Wednesday, April 30, 2008

Eis a minha lista!

Eu andei aqui a raciocinar. E descobri um tema maravilhoso para a gente debater, uma vez que este campeonato está a ter a emoção que se sabe. Por que não falarmos de arbitragens, hum? Parece-me um assunto interessante.

A recente visita do Vieira lá à cena da Liga dos árbitros e não sei quê para fazer queixa da lucilinha começou por ter, para mim, uma aparência caricata. O parvalhão do presidente do meu estimadíssimo e orgulhoso clube mais uma vez a fazer de peixeira a propósito de uma devassa qualquer que descolora o cabelo à Herman José?! Risível... Entretanto, porém, pus-me a matutar e acabei por concluir que se trata de algo mais profundo do que uma mera quezília de costureiras com falta de meias para coser. Tentem seguir o meu raciocínio - eu sei que alguns podem ter dificuldades, mas esforcem-se. Então, o Vieira foi, fez a queixa, apresentou "documentos" e "provas" e comparou situações e elaborou acusações?... Eu se fosse a lucilinha não ficava contente com o Vieira, em pessoa, nem com o Benfica, "instituição" gerida pela referida pessoa. Não só não ficava contente como ficaria, inclusivamente, magoado! A vaca da lucília é uma porca sensível. Eu, no lugar daquela rameira de ancas largas, da próxima vez que apanhasse em campo o Glorioso, entalava-o bem entalado - sort of speaking... referia-me à lucília no papel de "árbitro", não me passou pela cabeça referir-me às suas actividades pós-laborais. Convenhamos, do ponto de vista da moral vigente entre as colegas de profissão desta enormíssima cabra, tal atitude é mais que legítima: trata-se de uma questão de honra, de dignidade e de reposição do bom nome - ou, em português corrente, uma vingançazinha à filha da puta.

Posto isto, e tendo em conta que lá na cena dos árbitros da liga lá daquela comissão não sei quê nem todos são acéfalos, alguém haveria de lembrar-se e exclamar "epá!... E agora? Eu não volto a nomear a nossa lucília para apitar o inimigo... ainda dá merda e depois como é? Temos de aturar o Vieira outra vez? Não contem comigo...".

Ou seja, eu traduzo: assiste aos clubes o direito de apresentar queixas ou "reclamações" junto da comissão lá da liga e assim. Vem lá nas regras e tudo. E isto a mim parece-me meio ridículo. Porquê? Porque olhem, os telefonemas para o Pinto de Sousa a dizer "epá, esse gajo não, que ele só nos entala... sort of speaking..." são proibidos. Mas, na prática, este tipo de queixa prevista na lei, olhando para o processo como um todo e calculando o desfecho previsível - o afastamento destas cadelas, destas putéfias de futuras nomeações para determinados encontros -, permite aos clubes que façam exactamente o mesmo que fariam ao telefone com o Valentim Loureiro ou com o outro: escolher os árbitros dos próprios jogos. Am I wrong?

Ora, se isso é assim, vamos pôr já mãos à obra: vou fazer aqui uma listinha, caros cabeçudos aí da liga, que é para vos poupar trabalho. Agradecia que estes senhores não voltassem a pisar relvados ao mesmo tempo que os jogadores que enverguem a Digníssima:

-lucilinha
-Paulo Costa
-Olegário Benquerença
-Augusto Duarte
-Elmano Santos
-Jorge Sousa
-Paulo Baptista
-Pedro Henriques
(este.. ainda pode ter uma segunda oportunidade).

Solicito aos leitores que façam correcções e acrescentos à minha lista. Solicito também aos analfabetos dos outros clubes que elaborem listas visando o mesmo objectivo - só que a vosso favor.

Tuesday, April 29, 2008

11x2 - As escolhas da época

Esta coisa do FCP acabar o campeonato mais cedo torna tudo mais aborrecido. Desde há algum tempo entretenho-me a analisar esta época e a lançar a próxima.

Gostaria, junto dos frequentadores deste blog, sei que alguns ainda estão a verificar os penaltis, livres e cartões, se a sogra do cunhado teve alguma influência no comportamento do árbitro e essas minudências, mas se pudessem, nos intervalos, dar a vossa opinião…

Melhor 11 Nacional da liga (Scolari, não vale copiar!)

Quim

Bosingwa

B.Alves

Sereno

Jorge Ribeiro

João Moutinho

Raul Meireles

Rui Costa

Quaresma

José Pedro

Bruno Gama

Tive de aldrabar no ponta de lança porque simplesmente não temos…

Melhor 11 de Estrangeiros da liga

Nilson

Janicio

Polga

Geromel

Fucile

P.Assunção

Ghilas

Lucho

Cristian Rodriguez

Lisandro

Liedson

Campeonato Moral (ou como a classificação deveria ser se a justiça divina lançasse sarças ardentes sobre os ímpios)

1º Setúbal

2º Guimarães

3º Porto

4º Académica

5º Belenenses

6º Sporting

7º Leixões

8º Paços de Ferreira

9º Todos os outros

Treinador do Ano

Carvalhal (não gosto muito mas tenho de reconhecer que não é qualquer um que pega num clube em dificuldades, com jogadores daqui e dacolá e monta uma equipa).


Vinhas

Wednesday, April 23, 2008

Não lhe mudava um acento

"Há quem admita que o FC Porto possa facilitar a vida ao Guimarães (...). Normalmente (...), este tipo de ideias peregrinas tem origem precisamente nos clubes que passaram o campeonato inteiro a facilitar a vida à equipa de Manuel Cajuda."

Jorge Maia in O Jogo, 23/04/2008

-Ainda vou voltar a este assunto. E não será para me queixar que o folcuporto abriu as perninhas para os vitós passarem.

Monday, April 21, 2008

Os Outros

Eu costumo escrever sobre os males da minha equipa e mandar recados ao treinador do Benfica, aos jogadores e ao presidente. Ando nisto há uns três ou quatro anos e, feitas as contas, ninguém me liga nenhuma. Por isso, hoje vou falar dos outros. Pronto. Ah, e é possível que mande gente à merda e coisas assim do género. Ultimamente ando muito impulsivo e não posso responder por mim.

Para começar, com o mal dos outros posso eu bem. Aliás, muitíssimo bem. Mais, regozijo-me com o mal dos outros. Sócrates defendia que só o oposto permitia a ampla definição e consequente percepção de um fenómeno. Só conhecerás o bem se conheceres o mal, o prazer se conheceres a dor, o preto se souberes o que é o branco, e por aí fora. Eu vou mais longe que o Sócrates: só conheço o meu bem se os outros estiverem mal. Senão, estando todos nós bem, não estou bem pôrra nenhuma. Se a gente não se diferencia, não é, como é que eu sei se estou bem, se olho para vocês, meu bando de retardados, e vos vejo felizes? Isto não é assim que funciona, senhor Sócrates. Ponto um, que é inegociável: no futebol, eu só conheço o bem se os outros estiverem mal.

O meu problema aqui é esses "outros", que cada vez mais assumem uma identidade transitória ou, indo mais longe, mutante. Uso o termo "mutante" porque uma pessoa associa um "mutante" a uma cena feia, disforme, mal-cheirosa e não sei quê. E ranhosa. Portanto, uma tixa. Só que em mutante, que é ainda mais feia, disforme e mal-cheirosa. E ranhosa e não sei quê. E já lá vamos, estou só a engonhar. A introduzir, digamos.

Eu sou do tempo em que os matrecos eram Benfica - sportém. Mainada. Um gajo era puto e nascia ou do Benfica ou, com algum azar, do sportém. Quando ocorria este segundo caso, havia sempre um primo mais velho que tentava, à custa duns carolos e duns cromos do europeu ou do mundial, encaminhar a criança. Quando esta se revelava demasiado obtusa, a malta desistia e dava-lhe uma alcunha esquisita, toda loser. O que não faltam aí é nelinhos e derivados. Depois, havia uma terceira alternativa: malta que nascesse nos subúrbios de Matosinhos, por vezes, nutria uma paixão injustificada por um tal de folcuporto. Mas a esses não dava para tentar rectificar, porque estavam longe e falavam com uma pronúncia estranha e bês em tudo quanto é lado. Mas "esses" também não chateavam ninguém e suspeito que mesmo lá no buraco deles, se queriam jogar matrecos, tinham de escolher entre o Benfica e o sportém, como as crianças normais.

Nesse tempo, eu torcia pelo Benfica, com toda a paixão, e contra o sportém, com uma pontinha de nojo e aquela superioridade explícita e justa com que deus dotou todo o benfiquista. Nesse tempo, se o folcuporto jogava na Europa, eu achava imensa piada e puxava por eles como se se tratasse do Vitória de Setúbal ou da Académica. Por exemplo, quando o folcuporto foi camp... enfim, quando ganhou lá cena aos alemães com os calcanhares e não sei quê, eu achei aquilo extremamente inovador, por um lado, e cómico, por outro. O folcuporto tinha esse encanto para mim: tinha um presidente que falava devagar e esquisitamente e dizia piadas muito rebuscadas; tinha um capitão de equipa que falava tão mal que não se percebia; e tinha um treinador que falava bonito, mas que também não se percebia. E ganhava jogos com os calcanhares. Não é o máximo? Eu acho.

Não me apercebi, nesse tempo, que aquilo era apenas o princípio da tal mutação. Estavam a nascer os novos "outros". Porque a gente, à segunda-feira, encontrava-se na escola e dizia "atão? Os 'outros' lá levaram mais 3 do Covilhã... eh eh eh" e pumba, o Paulinho das Calças ia para o meio da roda e levava boladas para assinalar a ocasião. Ou então "epá, os 'outros' estão a quantos de nós? 8 pontos? Isto 'tá perigoso..." e continuávamos paciente e cientificamente a espreitar pela fechadura da casa-de-banho das raparigas - o Tiquinho, irmão do Nelinho, ficava de guarda, não fosse aparecer a shô-contina. E, enquanto nos distraíamos numa alegria pré-púbere, com a inocência de quem descobre coisas novas, quer nos quiosques onde, até então, apenas A Bola era motivo de interesse, quer em casa da Clarinha, às terças e quintas-feiras, o folcuporto ia continuando a fazer coisas estranhas, como ganhar campeonatos, de vez em quando, e, mais frequentemente, uma outra caneca que eles inventaram para serem sempre eles ganhar, que era a supertaça.

Anos mais tarde, já a Clarinha era casada com um sargento da EPAM, que sofria de falta de auto-confiança, e o Nelinho começava a cumprir 15 anos no Linhó, comecei a pensar "hum... mas eu torço contra 'os outros' e afinal quem nos anda a fazer concorrência, já lá vão 18 anos, são aqueles lá de cima?!... Nah, isto tem de mudar". E mudou. A teoria comprovou-se que era séria, encarregou-se o tempo de o fazer, pois o sportém nunca mais chateou ninguém que importasse e o folcuporto voltou a ganhar taças na Europa e campeonatos e, claro está, as famosas supertaças.

Tudo corria muito bem, com extrema normalidade, de modos que a gente já nem ligava às tixas, eram apenas mais uma forma de entretenimento, semelhante à Playstation, às lutas na lama ou às despedidas de solteiro do pessoal. Não tinha importância nenhuma nas nossas vidas, fazia-nos rir e, por vezes, cometer excessos, fazer um ou outro disparate ou até mesmo pagar para ver. Os Outros eram, oficialmente, o folcuporto. As tixas eram as tixas e pronto. Os paralíticos, a turminha ou os nelinhos são outros epítetos aplicáveis ao referido grupo excursionista. Dizia eu que corria tudo muito bem, mas deixou de correr. Estava eu este domingo no meu repasto, a pensar em 10 cenas fixes para dizer hoje quando chegasse ao trabalho, só naquela, não fosse o Lisandro tecê-las... ainda mais, quando dou por mim a festejar ardentemente um golo de calcanhar de um rapaz da União de Leiria. Tenho para mim que foi reminiscência.

Aquele calcanhar, aquela pontinha de nojo pelo Tonel, aquela vontade de rir tão feliz e inocente, um certo desejo de vingança e a sensação de "bem" por oposição à noção de que "os outros" estavam mal... que mal, estavam péssimos, estavam no fundo do fundo, estavam a ser rabiados, humilhados, esmagados pelos últimos classificados, fez-me sentir um apreço pelo meu ódio ao sportém como há muito não sentia. De tal forma, que, enquanto os verdadeiros "outros" nos aviavam, sem espinhas e com algum cuidado para não estragar, duas batatas sem resposta, não consegui desfazer o semblante sorridente e nem levei a mal aos tripeiros o facto de nos terem ganho mais uma vez. Por um dia, o sportém voltou a ser "os outros". E hoje, um pouco por todo o planeta, as crianças brincam com normalidade... "Nelinho, és tu no meio"... Às vezes, a vida é tão simples.

Manual Místico para entender a equipe do Sporting

Esgotada que está a via racional para perceber o Sporting e aproveitando o acaso de encontrar numa poeirenta prateleira da minha biblioteca um livro cabalístico, entendi facultar alguma informação útil que poderá ajudar o clube a perceber a realidade e o que fazer para ultrapassar esta incoerência .

Não que acredite muito nestas coisas mas, por vezes, extinguida toda a esperança, energia e entendimento humano, nós mortais, temos de nos voltar para as questões divinas (segundo Obama ou é isso ou as armas!) que nos permita encontrar as respostas e o conforto espiritual necessário para prosseguir o caminho.

Paulo Bento – o único homem em Portugal a quem deveria ser concedida uma autorização especial para fumar uns charros no banco (daqueles jamaicanos que durassem 45 minutos!) – necessita destas informações como derradeiro recurso para não entrar já em internamento psiquiátrico.

Tudo o que se passa no Sporting é fruto de um karma mal orientado e da ausência de uma limpeza espiritual no início da época que condiciona o sucesso futuro da equipa.

Em primeiro lugar, antes de começar a época deveria a Direcção do Sporting ter regado o campo com sal novo (o sal é o símbolo alquímico do leão verde); a fumigação de todas as zonas do estádio com incenso de arruda e palha de alho era obrigatória para afastar más vibrações e proteger do mau olhado. O uso de figas deveria ser obrigatório e os jogadores obrigados a tatuarem uma no lado esquerdo do peito.

Estas providências elementares deveriam ser tomadas logo de início.

Outro aspecto, o da simbologia deve ser trabalhado.

O escudo do Sporting deve passar a ser redondo para exprimir a ideia de união. É matematicamente e psicologicamente uma experiência "irracional" além da dualidade de razão.

A numeração das camisolas terá de ser totalmente alterada. A soma dos valores das camisolas deverá ser um número primo, assim como a soma dos números dos jogadores que estão no banco deverão formar uma capicua quando somados.

Paulo Bento deverá trazer uma gravata de 33 riscas de dois tons de verde (nunca associado ao negro!) e nunca colocar os dois dedos em simultâneo nas narinas, sinal de invocação de Satã.

Necessita também de exorcizar o karma negativo produzido com a vitória sobre o Benfica (o karma negativo é produzido quando as nossas acções conduzem a infelicidade de terceiros) através de um banho em água de mina com sabão de coco.


Vinhas

Thursday, April 17, 2008

10 cenas fixes para dizer quando chegar ao trabalho

1- (a tixa) blablablablablablablablablablabla (eu) olha, eu quero é que tu te fodas (a tixa) ...nco...
2- É sempre a mesma merda. Contra os grandes, todos se agigantam.
3- No Jamor, não chorem... a jogar assim, o folcuporto mete os júniores para a segunda parte, para não ser demasiado pesado.
4- E daí, aqueles filhos da mãe ainda são capazes de meter os juvenis só para foder a cabeça aos benfiquistas e serem vocês a ganhar...
5- Nah... Vocês é tudo a mesma corja... O Glorioso é que é para abater, portanto, se eles fizerem isso dos juvenis, vocês ainda metem o onze inicial do palbento só pró folcuporto ganhar e se aproximar no número de taças do Benfica...
6- Por falar nisso... vocês agora já têm tantas finais quantas taças o Benfica tem, ãh... Estamos a crescer, seus marotos... Ainda nos apanham, lá para 2834...
7- Já disse: quero. Que. Te fodas. 'tá?
8- E só não falo na merda do penalty sobre o Di Maria porque não sou tixa queixosa.
9- Ver cena fixe n.º 1.
10- Ver cena fixe n.º 7.

PS - E esta lista de cenas fixes serve também para os comentadores deste blogue.

Wednesday, April 16, 2008

Como calar um presidente. Ou pô-lo a gritar à toa, tanto faz

O Benfica, o Benfica de hoje, faz-me lembrar aqueles putanheiros que chegam a casa de madrugada, com cheiro a perfume barato e com batôn besuntado no colarinho branco, mas que conseguem que as mulheres acreditem na sua fidelidade, entre prendas caras, promessas de dias felizes e insultos exaltados aos que diz que os invejam. O Benfica de hoje não é mais que uma mentira mal contada, uma história de engano.

Infelizmente só hoje consigo escrever sobre o que se passou na 6ª feira passada. Dizia o Domingos Paciência, no rescaldo, que um dos segredos para ter ganho ao Benfica foi ter impedido que canalizasse o seu jogo pelas laterais. Esta afirmação apenas me comprovou que não foi a Académica que ganhou o jogo: Foi o Benfica que o perdeu. Porque a ultima vez que se viu um jogador do Benfica na ala direita do meio campo adversário foi em Janeiro de 1993 e foi para tirar um número de telefone de um placard de publicidade.

O que realmente me surpreendeu neste jogo, não foi o Benfica ter sofrido 3 golos da Académica; foi não ter vindo gritar e esbraçejar, dizendo que era mais um complot internacional do Presidente do Guimarães para retirar o Glorioso do caminho que o levaria, no próximo ano, a ganhar seguramente a Champions. Pelo menos não o fez em público, com as veias do pescoço a latejar, como faz qualquer pessoa de bem que quer transmitir a sua indignação. Desta vez, cabisbaixo mas mantendo a sua habitual postura de pobre coitado, só apareceu o pequeno genial (com o devido consentimento do João Pereira) a choramingar sobre ‘os dias assim’, a bola que não entra, a nobreza de ser coitadinho. É um upgrade em relação ao dramático ‘estão-nos a puxar para baixo’, ao corriqueiro ‘é uma vergonha’ ou ao sensacionalista ‘chamem a Judiciária’, que ficaram aqui apontados no bloco para quando, outra vez de barriguinha cheia, vier a altura de invocarem a lamechice sportinguista.


Na verdade, os episódios da semana passada são o paradigma do Benfica dos últimos anos: É preferível gastar mais tempo e energias a branquear e a gritar bem alto, como se a seriedade se medisse em decibeis. O presidente do Benfica parece acreditar que se continuar a levantar suspeitas sobre os restantes, mesmo que nunca as fundamente, as pessoas se irão esquecer quando disse que apoiar um dos actuais arguidos do Apito Dourado era mais importante do que ter uma boa equipa. Ou das relações promíscuas com o Estoril-Praia, que teve interferência directa na conquista do ultimo campeonato e cujo accionista maioritário era o seu braço-direito na SAD.


Se o jogo de 6ª feira teve um mérito ainda maior do que a humilhação, foi o de nos ter ensinado como deixar que o Presidente do Benfica pare de nos ensurdecer com as alarvidades desonestas e demagogas que, de enxurrada, lhe saem daquela boca: Afinal é fácil, basta espetarem-lhes 3 na pá.

Por isso, rapazes, temos a oportunidades única de fazer calar o Presidente do Benfica até ao fim da época. E mesmo que ele invente desculpas para continuar a berrar para 'A Bola' e o 'Record' o ouvirem, pelo menos teremos o prazer de o ouvir ficar rouco. Para mim, tanto faz, desde que cheguemos à final.


Lesões ou cansaço são desculpas de mariquinhas. É pra ganhar!


Epá, também não era preciso dar meio jogo e dois golos de avanço só para mostrar que somos melhores. Um gajo que não saiba que é de propósito pode não ter um coração que aguente. Mauzinhos que vocês são, meus mariolas...

Wednesday, April 09, 2008

O grande negócio da suspeição

Desiluda-se quem pensa que o Apito Dourado ou outro qualquer processo disciplinar da Liga ou Federação têm a intenção de apurar a verdade, dignificar o futebol, proceder à limpeza de imagem ou chegar a alguma conclusão, verosímil ou não.

Tal como o Processo Casa Pia ou outra qualquer mediatização judicial, estes processos servem apenas para excitar, induzir o logro, mexer com as emoções e prender a atenção no acessório e evitar as evidências. Faz parte da nossa cultura procurar uma bruxa para queimar, quando todos nós compramos feitiços e mezinhas!

Razão teve o Dr. Dias da Cunha de afastar-se de todo este circo e não aceitar o apoio da "fauna" ligada ao negócio da suspeição! Homem que tanto critiquei na altura e a quem devo desculpas porque a sua actuação afinal foi séria e no sentido de clarificar uma suspeita e não a de fazer negócio com ela.

No fundo é um grande negócio à volta de algo que foi mimado, criado e projectado ao longo dos anos. A sua manutenção apenas serve para criar e manter protagonismos que, sustentando a mentira, suspeição e brejeiros comentários, mantém os seus projectos pessoais. Com a emergência do Apito Dourado, vemos gente de toda a espécie rebolar-se de prazer nos seus próprios comentários e análises! Uns acham óbvio que ouve corrupção utilizando o “ouvi dizer” (é a tirada preferida dos hipócritas!), insinuando saber mais do que dizem, mas que nunca serão chamados a depor sobre os seus inuendos porque, de facto, são pessoas que não sabem nada e só estão ali para alimentar a suspeita. É tão óbvia a sua ignorância que o Ministério Público nem sequer as chama a depor! Do outro lado há os que juram sobre a campa de Pedroto que é só infâmia atirada ao Presidente do Porto, o que é o mesmo que deitar gasolina no incêndio. A entourage de analistas e fábricas de notícias que não esclarecem, reproduzem o que o público quer ouvir (de um lado e do outro); não informam, apenas avolumam suspeitas e lançam na arena uma série de protagonistas judiciais que, espremendo tudo, apenas consegue levar a julgamento jogos inócuos, sem uma ponta de caso para discutir mas que são agitados como uma prova insofismável.

Chega a ser cómico ver o sorriso irónico dos comentadores da arbitragem quando falam no processo com “distanciamento”, sugerindo a culpa mas isentando a classe (não me perguntem como é isso possível); é o manter o lume da suspeição aceso à noite e o não encontrar matéria de facto nas manhãs de Tribunal; é ouvir um analista desportivo dizer – 15 minutos depois da conquista do Tri – que o Porto tem de mudar a sua forma de jogar porque há 15 anos ninguém ganha a Champions a jogar em 4x3x3! E é o chorrilho das análises e perguntas cheias de comiseração à volta dos 6 pontos para cá e para lá, neste campeonato ou no próximo (processo esse cirurgicamente conhecido dois dias antes do jogo do título, deu imenso jeito ao Porto porque estas coisas galvanizam e o resultado de 6x0 acaba por ser uma epigrafe simbólica!).

Tudo isso para que? Apenas para manter o negócio e fixar uma nódoa indelével na suspeição e de dúvida, alimentado os maus fígados de quem se sente frustrado com as derrotas do seu clube, um bode expiatório para a incompetência dos adversários e para ser habilmente manipulada a qualquer altura quando o as coisas não correrem bem. Ninguém duvida de que o Porto será sempre culpado e difamado ao longo dos anos mesmo que se prove a sua inocência!

Em resumo, o processo é só para existir não é para concluir nada; ou melhor: quanto menos concluir e mais demorar melhor. A condenação deve ser um gerúndio ad infinitum. Para manter sempre presente.

Acho bem que o Porto recorra da nota de culpa até a última instância. E que a classificação da Liga fique congelada, mesmo que represente a não homologação do campeonato, impedindo as equipas portuguesas de disputar as taças da UEFA. Não será por aí que o Porto vai emperrar e tenho a certeza de que todos os associados pensam o mesmo.

Finalmente, há que esclarecer uma coisa: Pinto da Costa é um grande dirigente. Pertence a um grupo de líderes de forte personalidade e de osmose com o clube como foram, por exemplo, Borges Coutinho e Fernando Martins para o Benfica. São identidades que se fundem com a instituição, vivem-na com a paixão e investimento pessoal e por isso são reconhecidos e têm direito a ser memória. Obviamente não é um santo como toda a escola do dirigismo desportivo português das últimas cinco décadas não o é. Tirou vantagens dos momentos de contradição do futebol português, das diferenças entre o país real e Lisboa, da guerra surda entre Benfica e Sporting, arquitectando alianças tácticas conforme necessário. Criou protagonismos internos e externos que o colocaram como um intocável exemplo de dirigismo europeu; seduziu políticos com um clube ganhador e uma imagem de um novo Portugal que não tem medo de confrontar os grandes da Europa, mostrando o que a organização e o empenhamento total num projecto pode levar. Por outro lado, os jogos e amizades que criou levaram a ruína determinados clubes e projectos que foram seus aliados; criou um discurso de cisão que por vezes raiou o demente, instalando um ódio generalista a capital, tipo terra queimada. Provocou o descalabro dirigista dos principais rivais que vivenciaram presidências inócuas, sem projecto ou moral e que resultaram no nivelamento por baixo do futebol português (talvez o seu principal crime!), encarnado um modelo que os outros clubes quiseram implementar no que o Porto terá de pior; o seu portismo exacerbado levou-o à proximidade política, terreno onde usou e foi usado, onde muita gente encostou-se para a fotografia que hoje escondem no armário.

Pinto da Costa formou-se dentro do clube, aprendendo internamente todos os passos que devem ser dados na construção de um projecto. Só assim se forma um dirigente e o progresso de um clube.

Compare-se a situação de Rui costa, lançado às feras numa “boca” do Presidente dirigida aos jornalistas com o processo de “formação” do Vítor Baía e percebam quais serão os resultados no futuro!

Daqui há dez/quinze anos estará Vítor Baía com um processo às costas para tapar os olhos a quem não vence porque pensa que não precisa de organização e estratégia.



Vinhas