinadores de clubes de emigrantes da IV divisão Suiça e convidam fadistas emigrantes para tocar no programa. Para além de passarem toda a conferência de imprensa de Portugal e analisarem jogos e resultados até á exaustão. Em dia de treino aberto ao público, o RCP transmite-os em directo e fazem vox-pop com os emigrantes. Entre peças e directos, concedem também espaço à interactividade, deixando pertinentes perguntas de cultura geral no ar para responderem após o compromisso publicitário, num jogo perverso com a curiosidade do ouvinte: ‘Qual o único país dos 16 representados no Euro que não acaba na letra ‘A’? Voltamos já a seguir’. Em 104.3.

Emigrantes. Já que falamos neles, nestes últimos dias não me tem saído da cabeça a letra da canção ‘Emigrante’, de Manuel João Vieira:

‘Emigrante, emigrante
Por onde é que tu andaste?
Emigrante, emigrante
Porque é que tu voltaste?’

Para a próxima, apoio o Azerbeijão à organização do Euro.

Friday, June 06, 2008

Comunicado do Diego

Eu publiquei isto num comentário do post abaixo. Mas parece que o melhor é torná-lo público e notório. Aqui fica. Pardon my french... Nunca fui emigrante lá na Suíça nem lá na França...

"DISPENSO tudo o que, neste momento, diga respeito à "selecção". Do Tony Carreira às cuecas do R7, dos pulinhos da Maria Amélia ao misterioso caso de "quem será o guarda-redes titular", dos avecs com cachecóis, bandeiras, soutiens e apitos e colchas e centros de mesa e santinhos e mais o c****** com a bandeirinha du Porrtügal made in China. Ok? Já não os posso ver, ouvir, ler... Amanhã vou, calma e serenamente, assistir ao meu República Checa - Suíça e torcer contra os anfitriões. Mais à noite, se tiver tempo, ainda vejo se está a dar bola na TV."

Entendido?

Tuesday, June 03, 2008

Por mim, vinha antes o Lucho...

Detesto que me interrompam a sesta. Principalmente a de Domingo à tarde, depois das favas com entrecosto. Fico mal-disposto e rabugento. Ou melhor, fico mais mal-disposto e rabugento do que é costume. A sesta é uma instituição ancestral e transversal a todos os credos, cores e classes sociais, com uma dimensão democrática que poucas outras instituições se podem gabar. Não merece por isso ser desrespeitada de forma leviana. Muito menos para me contarem que o Postiga foi contratado pelo Sporting.

Primeiro julguei que fazia parte do sonho, a parte má imediatamente a seguir às raparigas semi-nuas que pululavam à minha volta a abanar a anca durante a sua dança do ventre. Mas é muito raro nos meus sonhos entrarem almofadas com poças de baba, por isso rapidamente acreditei que já não dormia e pensei que se tratava apenas uma piada de muito mau gosto.

Perante a veemência da afirmação, quis saber mais. Procurei em todos os canais da televisão, liguei a amigos, sintonizei a rádio. A verdade é que, mesmo parecendo que notícia se confirmava, continuava a ser uma piada de mau gosto.

Depois de muitos litros de aguinha com açúcar, e uma vez recomposto do choque, houve dois aspectos que me deixaram (e ainda deixam) surpreendido:
- O Sporting quis comprar um jogador (praticamente) dispensado de um rival directo;
- O Porto quis vender um jogador seu (mesmo dispensável) a um rival directo;

Sem analisar a qualidade do negócio, continua aqui a residir a parte estranha: Ter sido realizado por 2 rivais directos, algo que era absolutamente inimaginável até à hora das favas com entrecosto, num momento em que não há uma aproximação política evidente entre ambos os clubes, como aconteceu no reinado Roquete. Finalmente, e ao contrário das trocas Costinha e Peixe/ Rui Jorge e Bino (ou mesmo Clayton/ Ricardo Fernandes) que foram uma espécie de troca de dotes para materializar uma união de facto ao mesmo tempo que se limpa a casa, aqui há uma racionalidade económico-desportiva que se sobrepõe à paixão com que a maioria das decisões que envolvem rivais directos são normalmente tratadas.

Sempre pensei que a passagem de antigos jogadores para funções de dirigentes poderia ter o efeito positivo de contribuir para novas atitudes na gestão desportiva dos clubes (e SAD’s), facilitado pelo facto de, muitos deles, terem sido colegas em clubes e na selecção e de haver um conhecimento pessoal que facilita uma aproximação profissional. Não sei se terá sido o caso, mas como sportinguista, não me incomoda que o Sporting compre um jogador ao Porto, desde que seja uma mais-valia evidente, nem mesmo que lhes venda um jogador desde que tire claros proveitos. Com o Benfica é que nem pensem nisso...

Mas não deixo, no entanto, de reconhecer coragem aos dirigentes e equipa técnica do Sporting em contratar a um preço alto um jogador que, mesmo sendo internacional, não interessa a um rival directo, correndo o risco de ser interpretado que um (potencial) dispensado do Porto tem lugar na equipa do Sporting. Mesmo a posição do Porto, na qual abdica de um jogador formado nas suas escolas e que, embora dispensável, pode começar a vir a marcar golos que nem um maluco por um rival directo quando podia vir a ser vendido pelo mesmo preço a outra equipa qualquer, também acarreta algum risco e, por isso mesmo, também me parece claramente um sinal de evolução.

Claro que toda esta treta é à condição de que o Postiga se desenrasque no Sporting e que o Diogo Viana nunca passe de um jogador banal. Se o Postiga não vingar e se o Viana se tornar num novo Futre, tudo isto foi uma péssima ideia e esta gente já devia saber que não se devem fazer negócios com ciganos.